em , ,

Crítica | Madame Teia é um dos piores filmes do ano

Crítica | Madame Teia é um dos piores filmes do ano
Sony Pictures

Ainda é cedo para afirmar que o gênero de super-heróis está saturado, como alguns críticos especializados e parte do público sugerem. No entanto, é evidente que estão surgindo sinais claros de fraqueza. Isso não se limita apenas às recentes bilheterias de produções da Marvel e da DC, como As Marvels (2023) e Aquaman 2: O Reino Perdido (2023), mas principalmente devido ao excesso de lançamentos por ano e à qualidade inferior dessas obras.

Se o gênero de super-heróis ainda não está na corda bamba, logo pode vir a acontecer. Madame Teia, dirigido pela desconhecida S.J. Clarkson, é mais um desses filmes baratos, com roteiro fajuto e execução péssima que são produzidos unicamente para obter lucro fácil. No caso de Madame Teia, se deve ao fato de a Sony deter os direitos do Homem-Aranha e de qualquer outra variante conectada ao personagem.

Apesar dos filmes do SonyVerso – ou Sony’s Spider-Man Universe (SSMU), como também é conhecido – não terem conexão com o MCU, obras como Venom e agora Madame Teia simplesmente são ruins e só servem para que os personagens ligados a Peter Parker fiquem marcados pela mediocridade dessas produções.

Madame Teia: um dos piores do ano

Nas HQs, Cassandra Webb é uma vidente que atua como uma guia espiritual para o Homem-Aranha. Ela é uma figura bastante interessante, apresentando uma doença neurológica que lhe concede poderes de clarividência e força psíquica. Ou seja, tinha tudo para a Sony ter feito uma grande adaptação, mas não foi bem isso que aconteceu.

Na trama de Madame Teia, Cassandra Webb perdeu sua mãe ao nascer em meio à Amazônia Peruana, em uma tribo com seres bizarros que escalam árvores. Quando adulta, desenvolve poderes de clarividência e precisa guiar três jovens adolescentes – Julia Cornwall (Sydney Sweeney), Anya Corazon (Isabela Merced) e Mattie Franklin (Celeste O’Connor) – que se tornarão variantes femininas do Homem-Aranha em um futuro próximo.

O roteiro, que conta com a participação de S.J. Clarkson, diretora também do filme e que possui uma vasta experiência em séries, é ruim, não inova em nada no gênero, e não apresenta uma história original, sendo completamente genérico em suas ações. O vazio narrativo que o longa traz se deve ao roteiro não ir além do esperado, com uma origem pífia da protagonista e apenas mostrando Cassandra e as três garotas adolescentes fugindo sem um destino definido de um antagonista que elas não sabem quem

Roteiro fraco, direção frouxa

Quanto à direção de Clarkson, ela se mostra medíocre em vários aspectos, ao não conseguir imprimir um ritmo decente à história e ao desperdiçar personagens que tinham potencial para serem interessantes. Isso sem mencionar que transformou um longa de super-heroínas em uma grande aberração cinematográfica. Há cenas completamente patéticas, como quando Dakota tenta escalar uma parede ou quando as três amigas estão em uma lanchonete e decidem, do nada, ficar dançando em uma mesa ao som de Toxic, de Britney Spears.

Não há cenas de lutas no filme e as de ação, as poucas que existem, são pessimamente executadas. Um elemento que funciona, inicialmente, são as visões de Cassandra Webb, no estilo da série As Visões da Raven (2003), sempre à frente de seu inimigo e prevendo o que irá acontecer no futuro, permitindo-lhe defender-se ou fugir do vilão. Na primeira vez que essas visões surgem, até que é divertido, mas depois de duas vezes começa a se tornar repetitivo e chato, com a narrativa presa a um looping eterno.

O elenco está pessimamente caracterizado, com as personagens secundárias sendo praticamente inúteis para a trama, o que é uma pena, e com uma protagonista sem carisma algum. Por sinal, a atuação de Dakota Johnson é artificial, sem emoção, beirando ao constrangedor em alguns momentos. Isso sem mencionar o vilão Ezekiel Sims (Tahar Rahim), que é péssimo, trajando um uniforme ridículo, lembrando bastante o Homem-Libélula de Super-Herói: O Filme (2008).

Um longa adaptado de uma HQ não precisa necessariamente ser igual às histórias em quadrinhos, nem seguir uma certa cronologia de acontecimentos, mas é primordial que mantenha uma qualidade narrativa e preserve a essência dos personagens. Infelizmente, isso não acontece de forma alguma com Madame Teia. Foi, lamentavelmente, um potencial desperdiçado que compromete o futuro de uma possível franquia das super-heroínas nos cinemas .

Madame Teia (Madame Web, EUA – 2024)

Direção: S.J. Clarkson
Roteiro: Matt Sazama, Burk Sharpless, Claire Parker, S.J. Clarkson
Elenco: Dakota Johnson, Sydney Sweeney, Isabela Merced, Celeste O’Connor, Tahar Rahim, Mike Epps, Emma Roberts, Adam Scott, Kerry Bishé
Gênero: Ação, Aventura, Ficção Científica
Duração: 116 min

Avatar

Publicado por Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

John Cena quase ficou de fora de Barbie

John Cena quase ficou de fora de Barbie

Nightingale tem potencial de sobra, mas precisa de ajustes e bom senso

Nightingale tem potencial de sobra, mas precisa de ajustes e bom senso