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Crítica | Creed III é uma excelente estreia na direção para Michael B. Jordan

Desde sua estreia nos cinemas em 1976, Rocky: Um Lutador se tornou uma das franquias mais adoradas e cultuadas da História de Hollywood. A saga do boxeador de Sylvester Stallone parecia encerrada em 2006, mas o cineasta Ryan Coogler apostou em um surpreendente spin-off com Creed: Nascido para Lutar, que agora trilha seu próprio caminho em uma trilogia estrelada por Michael B. Jordan.

Em seu terceiro capítulo nos cinemas, o lutador prodígio filho de Apollo Creed (Carl Weathers) conta com um desafio maior ainda, já que Stallone não está envolvido no projeto após diferenças criativas com a produção. Sem o “padrinho” da franquia, Creed III acrescenta mais um desafio ao apostar em Michael B. Jordan para assumir a direção do projeto; marcando sua estreia na função. Quanto maior os riscos, maior a recompensa, e Creed III certamente se aproveita disso.

A história do filme acompanha Adonis Creed (Jordan), que anuncia sua aposentadoria do boxe profissional para se concentrar na vida familiar ao lado de Bianca (Tessa Thompson) e sua filha Amara (Mila Davis-Kent). Tudo muda quando ele se reencontra com Damian (Jonathan Majors), um antigo amigo da infância e ex-presidiário que ressurge para desafiar seu título como campeão.

Dispensando a teoria de que a franquia Creed apostaria em duelos do protagonista contra os filhos dos oponentes de Rocky Balboa (algo que ocorreu em Creed II, com o retorno da família Drago), o roteiro de Keenan Coogler e Zach Bailey é muito mais complexo. Assumindo elementos consagrados de Rocky III: O Desafio Supremo – com o protagonista confortável financeiramente e se afastando da luta – e Rocky V – com um amigo e prodígio que se converte em oponente -, o texto da dupla é eficiente nos riscos dramáticos e no desenvolvimento de seus personagens; alcançando um resultado ainda superior aos dos filmes citados.

Parte disse reside no ótimo tempo passado com a nova família Creed. A Bianca de Tessa Thompson permanece carismática e interessante, mas o núcleo enriquece grandemente com a presença da jovem Mila Davis-Kent como Amara Creed, que garante diversos momentos adoráveis e divertidos – e que se beneficiam da linguagem de sinais, considerando que Amara é muda e surda. Isso também garante uma evolução notável na performance de Jordan, que agora surge muito mais maduro e sábio como Adonis Creed, já longe de ser o jovem esquentado e agressivo do primeiro filme de 2015.

Creed III também se beneficia de um ótimo antagonista na figura do Damian de Jonathan Majors, já que oferece um desafio bem mais pessoal para Adonis. Nunca antes na franquia (com exceção do fraco Rocky V) o protagonista experiencia uma relação de amizade com a pessoa que deve enfrentar no clímax, e isso por si só oferece um sopro de ar fresco para o novo filme; além do ótimo trabalho de Majors como um sujeito que é essencialmente bom, mas com delírios de grandeza e uma compreensível batalha contra sua própria idade. O único demérito do roteiro nesse sentido é acelerar demais o tempo para Damian se tornar uma estrela do boxe, já que a transição de colega para “vilão” parece ocorrer de uma cena para outra, com pouco desenvolvimento.

Ainda assim, é uma fundação forte que possibilita uma visão potente e original para Michael B. Jordan como diretor. Mantendo o foco no drama e nas relações de personagens através de uma câmera eficiente, Jordan se revela um excelente realizador ao trazer as cenas de luta mais dinâmicas e visualmente desafiadoras da franquia; é um olhar que mira mais em Touro Indomável do que Rocky, e que explora os pontos de vista de seus lutadores de uma forma íntima e quase surreal, às vezes flertando com as “lutas inteligentes” do Sherlock Holmes de Guy Ritchie e diversos elementos de anime que o próprio Jordan taxou como inspirações em algumas entrevistas.

Movendo-se com um ritmo ágil e que compensa os clichês conhecidos do gênero, Creed III consagra não apenas o lutador de Michael B. Jordan como sua própria franquia, mas também o astro como um diretor interessantíssimo e com gigantesco potencial. Quase 60 anos depois, ainda é possível voar bem alto com a franquia.

Creed III (EUA, 2023)

Direção: Michael B. Jordan
Roteiro: Keenan Coogler e Zach Bailey
Elenco: Michael B. Jordan, Tessa Thompson, Jonathan Majors, Phylicia Rashad, Mila Davis-Kent, Wood Harris, Florian Munteanu
Gênero: Ação, Drama
Duração: 116 min

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Publicado por Lucas Nascimento

Estudante de audiovisual e apaixonado por cinema, usa este como grande professor e sonha em tornar seus sonhos realidade ou pelo menos se divertir na longa estrada da vida. De blockbusters a filmes de arte, aprecia o estilo e o trabalho de cineastas, atores e roteiristas, dos quais Stanley Kubrick e Alfred Hitchcock servem como maiores inspirações. Testemunhem, e nos encontramos em Valhalla.

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