Star Wars | 5 coisas que não fazem o menor sentido nos filmes
Star Wars para sempre mudou a história do Cinema, e da cultura pop como um todo, quando estreou em 1977. Desde então, o universo criado por George Lucas aumentou exponencialmente, seja através dos próprios filmes, ou de livros e quadrinhos. Ao longo dessa trajetória, no entanto, vimos algumas coisas que simplesmente não fazem o menor sentido - muitas provocadas pela trilogia prelúdio.
Pensando nisso, decidimos escolher cinco dessas coisas sem explicações (plausíveis) dentro do universo Star Wars. Vamos lá!
Jar Jar Binks: Senador da República
Durante a trilogia prelúdio, aparentemente, toda a Força convergiu para um único indivíduo: Jar Jar Binks. Só no Episódio I, o personagem mais odiado da saga passou perto de morrer umas 500 vezes e, em todas elas, saiu intacto (exceto o trecho da língua adormecida). O que nos leva a crer que a influência da Força seja o único motivo pelo qual esse ser tenha conseguido se eleger como Senador da República!
A criatura é evidentemente estúpida, tem zero carisma e, mesmo assim, muitos acreditaram ser uma boa ideia colocá-lo em um cargo político. Pensando bem, até que faz certo sentido, considerando a nossa realidade.
A Armadura dos Stormtroopers
Parte do motivo pelo qual os stormtroopers utilizam armadura é por questões de intimidação, claro. Mas isso não explica por que ewoks, com pedras conseguem nocautear um soldado do Império. E não estou falando de pedregulhos gigantescos e sim de pedrinhas amarradas em cordas e arremessadas! A única explicação é que os stormtroopers estejam querendo ser mandados embora por justa causa, porque cansaram dessa furada.
O Plano da Almirante Holdo
O plano de Holdo em si não é o problema aqui e sim por que diabos ela decidiu não contá-lo para qualquer um ali dentro! Poe Dameron ficou enchendo a paciência da personagem o filme inteiro e mesmo assim ela decidiu manter o segredo. E para quê? Absolutamente nada, não tem explicação, a não ser manter o espectador no suspense - algo que um corte de cena daria conta.
As roupas dos Jedi
Quando conhecemos Obi-Wan Kenobi, ele está usando trajes de pano, de cor bege, com capuz marrom. Não muito diferente é a roupa de Owen, tio do Luke e do próprio Skywalker (vamos ignorar Beru, que estava de jeans). Em outras palavras, essas são as roupas típicas de fazendeiros de umidade em Tattooine e não trajes Jedi!
A trilogia prelúdio de Star Wars basicamente fez com que todos os Jedi utilizassem essa mesma roupa, como se Kenobi tivesse lançado moda quando foi morar em Tattooine anos depois. Não faz o menor sentido!
Obi-Wan, a Dory de Star Wars
Por falar em Obi-Wan, temos aqui um típico caso de pessoa que fritou muito sob os sóis de Tattooine e acabou tendo a maior parte de sua memória apagada.
Não bastasse esquecer completamente a existência de C-3PO e R2-D2, Kenobi parece não se lembrar de Leia, aquela menina que ele viu nascer e foi levada até os Organa, pelo seu amigo do peito, dos tempos das Guerras Clônicas, Bail Organa - aquele mesmo que salvou Kenobi e Yoda de uma armadilha no templo Jedi. Realmente, o calor em Tattooine não é fácil!
10 Atores que recusaram grandes papéis em Hollywood
Alguns papéis marcaram a História do Cinema, foram atores que deram o máximo de si e nos trouxeram verdadeiros ícones, a tal ponto que não conseguimos imaginar outros atores no lugar deles. Tais papéis, no entanto, poderiam ter sido interpretados por pessoas completamente diferentes e, pensando nisso, decidimos escolher 10 desses atores que recusaram grandes papeis em Hollywood, indo desde Al Pacino, até Nicolas Cage.
Vamos lá!
Al Pacino - Star Wars
Durante o evento An Evening With Pacino, em 2013, Al Pacino revelou que poderia ter interpretado Han Solo em Star Wars, mas que acabou recusando o papel por não entender o roteiro. Um dos personagens mais emblemáticos do Cinema quase foi muito diferente, afinal, não há ninguém melhor que Harrison Ford para o papel!
Marilyn Monroe - Bonequinha de Luxo
Truman Capote, autor de Bonequinha de Luxo, queria que Marilyn Monroe vivesse a personagem Holly, mas Monroe recusou o papel após ter sido avisada que Holly poderia ter sido ruim para sua imagem.
O papel acabou indo para Audrey Hepburn e a História foi feita.
Denzel Washington - Se7en
Os roteiros iniciais de Se7en, de David Fincher, foram escritos com Denzel Washington em mente, mas o ator acabou recusando o papel do protagonista, Mills.
Em 2012, Washington revelou, em entrevista ao GQ, que se arrependeu da escolha (naturalmente). O papel acabou indo para Brad Pitt e o resultado não poderia ter sido melhor.
Tom Selleck - Indiana Jones
Indiana Jones quase teve um bigode de respeito!
