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Crítica | O Espetacular Homem-Aranha: O Nascimento de Venom

Venom é, sem sombra de dúvidas, um dos vilões favoritos e mais icônicos do Homem-Aranha até hoje. Nascido na montanha de músculos em meados de 1990, o vilão tem a sorte de ter recebido um tratamento bastante generoso para trazer seu passado e toda sua relação com o herói.

Ao longo de quatro anos, a Marvel investiu no mistério do uniforme negro do Cabeça-de-Teia até oferecer a resolução surpreendente de que a roupa se tratava de um simbionte alienígena que estava prestes a consumir Peter Parker e toda sua força de vontade. Obviamente que o compilado que analisaremos aqui não traz boa parte de grandes histórias que marcaram essa época, afinal são mais de quarenta edições.

Embora levando a culminação da narrativa somente nas páginas finais, a Salvat trouxe esse encadernado que deve reacender a curiosidade dos fãs com a proximidade do lançamento de Venom nas telonas. Portanto, vale a pena descobrir a origem do vilão em O Nascimento de Venom.

O Amigão Nem Tão Amigo

Homem-Aranha 3 recebeu críticas duríssimas e várias delas atingiram o personagem Venom. Porém, verdade seja dita após a leitura do material original, é preciso reconhecer que fizeram um bom trabalho ao condensar toda a traumática origem do personagem.

Como disse, existe muita enrolação no compilado, oferecendo a primeira aparição pública de Peter Parker com o uniforme negro ao retornar dos eventos de Guerras Secretas. Trazendo diversas histórias dos anos 1980, é bastante interessante notar o trabalho de gírias e dos diálogos totalmente caricatos que atingiam as histórias do Espetacular Homem-Aranha.

Focando em eventos nem tão sumariamente importantes para a origem do vilão, o encadernado perde força ao apostar no arco envolvendo o Puma e seus ataques ao Homem-Aranha, apesar de trazer o impactante momento no qual Mary Jane afirma saber que Peter Parker é o vigilante mascarado.

Nota-se que o arco foi introduzido aí somente por conta desse evento, já que a narrativa é interrompida no meio para então o leitor ser apresentado a busca de Peter Parker em compreender o que há com seu uniforme graças a ajuda do Quarteto Fantástico. A edição conta com o pior e melhor dos quadrinhos da época, trazendo um monte de exposição, resoluções simples para problemas maiores e um momento bizarro fantástico envolvendo um uniforme provisório do herói.

Pela velocidade dos acontecimentos e também por conta de uma interrupção de outra edição trazendo histórias sobre a Mary Jane, novamente há um “soluço” no encadernado. Óbvio que é fácil compreender a leitura, mas esse compilado de edições quase não encaixa. Simplesmente falta material para dar organicidade para a história.

Do jeito que tudo é contado, parece que nenhum dos eventos tem peso na vida do Aranha. Ao menos, o leitor consegue ver passagens importantes como a possessão do simbionte durante a noite, controlando o corpo de Parker, apesar de nunca vermos o que o personagem faz enquanto está sob o domínio do alienígena.

A passagem simbólica da igreja, depois de uma grande luta genérica, também é um dos pontos altos da história, trazendo Parker se livrando do simbionte quase as custas da própria vida como se exorcizasse a si próprio. Há até mesmo um detalhe curioso sobre a maledicência do simbionte em deixar Peter vivo depois de ter sido expurgado.

Uma pena que a narrativa de apresentação para Venom sofra com uma falta de linearidade por escolha duvidosa do roteirista David Michelinie. Amarrando com muita burocracia, entendemos a motivação do simbionte se unir à Eddie Brock e se tornar o inimigo perfeito contra o Homem-Aranha.

O desafio que Venom propõe, por outro lado, é inconsistente. O personagem poderia ser um vilão letal já em sua apresentação, mas a Marvel joga com segurança em certo ponto. Apesar de ser uma montanha de músculos, assustador e capaz de driblar o sentido aranha, Venom é derrotado com certa facilidade depois de contar toda sua história para o protagonista.

Mal da Idade

Venom se tornou um personagem muito querido e icônico, mas certamente sua história de origem poderia ter sido melhor trabalhada tanto editorialmente na época com a Marvel que inundou a narrativa de fillers até na reunião dos fascículos que compõem esse encadernado da Salvat. Faltam pedaços da história, apesar do grosso estar aqui. E pelo o que apresenta, simplesmente não há nada demais. Retrabalhada em outras mídias, a história de origem do Venom se tornou melhor ao ser lapidada como se deve.

O Espetacular Homem-Aranha: O Nascimento de Venom (The Birth of Venom, EUA – 1988)

Autor: David Michelinie
Arte: Todd McFarlane
Editora: Marvel
Edições Reunidas pela Salvat: 252, 256 a 259, 300

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Publicado por Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema seguindo o sonho de me tornar Diretor de Fotografia. Sou apaixonado por filmes desde que nasci, além de ser fã inveterado do cinema silencioso e do grande mestre Hitchcock. Acredito no cinema contemporâneo, tenho fé em remakes e reboots, aposto em David Fincher e me divirto com as bobagens hollywoodianas.

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