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Crítica | Wanted!

Wanted! é um mangá de volume único escrito e desenhado pelo autor de One Piece, Eiichiro Oda, e consiste de 5 one-shots (histórias fechadas de aproximadamente 40 páginas) que Oda criou no início de sua carreira. O destaque da coletânea é a inclusão do piloto do que acabaria sendo One Piece, com o capítulo Romance Dawn.

Quem conhece o renomado autor dos piratas do chapéu de palha vai se sentir em casa com este volume, tanto estilisticamente quanto por seus personagens caricatos e energéticos. Ao compilar 5 histórias curtas que foram escritas nos primeiros anos do autor, é notável a evolução do traço e da narrativa de Oda até o momento de sua primeira série profissional em One Piece, então não se assuste com a qualidade quase amadora do primeiro curta que dá nome a coletânea, Wanted, já que ela foi desenhada quando o autor ainda estava no colegial!

Nele acompanhamos a história de um proficiente cowboy chamado Gill Bastar, que é perseguido pela alma de um dos seus antigos rivais, mortos em um duelo por Bastar. Podemos perceber com a primeira história como Oda deixava passar as suas inspirações no estilo de narrativa e na forma como desenhava os personagens (e por consequências, suas reações). Caras e bocas com expressões exageradas lembram muito a de Akira Toriyama e mangás como a primeira fase de Dragon Ball e Dr. Slump.

Como Toriyama e muitos autores de mangás, Oda reutiliza alguns designs de personagens durante os pilotos para seus protagonistas ou coadjuvantes. Os primeiros três capítulos apresentam personagens principais muito parecidos um com o outro, mesmo que suas personalidades sejam bem diferentes. O modelo de herói para as primeiras histórias é bem diferente de alguém como o Luffy, se aproximando mais de um protagonista padrão de mangás dos anos 90.

Há sempre um twist na fórmula do gênero que os one-shots se baseiam. Vemos a criatividade de Oda também em se utilizar de diferentes temas e cenários para cada um. O primeiro, por exemplo, é um clássico faroeste, com cowboys munidos de armas, preparados para um duelo mortal a qualquer momento. Já no capítulo seguinte, Um Inevitável Presente de Deus, se passa nos tempos modernos, em uma típica cidade grande japonesa. Essa variação acaba compensando a falta de polimento dos primeiros capítulos, além da criatividade de Oda em criar momentos de conflito bem interessantes em situações inusitadas, como o final do segundo capítulo, onde o protagonista deverá evacuar um prédio comercial antes que um meteoro enviado por Deus caía e destrua o local.

Na terceira história, temos uma ambientação de Japão antigo, onde um monge exterminador de monstros deverá encarar um demônio que atormenta um pequeno vilarejo. Uma história simples mas com um clímax já mais bem desenhado e que mostra a evolução do traço e narrativa. E isso vai sendo incrementado na quarta e penúltima história, Monsters, onde temos um mundo mais fantástico e elaborado, que mistura western com dragões e samurais. Na história, um chifre de dragão foi roubado há muito tempo atrás. Tal objeto permite ao usuário que tocá-lo invocar um dragão, que irá destruir tudo que estiver na sua frente. Agora, esse objeto reside nas mãos de perigosos bandidos, que usarão o artefato para saquear cidades e destruí-las no processo. Uma das tramas mais elaboradas do mangá, além de termos a primeira página dupla que Oda desenhou, no clímax do capítulo.

E para finalizar, o capítulo mais esperado. Romance Dawn, um dos primeiros protótipos do que seria a ideia de One Piece. Não sendo o primeiro piloto da série (o primeiro one-shot chamado Romance Dawn escrito e desenhado por Oda foi compilado no databook Red de One Piece, já lançado pela Panini por aqui).E obviamente é o capítulo mais bem desenhado e polido da coletânea, apresentando um traço que se aproxima do característico pelo autor.

Desenhado 1 ano antes do começo da publicação na Weekly Shonen Jump em 1997, aqui temos algumas diferenças do início de One Piece, como alguns elementos de seu mundo, com os piratas sendo divididos em maus (Morgania), que saqueiam vilas e cidades nas ilhas, e os piratas bons (Piece Main), que roubam os tesouros saqueados dos Morgania. O Luffy do one-shot quer se tornar um desses Piece Main. De resto, tudo bem parecido com o que vemos no mangá final: akumas no mi, o lado negativo de não poder nadar após comer uma das frutas do demônio e o clássico  gomu-gomu no mi de Luffy, que finaliza o vilão do capítulo da mesma forma como faz no mangá.

Falando sobre a edição nacional da Panini, temos o mesmo formato (13,5×20 cm), qualidade da folha de papel jornal e lombada com o mesmo acabamento e design de One Piece, então dá para incluí-lo tranquilamente na sua coleção da série. Uma edição simples mas bem feita e com nenhum problema de impressão ou em sua tradução.

Como uma boa forma de conhecer as origens do autor e da série de One Piece, Wanted! é uma coletânea que serve mais para vermos como Eiichiro Oda evoluiu do que necessariamente pelo conteúdo em si, com histórias de premissas simples de aventura mas bem executadas e com o humor característico do autor. Assim, vai interessar mais os fãs da série dos piratas do chapéu de palha do que alguém pouco familiarizado com os trabalhos de Oda.

Redação Bastidores

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