Depois de assistir Star Wars, Steven Spielberg quis que Harrison Ford vivesse Indiana Jones, mas George Lucas, produtor executivo de Os Caçadores da Arca Perdida, não queria Ford em mais um de seus projetos. Selleck acabou sendo escolhido, mas teve de abandonar o projeto por ter obrigações contratuais à Magnum, P.I.. O resto, é História.
Harrison Ford - Jurassic Park
Jurassic Park quase foi um filme totalmente diferente. Spielberg queria que o Dr. Alan Grant fosse interpretado por Harrison Ford, mas o ator recusou. Sam Neill acabou conseguindo o papel de protagonista do primeiro filme.
Johnny Depp - Curtindo a Vida Adoidado
Considerando as recentes polêmicas envolvendo Johnny Depp, estamos gratos que o papel de Ferris Bueller, em Curtindo a Vida Adoidado, ficou com Matthew Broderick! Aparentemente, Depp foi considerado para o papel, junto de Jim Carrey (!) e Tom Cruise (!!!), mas John Hughes disse que escreveu o roteiro com Broderick em mente, felizmente.
Nicolas Cage - O Senhor dos Anéis
Essa dá até arrepios.
Em entrevista ao Newsweek, Nicolas Cage revelou que negou o papel de Aragorn em O Senhor dos Anéis, por causa de todo o comprometimento necessário para as filmagens. O ator, no entanto, disse que não se arrepende, porque ele pode aproveitar a trilogia como fã.
Felizmente, Viggo Mortensen ficou com o papel.
Christopher Plummer - O Senhor dos Anéis
Ian McKellen é insubstituível como Gandalf, mas seria curioso ver Christopher Plummer como Gandalf! Durante programa do Conan O'Brian, Plummer revelou que recusou o papel de Gandalf, porque as filmagens pediam um comprometimento muito grande.
Sean Connery também recusou o papel, por não ter entendido o roteiro e os livros.
John Travolta - Forrest Gump
John Travolta se arrependeu amargamente de ter recusado o papel principal em Forrest Gump, que garantiu a Tom Hanks seu segundo Oscar de Melhor Ator. Travolta, no entanto, não revelou o porquê de ter negado o papel.
Além dele, Chevy Chase e Bill Murray também recusaram interpretar Forrest.
Jack Nicholson - O Poderoso Chefão
É impossível pensar em Michael Corleone sem pensar, imediatamente, em Al Pacino. Mas quase vimos um Michael completamente diferente.
Antes do papel acabar com Pacino, Jack Nicholson foi oferecido o papel. Em entrevista ao Movieline, o ator diz ter recusado o papel por acreditar que italianos deveriam ser interpretados por italianos.
Lista | Os Melhores Protagonistas dos Games
Ao longo da história dos games conhecemos alguns personagens simplesmente geniais, que nos conquistaram imediatamente, seja através de seu carisma, ou simplesmente pelas coisas que eles fizeram. Pensando nisso, decidimos elaborar uma lista com os protagonistas dos games que mais nos marcaram. Mas antes, precisamos fazer algumas considerações.
Levamos em conta apenas personagens que tenham, de fato, personalidade, que dialogam, se emocionam e contam com um arco narrativo que vai além do "conseguir mais itens" ou do "passar de nível". Por isso, Mario, Samus, Link, Alucard e outros similarmente icônicos, lendários, personagens ficaram de fora. Óbvio que esses já citados, junto de muitos outros, são emblemáticos, além de historicamente importantes, mas eles, por si só, não contam histórias como os colocados abaixo.
Além disso, a posição de cada protagonista abaixo não reflete a qualidade geral do game em si, apenas o quão bem escritos, divertidos ou memoráveis são esses personagens. Dito isso, vamos lá e, no fim, nos deixem suas próprias listas nos comentários!
10. Aloy (Horizon Zero Dawn)
A "irmã mais nova" de todos os outros personagens desta lista só teve um game, mas nele já mostrou que não deve nada a outras franquias gigantes por aí. Aloy é curiosa, inteligente e define perfeitamente a busca por conhecimento. Horizon Zero Dawn certamente não seria nem metade do que é sem ela e isso não é dizer pouco! Desde os trechos com ela ainda pequena, até sua versão já mais adulta, nunca ficamos decepcionados com essa aventura.
9. Dante (Devil May Cry)
O que surgiu como um Resident Evil e, nos seus estágios iniciais de desenvolvimento, acabou se tornando uma franquia completamente diferente, Devil May Cry não seria nada sem Dante. O caçador de demônios "zoeiro" é a alma da franquia e, com suas brincadeiras, garante a nossa diversão enquanto detonamos centenas de criaturas demoníacas. Dante já passou por alguns maus bocados, mas isso nunca destruiu seu espírito e cada cutscene com ele é uma verdadeira maravilha, seja lutando contra um pirralho convenientemente parecido com ele, ou correndo na parede de uma torre gigante. E mesmo que sua aparência mude significativamente com o passar do tempo, sua essência permanece a mesma (DMC não conta).
