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Crítica | Seinfeld: 1ª Temporada – Um pequeno passo para a sitcom definitiva

Em 5 de julho de 1988, o piloto da então nomeada The Seinfeld Chronicles era exibido nos EUA pelo canal NBC. A série era uma comédia criada pelo comediante de stand up Jerry Seinfeld e seu amigo Larry David, e se concentrava em aspectos banais do cotidiano para elaborar seu humor cínico: a força de um cumprimento de mão, o complexo significado de buscar uma amiga no aeroporto e a posição dos botões de uma camisa são apenas alguns dos “temas” que o piloto aborda.

A gênese de Seinfeld parte de experiências autobiográficas de Jerry e David, que baseiam diversas conversas do programa com situações enfrentadas por eles, além do próprio Jerry interpretar uma versão dele mesmo e o George Costanza de Jason Alexander servir como a representação de David. O vizinho maluco Cosmo Kramer (Michael Richards) também foi inspirado numa excêntrica figura da vida da dupla, enquanto a personagem de Elaine Benes (Julia Louis-Dreyfus) surge como uma combinação de diversas pessoas, tal como amigas e ex-namoradas de Jerry.

Ao contrário das outras temporadas, a primeira de Seinfeld traz apenas cinco episódios: The Pilot, Male Unbonding, The Stakeout, The Robbery e The Stock Tip. São histórias que passam longe da genialidade que a série viria alcançar no futuro, mas já começava a flertar com o humor ácido que insiste em coisinhas do cotidiano como, por exemplo, comparar o término de uma amizade masculina com um relacionamento amoroso, piada que viria a ser copiada fervorosamente por praticamente todo tipo de sitcom por aí.

Um dos elementos fortes na primeira temporada é a apresentação em stand up de Jerry, que é totalmente conectada com as ações do respectivo episódio e vai se desenrolando em paralelo com a história, graças a uma montagem simples que sugere que o protagonista baseou toda sua performance nos eventos temáticos. Tal estética viria a ser abandonada futuramente, dando mais fluidez à trama de cada episódio, mas é um recurso divertido que, de certa forma, ajuda a mergulhar no processo de criação do comediante – e como suas piadas são frutos de seu próprio cotidiano.

E sobre essas piadas, muitas vezes elas servem como longos fillers das situações centrais, como quando, em The Robbery, George volta do banheiro e simplesmente comenta “Adoro o espelho deste lugar, sempre me sinto bem olhando pra ele. Me sinto um Robert Wagner toda vez que vou ao banheiro” ou aquela que foi minha primeira grande risada com a série – em The Stock Tip -, quando Jerry reclama com o dono de uma lavanderia sobre sua camisa encolhida: “Eu não quero meu dinheiro de volta, quero que pelo menos uma vez na vida, uma lavanderia assuma seu erro”.

Ainda que curta e simples, a primeira temporada de Seinfeld é uma amostra perfeita de todos os temas e piadas que viriam a ser desenvolvidas ao ápice no futuro.

Melhor episódio: The Stock Tip.
Piorzinho: The Stakeout.

Seinfeld – 1ª Temporada (EUA, 1989)
Criadores: Jerry Seinfeld e Larry David

Principais diretores: Tom Cherones, Andy Ackerman
Elenco Principal: Jerry Seinfeld, Jason Alexander, Michael Richards, Julia Louis-Dreyfus, Wayne Knight, Barney Martin, Liz Sheridan, Jerry Stiller, Estelle Harris, Len Lesser, John O’Hurley, Ruth Cohen
Duração: 22 min (cada episódio)

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Publicado por Lucas Nascimento

Estudante de audiovisual e apaixonado por cinema, usa este como grande professor e sonha em tornar seus sonhos realidade ou pelo menos se divertir na longa estrada da vida. De blockbusters a filmes de arte, aprecia o estilo e o trabalho de cineastas, atores e roteiristas, dos quais Stanley Kubrick e Alfred Hitchcock servem como maiores inspirações. Testemunhem, e nos encontramos em Valhalla.

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