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Crítica | Dragon Ball Z – Saga 02: Freeza

Com o término da primeira saga de Dragon Ball Z e seu dramático encerramento, a franquia criada por Akira Toriyama, já bem-sucedida graças aos mangás, foi sedimentada no imaginário popular tanto no Japão quanto fora dele (alguns anos depois). O anime rapidamente se tornou um sucesso na Espanha e, logo após no Brasil, que foi o segundo país a importar o desenho japonês. No arco de Freeza, contudo, o velho problema dos fillers alcança um novo patamar, tornando-se, inclusive, famoso dentre os fãs pela sua gigantesca dilatação temporal. Antes de adentrarmos neste aspecto, contudo, vamos à história.

Após, por pouco, derrotar Vegeta, Goku, Kuririn, Bulma e Gohan tomam para si a missão de viajar ao planeta Namekusei, a fim de utilizar suas esferas do dragão para reviver os heróis mortos na batalha contra os saiyajins. Goku, contudo, acaba partindo algum tempo depois em uma nave especialmente construída para seu treinamento. Ao chegarem no planeta alienígena, rapidamente descobrem que não só Vegeta procura pelas esferas, como o temível Freeza, tido como o ser mais poderoso do universo. Com esse plano de fundo formado, a saga procede de maneira similar à anterior, com os outros guerreiros tendo de esperar a chegada de Goku. Vale ressaltar que esta é a última vez, no anime, que temos as esferas do dragão como elemento central da trama.

A clara repetição na trama acaba soando cansativa para o espectador, ao ponto que temos de esperar duas vezes no mesmo arco para o protagonista finalmente entrar em ação. Esse defeito acaba sendo disfarçado pela diferença de tom em relação à história anterior. Aqui o sentimento de perigo é constante, aumentando consideravelmente a tensão na audiência (especialmente se considerarmos o grau de poder de Kuririn e Gohan, quem acompanhamos por grande parte da saga). Tal imersão, porém, é facilmente quebrada pelos já citados fillers que não só chegam a ocupar episódios inteiros, como dilatam ações e lutas, vide a Genki-dama de Goku ou a destruição do planeta que, ao invés de minutos, dura dias. Para termos uma melhor ideia da quantidade de material extra, basta compararmos à respectiva saga em Dragon Ball Kai, que apresenta 46 episódios a menos.

Esse grande defeito acaba dificultando a experiência de se assistir novamente a história em questão, especialmente se levarmos em consideração as produções atuais dos animes. Ainda assim, temos alguns elementos que acabam resgatando o arco, dando a ele uma chance de competir com a leitura mais dinâmica do mangá. Aqui entram os pontos chave que se mantém desde o início do desenho: a dublagem e a trilha sonora.

Após diversos episódios da saga dos saiyajins, já podíamos observar uma clara melhoria nesses dois aspectos. Os dubladores (tanto no original quanto no português brasileiro) já se encontravam mais à vontade, encontrando o tom certo para cada personagem. Mesmo Masako Nozawa, que acompanhava Goku desde Dragon Ball, e quem pessoalmente não enxergo como a dubladora ideal para o personagem já crescido, apresenta uma maior familiaridade com esta fase, trazendo entonações mais condizentes. Novamente, devo elogiar o trabalho da dublagem brasileira que continua surpreendendo e insere uma nova diversão pela sua dramaticidade.

No campo da música observamos os mesmos avanços. A repetição de melodias se mantém, mas de forma levemente reduzida. Agora temos a presença de inesquecíveis músicas que já se faziam presentes, através de arranjos diferentes, na saga anterior. Devo ressaltar o tema de Freeza que consegue captar toda a vilania do antagonista, trazendo uma distinta sensação no espectador conforme nos aproximamos do clímax. Ouso dizer que, graças a trilha, a luta final se torna a mais inesquecível de todo o anime, ao passo que temos uma considerável harmonia de imagem e som.

Esse desfecho épico de tal história acaba mascarando o notável problema dos fillers, fixando positivamente a saga na memória do espectador. No fim, porém, ainda podemos tirar uma aventura mais proveitosa do mangá, que conta com uma leitura mais fluida, além de detalhes nas expressões de personagens que não são captados completamente pela animação. Já se deseja uma experiência sonora, a segunda saga de DBZ definitivamente não deixará a desejar, sendo uma das grandes responsáveis pelo grande sucesso mencionado anteriormente.

Dragon Ball Z – Saga 02: Freeza (Japão, 1990 – 1991)
Episódios: 36 – 107
Estúdio: Toei
Dubladores originais: Masako Nozawa, Hiromi Tsuru, Toshio Furukawa, Naoki Tatsuta, Kouhei Miyauchi, Daisuke Gōri, Tōru Furuya, Naoko Watanabe, Daisuke Gōri, Mayumi Shō, Mayumi Tanaka, Mami Koyama, Ryō Horikawa
Dubladores brasileiros: Wendell Bezerra, Fátima Noya, Raquel Marinho, João Batista, Tânia Gaidarji, Luis Antônio Lobue, Alexandre Marconatto, Úrsula Bezerra, Márcio Araújo, Fábio Lucindo, Walter Breda, Alfredo Rollo.
Duração: 20 min (cada episódio)

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Publicado por Guilherme Coral

Refugiado de uma galáxia muito muito distante, caí neste planeta do setor 2814 por engano. Fui levado, graças à paixão por filmes ao ramo do Cinema e Audiovisual, onde atualmente me aventuro. Mas minha louca obsessão pelo entretenimento desta Terra não se limita à tela grande - literatura, séries, games são todos partes imprescindíveis do itinerário dessa longa viagem.

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