8. Comandante Shepard (Mass Effect)
Shepard salvou uma galáxia inteira - três vezes. Ela, ou ele, é uma líder nata e conquistou os jogadores já no primeiro game, quando se tornou a primeira Spectre humana. Seja boazinha ou cruel, nos realmente mergulhamos no que é ser a Comandante Shepard em uma trilogia que, até hoje, se mantém como uma das melhores ficções científicas em recente memória!
7. Kratos (God of War)
Ira definiu a maior parte da trajetória de Kratos e seus gritos, inflados pelo ódio geraram muitas risadas ao longo da trilogia original de God of War. Agora, já mais velho, ele aprende o que é ser um pai e como deixar toda essa ira para trás. É um personagem fascinante, que ainda dá arrepios quando alguém tem a péssima ideia de mexer com sua vida. Seja escalando o Monte Olimpo, ou remando por lagos e rios nas terras nórdicas, o deus da guerra sempre ocupará um lugar em nossos corações.
6. Lara Croft (Tomb Raider)
A 'nova' Lara Croft comeu o pão que o diabo amassou nos dois recentes games da franquia Tomb Raider. Mas o que realmente a define como uma das melhores protagonistas dos games é a sua sede por conhecimento, sua vontade de encontrar artefatos ou locais perdidos ou esquecidos pela História. Lara é implacável e nos faz acreditar que realmente ela é capaz de fazer todas aquelas peripécias. Mesmo sendo mais séria, não há como não se divertir com suas aventuras.
5. Joel e Ellie (The Last of Us)
Em termos de protagonismo, Joel e Ellie funcionam como um único personagem - um funciona como catalisador de mudança no outro e a história do primeiro The Last of Us não existiria sem um deles. Pegando tudo o que aprenderam na franquia Uncharted, a Naughty Dog criou uma dupla não menos que incrível, desenvolvendo uma relação de pai e filha inigualável. Joel e Ellie certamente se completam e é isso que os torna inesquecíveis.
4. John Marston (Red Dead Redemption)
O ex-bandido (dependendo de suas escolhas em Red Dead Redemption) mais educado do Velho Oeste, John Marston só queria viver em paz com sua família, mas o governo, infelizmente, tem outros usos para ele. Fruto dos excepcionais roteiros da Rockstar, Marston sempre nos diverte nos diálogos, seja sendo um perfeito gentleman, seja soltando uma bela de uma ironia quando o momento pede.
E não vou nem falar sobre o final do game.
3. Geralt de Rívia (The Witcher)
Obviamente o Geraldão não poderia faltar nessa lista! Geralt andou nas sombras na maior parte de sua "carreira" nos games, com os dois primeiros The Witcher sendo reconhecidos pela críticas, mas sem alcançar o merecido sucesso de vendas. Felizmente, ele não conseguiu se esconder quando chegou The Witcher 3, que mostrou a todos o porquê de Geralt ser um dos melhores personagens dos games.
Com ele não tem papo torto, ele vai direto ao assunto (exceto quando banca uma de Don Juan, ou está jogando Gwent) e pode ser tanto uma figura temível, quanto amigável. Geralt é durão, mas extremamente carismático e uma coisa é certa: não se meta com ele.
2. Big Boss/ Solid Snake (Metal Gear Solid)
Tanto Big Boss, quanto Solid Snake são verdadeiras lendas. Dos primórdios da franquia, no fim dos anos 1980, passando pela sua reinvenção em Metal Gear Solid, até The Phantom Pain, a jornada de Snake foi recheada das sandices de Hideo Kojima. E não há como negar: Snake é grande parte do motivo pelo qual aguentamos histórias extremamente complexas, preenchidas por clones, ninjas ciborgues e La-Li-Lu-Le-Lo (que até hoje não sabemos ao certo o que é). Triste constatar que, no fim, foi a própria Konami que 'derrotou' Snake. Snake? SNAAAAAAKE!!!
1. Nathan Drake (Uncharted)
"Grandeza a partir de pequenos começos". O lema de Sir Francis Drake perfeitamente se aplica a Nathan. Através da franquia Uncharted, a Naughty Dog se tornou o que ela é hoje, tendo possibilitado, inclusive, a criação de The Last of Us.
Não há como não amar Nate desde os minutos iniciais do primeiro game - carismático e engraçado, ele transforma o que seria um momento extremamente tenso em algo puramente divertido. Seja cair de um avião sem paraquedas, ou escalar um trem prestes a cair em um precipício, não tem tempo ruim para Nathan Drake. e o melhor de tudo é que ele consegue fazer essas coisas (sem morrer) por pura sorte!
Nathan é um personagem inesquecível, uma mistura de Indiana Jones com Han Solo, e mais humano do que a grande maioria dos outros da História dos games - fruto de uma excelente captura de movimento, dublagem e roteiro. Sem dúvidas não hesitaríamos em pular em mais uma aventura com ele, que, de quebra, ainda conta com um dos melhores temas musicais dos games.
Crítica | Uma Noite de Crime: Anarquia - Continuação sem Sal
Quando a Blumhouse lançou Uma Noite de Crime nos cinemas, já era bastante óbvio que eles tinham uma franquia em suas mãos. Essa criação do diretor e roteirista James DeMonaco conta com potencial praticamente infinito e, nas mãos de alguém competente e minimamente criativo, poderia subverter o subgênero slasher em algo inovador e profundamente divertido. De fato, foi exatamente isso o que vimos no episódio Look Who's Purging Now, de Rick and Morty. Infelizmente, o próprio DeMonaco prova não ser capaz de entregar o máximo de sua própria criação, como provou no primeiro filme e torna a fazer aqui em Uma Noite de Crime: Anarquia.
Para começo de conversa, vamos contemplar o título enganoso dessa continuação: Anarquia. Não podemos considerar a fatídica noite anual como algo anárquico, visto que ela é sancionada pelo governo, ou melhor, incentivada. Portanto, resta resumir essa anarquia à presença de um grupo de resistência que aparece pela primeira vez nessa sequência, cujo líder é vivido por Michael Kenneth Williams (Boardwalk Empire). Seria, no mínimo, interessante ver a luta desse grupo contra a loucura homicida que toma conta das ruas dos EUA durante essa noite, mas o longa-metragem segue na direção oposta, reduzindo esse grupo, que mais aparece em transmissões ilegais de televisão, a um mecanismo do roteiro, um deus ex machina para lá de conveniente.
Não, Uma Noite de Crime: Anarquia, segue pelo caminho já esperado, acompanhando um grupo de pessoas tentando sobreviver as doze horas de chacina, ao terem sido forçados a ficar nas ruas, ao invés de permanecerem na segurança (?) de suas casas. Mas, novamente, não haveria problema nisso se DeMonaco soubesse construir uma história envolvente e com o mínimo de originalidade. Mesmo tomando a saída mais simples, no entanto, ele aposta na previsibilidade e em eventos convenientes após eventos convenientes, que fazem toda a narrativa exalar artificialidade.
Em geral, todo o filme mais soa como uma série de quadros de terror costurados em sequência. As situações pelas quais o grupo principal passa basicamente não se encadeiam entre si, mais parecendo fases de um videogame do que a história de um filme propriamente dito. Isso funcionaria perfeitamente bem em uma série de televisão, mas não em um longa-metragem de quase duas horas, cuja tarefa é manter o espectador sentado e atento por essas duas horas. Dito isso, a narrativa fragmentada faz exatamente o oposto, transformando cada minuto em longas horas, que rapidamente provam não serem capazes de nos fazer mergulhar nesse universo.
Não ajuda, claro, o fato de todos os personagens da obra serem extremamente rasos. À exceção do misterioso Sargento (interpretado por Frank Grillo), todos os outros não contam com um pingo de profundidade e o roteiro de DeMonaco nem se dá o trabalho de esconder isso - não há sequer um momento que nos dê informações sobre cada um deles e tudo o que sabemos, aprendemos logo nos minutos iniciais.
Não digo que um filme de terror deva perder seu foco e trazer dramas individuais que ofusquem o real objetivo da película, peço apenas que o filme entregue o suficiente para que nos importemos com o destino desses personagens, algo que Uma Noite de Crime: Anarquia não faz - de fato, não faz a menor diferença se eles vivem ou morrem, à exceção do Sargento, que conquista o espectador simplesmente porque ele é o estereótipo de herói de ação dos anos 1980, sendo praticamente imortal e infalível. Grillo, por sinal, convence como o durão da história, mesmo que tenha de ficar aturando a falação de Cali (Zoë Soul) durante todo o filme.
Não ajuda que a direção de arte, ou mesmo a direção de DeMonaco, não façam a questão de nos manter minimamente interessados ao que há em volta desses personagens. O que deveria ser um playground para todo e qualquer diretor de arte, parece extremamente ordinário, sem nenhum aspecto durante essa travessia das ruas de Los Angeles, por parte dos personagens, nos chamando a atenção. Faltou mais ousadia nessa representação da loucura libertada por uma noite, faltou o sangue pintando as ruas, o gore, algo mais perturbador que provocasse um impacto maior e, assim, chocasse o espectador de forma mais enfática.
Mas, como dito, DeMonaco também tem culpa, já que opta por planos mais fechados na maior parte do tempo, que não permitem que, de fato, vejamos muito do que há em volta dos personagens. Nas sequências de ação ele também não se sai muito melhor, trazendo planos curtos demais que nos fazem constantemente perder o fio da meada, tendo de aguardar a conclusão da cena para entendermos tudo o que aconteceu. A falta de iluminação na maior parte do filme também não ajuda e mais de uma vez confunde o espectador, seja com os personagens, seja com a própria percepção do espaço - e não me refiro a um trecho que peça um escuro maior a fim de gerar mais tensão.
Ao chegarmos nos momentos finais da projeção, ainda somos “presenteados” com um final extremamente burocrático e com belas doses de surrealismo, já que os personagens atravessam a cidade na maior tranquilidade, com DeMonaco fazendo uso da elipse, sendo que passaram o maior sufoco durante todo o restante do filme. Aqui Anarquia revela que jogou fora toda a questão do grupo de resistência/ rebeldes e segue pelo caminho mais clichê possível, com o personagem durão demonstrando compaixão.
Assim sendo, Uma Noite de Crime: Anarquia falha em capturar nossa atenção e prova, mais uma vez, que o diretor e roteirista não sabe aproveitar sua própria ideia. O melhor “purge”, portanto, continua sendo um episódio de Rick and Morty.
Uma Noite de Crime: Anarquia (The Purge: Anarchy - EUA/ França, 2014)
Direção: James DeMonaco
Roteiro: James DeMonaco
Elenco: Frank Grillo, Carmen Ejogo, Zach Gilford, Kiele Sanchez, Zoë Soul, Justina Machado, John Beasley, Jack Conley, Noel Gugliemi
Gênero: Terror
Duração: 103 min.
https://www.youtube.com/watch?v=XzFCDqKE4yA
Os 5 Piores Pais do Cinema
Ao longo da história do Cinema, vimos alguns belos exemplos de pais, mas também fomos presenteados com alguns horríveis. Agora, neste dia dos pais, decidimos elencar os cinco piores pais dos filmes, aqueles que deixam qualquer outro no chinelo. Porque para cada Mufasa, existe um Darth Vader.
Vamos lá!
5. Odin
Se essa fosse uma lista sobre games, então Odin certamente estaria em primeiro lugar nesta lista (joguem o novo God of War e vão saber o porquê). Mas estamos falando de filmes e, no que diz respeito os filmes do Thor, ele não é lá um grande pai.
Primeiro, ele adotou o Loki somente para ficar babando ovo do Thor, deixando o outro filho de lado, coitado (vide seus daddy issues). Para piorar, em Thor: Ragnarok, quando o Ragnarok está iminente, ele prefere passar umas mensagens crípticas para o Thor, ao invés de simplesmente dizer: olha, você é o deus do trovão, por** e não o deus do martelo.
Enfim, para alguém que é chamado de Pai de Todos, ele não passa de um velho que paga de sabichão. E já falamos que ele aprisionou a própria filha por milhares de anos? E não disse uma palavra sobre ela desde então?
4. Thanos
Thanos é o rei das visões de mundo distorcidas. Não bastasse o fato do Titã Louco querer salvar o universo da escassez de recursos matando metade das pessoas (e dos recursos), ele ainda tem a pachorra de achar que é um bom pai para Gamora - para Nebula, coitada, ele próprio sabe que é um terror. Isso depois de ter matado metade da população de seu planeta natal (incluindo os pais biológicos da Gamorinha).
E não vamos nem entrar na questão dele ter realmente a matado somente para conseguir matar mais gente. Pai do ano.
3. Ed Warren
Ed Warren, de Invocação do Mal, pode parecer um bom marido, que ama sua família, toca músicas do Elvis para eles no violão, mas por trás disso, ele é um dos piores pais de todo o Cinema! Por que? Oras, não contente em deixar os filhos sozinhos a maior parte do tempo, enquanto ele e a esposa saem para combater assombraçoes, ele ainda traz essas assombrações para casa e faz um MUSEU dentro dela. Sim, ele colocou um aviso na porta e mandou os filhos não entrarem lá, o que basicamente se traduz como: entrem ali e brinquem com a Annabelle (que, por acaso, é a pior assombração que já enfrentaram).
Então, ao invés de levar essas coisas para uma ilha deserta, no meio do Pacífico, colocar o raio da boneca em um pedestal que, se retirada, vai causar com que uma bola gigante caia do teto, ele simplesmente a coloca em um expositório de vidro. Genial.
2. Jack Torrance
Não bastasse levar a família toda para um hotel claramente mal-assombrado, com gêmeas encapetadas e corredores que se enchem de sangue, Jack Torrance, de O Iluminado, ainda faz o favor de ficar louco e tenta assassinar a esposa e o filho. Ambos sobreviveram, mas o coitado do menino certamente nunca mais vai colocar os pés dentro de um hotel.
Vamos ver como ele ficou em Doutor Sono.
1. Darth Vader
Sim, ele salvou Luke em O Retorno de Jedi, mas não antes de matar seus tios, cortar sua mão, congelar seu melhor amigo e matar vários de seus companheiros rebeldes. De quebra, ele ainda tem a audácia de tentar trazê-lo para seu lado! Isso sem falar que ele torturou sua própria filha e matou seus pais adotivos (junto de todo o planeta onde a Leia cresceu).
Red Dead Redemption 2 | 5 motivos pelos quais o novo game da Rockstar vai ser incrível
Hoje (09), a Rockstar nos presenteou com o primeiro trailer de gameplay de Red Dead Redemption 2 e, pelo que vimos nesses seis apaixonantes minutos, é que essa parece ser, de fato, a obra-prima (ao menos até o próximo lançamento) da desenvolvedora. A companhia nos entregou muito nesse vídeo, indo desde novas mecânicas, até gráficos incríveis. Com isso em mente, decidimos ressaltar alguns pontos que nos fazem acreditar que esse game não será nada menos que incrível.
Interações com NPCs
De imediato, um dos pontos que mais nos chamou a atenção em RDR 2 foi a interação com os NPCs. Não estamos falando de interações pré-definidas pelo roteiro e sim um simples, porém dinâmico sistema de reações, que vão desde cumprimentar aqueles que passam por você, até ameaçar os outros para que não fujam. Aqui é importante prestar atenção na interface do jogo, que mostra o botão triângulo (ou Y no Xbox One, provavelmente) alterando de acordo com a situação. Pode não parecer nada de mais, mas isso certamente ajudará esse universo a parecer mais vivo, com o protagonista realmente parecendo alguém cujas ações você está totalmente em controle.
Isso, claro, dialoga diretamente com cada ação do jogador tendo consequências. Ainda não sabemos o quanto a morte de determinado NPC irá impactar esse mundo como um todo, mas é de se esperar que nada saia impune nesse novo cenário da Rockstar Games.
Atividades paralelas
O primeiro RDR já era recheados de minigames e nos permitia jogar cartas, entrar em brigas de rua, duelos e muito mais. Agora parece que a Rockstar está expandindo esse fator do game e, pelo que vimos, isso deve afetar o mundo à sua volta. A caça está de volta, dessa vez mais realista que nunca, considerando a presença do arco e flecha e do simples fato do protagonista levar a carcaça dos animais no seu cavalo - além disso, teremos de procurar as presas feridas agora, com algo similar ao sentido especial em The Witcher. Os jogos de cartas também, é claro, o que deve oferecer uma boa oportunidade para aumentar a quantidade de dinheiro que carregamos. E, por fim, vimos que poderemos pescar no game, o que já provou ser uma atividade extremamente viciante em games como The Legend of Zelda: Ocarina of Time e Final Fantasy XV.
Armas
Já comentamos sobre a presença do arco e flecha no game, mas o arsenal que nos é oferecido parece ser muito maior que esse. Mas essa não é a questão principal aqui e sim que cada uma dessas armas será diferente uma da outra. Com recuos diferentes e animações de recarregar diferenciadas, o jogo parece estar investindo em um sistema de combate bem mais complexo, que vai fazer o jogador trocar constantemente entre suas armas de fogo. Não menos importante é a atenção aos detalhes, como o fato do personagem carregar o rifle em uma mão e a pistola na outra, possibilitando a troca mais rápida, mostrando que esse não é um jogo feito por amadores.
Cavalos
O primeiro RDR mudou drasticamente como os cavalos se comportam e se movimentam em games de mundo aberto e notavelmente influenciou a grande maioria dos games que vieram desde então, como o próprio The Witcher 3. Agora, a Rockstar promete investir ainda mais nesse importante aspecto do gameplay, aprofundando a relação entre nosso personagem e seu cavalo, além de fazer cada raça melhor em determinada atividade. Estamos curiosos para ver como isso irá se encaixar no jogo como um todo, mas parece que não estaremos em busca simplesmente da montaria mais rápida agora.
Gráficos
Por fim, um dos elementos que mais nos chamou a atenção foram os gráficos de Red Dead Redemption 2. Sim, os personagens estão muito bem detalhados, mas o diabo mora nos detalhes. Veja os detalhes das armas, a iluminação do game, especialmente no escuro, com os raios de luz passando por entre as árvores, a fumaça que o fogo faz e, não menos importante, as variações do tempo.
Ao que parece, RDR 2 nos entregará um clima dinâmico, com neblinas, chuva, céu nublado, ensolarado e mais. Pode não parecer grande coisa, mas isso certamente requer um belo trabalho de otimização para que, bem, o jogo rode nos consoles atuais. Além disso, é claro, essas mudanças oferecem um dinamismo muito maior no gameplay - caçar um bandido durante um dia ensolarado não é a mesma coisa que ir atrás de um em uma noite chuvosa, ou preenchida pela névoa. Um dos aspectos mais interessantes do primeiro RDR era criar nossas próprias histórias em nossas mentes e, com isso, as possibilidades são muito maiores!
Crítica | Uma Noite de Crime - Boa ideia, péssima execução
James DeMonaco, com Uma Noite de Crime, tinha uma ótima ideia em suas mãos. A premissa de uma noite, durante a qual qualquer um poderia cometer qualquer crime, inclusive assassinato, abre infindáveis ramificações, podendo ser exploradas tanto desde a via do slasher, com a diferença de que todos seriam a figura do slasher no filme; até a via do thriller psicológico, podendo abordar a violência de forma explícita ou mais implicitamente, focando, possivelmente, no impacto dela nos personagens centrais. Infelizmente, de todos os caminhos que DeMonaco poderia ter seguido, ele acaba escolhendo a via da previsibilidade, entregando um longa que não sabe se diferenciar da grande maioria dos outros exemplos de seu gênero.
Não é desde cedo que enxergamos isso, no entanto, já que o diretor/ roteirista sabe muito bem como construir esse universo de forma simples e ágil.
Começamos com James Sandin (Ethan Hawke) poucas horas antes da fatídica noite anual. Vendedor de equipamentos de segurança domiciliar, ele está no caminho de casa, enquanto descobre que foi o vendedor mais bem-sucedido do ramo nesse ano. Já em casa, sua esposa, Mary (Lena Headey) e seus filhos, Charlie (Max Burkholder) e Zoey (Adelaide Kane) estão à espera do fim da contagem regressiva para que a casa se feche e eles aguardem até que a noite vá embora.
Logo nesses momentos de tranquilidade inicial, DeMonaco vai dando indícios de quem pode provar ser um risco à essa família. Passamos a suspeitar de todos, desde o namorado de Zoey, até os vizinhos estranhamente suspeitos dos Sandin,que chegam a comentar que a vizinhança considera que os Sandin se tornaram ricos às custas deles (considerando que James vende equipamentos de segurança, era de se esperar que isso acontecesse). Ao mesmo tempo, pitadas de crítica social são acrescentadas à trama, enquanto que os filhos demonstram, neste momento, de forma mais discreta, serem radicalmente contra essa surreal política de carta branca anual do governo.
Infelizmente, essa discrição inicial do roteiro vai desaparecendo progressivamente, até o ponto do texto martelas, sempre que pode a mesma ideia repetidas vezes. O que facilmente poderia ser uma forte crítica à sociedade americana, ao racismo, o porte de armas e mais, acaba permanecendo no raso, enquanto ouvimos os antagonistas dizendo “porco sem-teto” e cosias do tipo. Menos é mais nesse e na maior parte dos casos. Não ajuda o fato da política correta ser colocada através do comportamento dos dois filhos, que mais soam inconsequentes (e realmente o são), do que defensores da justiça, parecendo portanto, como duas portas ambulantes que somente sabem colocar a família em risco.
Com isso, sentindo-se obrigado a defender o que é certo, a todo o tempo (o que não necessariamente constrói uma boa crítica social), DeMonaco acaba enfraquecendo tanto o clímax de sua obra, que é uma sucessão de anti-clímaces, quanto o próprio desfecho em si, que, ao invés de deixar pontas ou ideias no ar, acaba utilizando absolutamente tudo que foi apresentado antes, não deixando um pingo de dúvida no espectador, o que ajudaria na construção de uma ideia mental dessa sociedade. Tanto por isso, quanto pelo final relativamente feliz, tudo acaba soando extremamente artificial e não funcional além dos limites do filme em si.
Fica claro que DeMonaco é melhor em idealizar um universo do que, de fato, desenvolvê-lo. Ao longo de toda a projeção nos deparamos com algumas boas ideias, desde o educado líder dos assassinos, esperando para entrar na casa - claramente inspirado em Violência Gratuita, de Michael Haneke - até a vítima acolhida por Charlie no início do segundo ato, que funciona, indiretamente, como estopim para tudo que dá errado para essa família. Curiosamente, o diretor não sabe trabalhar com essas ideias simultaneamente e precisa eliminar uma por uma antes de efetivamente desenvolver a próxima, um excesso de linearidade que fortemente incomoda e transmite ainda mais fragilidade à narrativa como um todo.
Praticamente como se soubesse que essa frágil estrutura não seria capaz de sustentar a tensão do espectador, DeMonaco faz uso de alguns truques baratos do terror, que nada combinam com o que ele gostaria de construir aqui. Notavelmente, os jump scares soam consideravelmente aliens ao resto da narrativa, especialmente pelo fato desse filme não ter o objetivo de passar medo e sim criar uma atmosfera que nos deixe estáticos, nervosos, possibilitando o questionamento dos deturpados valores apresentados em tela.
Não ajuda que o diretor faça uso de artifícios extremamente clichês para tal, telegrafando tudo o que irá acontecer previamente, como o típico ocultamento de parte da imagem pelo rosto de um personagem, ou uma profundidade de campo que, de forma suspeita, “decide” se apresentar pontualmente ao longo da narrativa. Naturalmente que o som repentinamente fica mais alto nas cenas de susto, reiterando a falta de inspiração do diretor no desenvolvimento de seu filme.
Uma Noite de Crime, portanto, poderia, facilmente, ser muito mais do que é, mas acaba falhando em aproveitar de sua ótima premissa para construir algo minimamente diferente das dezenas de outros filmes de terror que vemos sendo lançados anualmente. Ao menos, DeMonaco conseguiu construir uma franquia em cima dessa ideia e, quem sabe, com isso, veremos alguma obra que realmente saiba a aproveitar.
Uma Noite de Crime (The Purge - EUA/ França, 2013)
Direção: James DeMonaco
Roteiro: James DeMonaco
Elenco: Ethan Hawke, Lena Headey, Max Burkholder, Adelaide Kane, Edwin Hodge, Rhys Wakefield, Tony Oller, Arija Bareikis
Gênero: Terror
Duração: 85 min.
https://www.youtube.com/watch?v=K0LLaybEuzA
Lista | Os Mais Assustadores Filmes sobre Invasão de Domicílio
Os últimos anos trouxeram uma penca de filmes sobre invasão de domicílio, sendo um dos mais lembrados exemplos o popular Uma Noite de Crime, que gerou algumas continuações e está com uma série de televisão a caminho. Pensando nisso, decidimos realizar uma lista para lembrar dos mais emblemáticos filmes com essa temática, aqueles que realmente foram extremamente assustador e/ ou tensos.
Dito isso, vamos mergulhar nesses exemplares e, no fim, nos digam quais os seus preferidos!
5. Você é o Próximo
Você é o Próximo começa como um filme normal sobre invasão de casa, com uma família sendo aterrorizada por bandidos com máscaras de animais realmente perturbadoras. Felizmente, logo vemos uma subversão desse subgênero (sub-subgênero?) que transforma esse terror completamente!
4. O Homem nas Trevas
Um gato mia dos infernos, O Homem nas Trevas inverte os moldes da invasão domiciliar e coloca os invasores como vítimas. É um dos melhores exemplares que o gênero recebeu desde Invocação do Mal 2. A tensão é exaustiva, cada respiração dos personagens tem importância crucial, a história é ótima, atuações competentes, além de todas as maravilhas técnicas trazidas pela ótima fotografia de Pedro Luque e do desenho sonoro, incluindo aqui a trilha musical.
Fede Alvarez até tenta criar uma ironia final semelhante à de Taxi Driver, mas consegue apenas criar um ótimo filme de terror – o que já é um feito por emplacar dois bons filmes na carreira.
3. O Quarto do Pânico
15 anos depois de sua estreia nos cinemas, O Quarto do Pânico parece manter a mesma noção cinematográfica que deixou na época: um bom suspense claustrofóbico e agoniante, e acima de tudo, um bom suspense de David Fincher. Não é nem de longe um de seus melhores, mas tem seus méritos e a assinatura do cineasta é palpável de certa maneira. Além de ser um filme que adere na noção de conhecimento da filmografia de um gênio do cinema, o longa também vale a pena por suas atuações sobressalentes e o suspense “Fincheriano” intrínseco – ainda que conte a história de maneira chula.
2. Violência Gratuita (1997)
O filme que obviamente inspirou Uma Noite de Crime (ou você acha que aqueles almofadinhas que invadem a casa da família apareceram por acaso?) é um retrato assustador da psicopatia. Um perfeito exemplo de como um dia normal pode ser tornar um real filme de terror, por nenhum motivo aparente.
O longa gerou um remake, do próprio diretor, mas recomendamos fortemente o original!
1. Esqueceram de Mim
Achou que veria um terrorzão da por** aqui não é?
Esqueceram de Mim não é nada assustador, é Duro de Matar para crianças, uma ótima comédia sobre um menino que se livra dos bandidos que invadiram a sua casa de forma astuciosa e criativa.
Isto é, se você assistir se colocando no lugar do garoto.
Mas tente se colocar no lugar dos bandidos e verá a história de um garoto pior que Damien e o rapazinho de O Grito juntos. O verdadeiro Cão encarnado! E tudo o que queriam era conseguir colocar o pão na mesa de suas famílias (provavelmente). O que é O Homem nas Trevas perto disso?
Crítica | Tau - O Aprendizado da Inteligência Artificial
A Inteligência Artificial - e os riscos que ela apresenta - não é novidade em Hollywood. De O Exterminador do Futuro a Matrix, o tema já foi abordado das mais variadas formas e quase sempre culmina na rebelião da I.A. Dito isso, são raras as vezes que a liberdade e até o aprendizado dessas ‘máquinas’ são retratadas em tela. Tau, novo filme original da Netflix, faz exatamente isso, através de uma roupagem de terror/ thriller psicológico, ainda que não explore plenamente o terreno no qual decidiu se passar.
Essa primeira empreitada de Federico D’Alessandro, conhecido pelos seus trabalhos como storyboarder e supervisor de animação em filmes da Marvel, na direção começa em um lugar bastante comum, chegando a parecer com a introdução de um filme da franquia Jogos Mortais.
Julia (Maika Monroe), que sobrevive da venda de objetos furtados e vive em um pequeno apartamento em uma área nada convidativa de sua cidade, é sequestrada e acorda, amordaçada, em uma instalação científica, junto de mais duas pessoas. Não demora muito para ela descobrir que a fuga dali é impossível, já que o local, na verdade a mansão de seu sequestrador, Alex (Ed Skrein), é vigiada por uma Inteligência Artificial avançada, que controla cada aspecto da casa, além de um robô ameaçador, que certamente é capaz de matar qualquer um ali. A partir daí, Julia deve arranjar uma forma de escapar, enquanto que Alex a obriga a fazer testes de lógica (não são jogos mortais, e sim como aqueles de entrevistas de emprego) para colher dados a fim de aperfeiçoar sua mais nova I.A., que deve ficar pronta antes do deadline em poucos dias.
É perceptível a súbita mudança de tom pela qual Tau passa logo em seu terço inicial. O terror se transforma em um thriller mais focado na tensão do que efetivamente no medo do espectador. O foco na situação miserável da protagonista, que, aos poucos, vai reconquistando alguns direitos básicos (tomar banho, roupas novas, etc), vai embora, substituído pela crescente relação entre ela e Tau (com voz de Gary Oldman), a I.A. responsável pela casa.
Obviamente inspirada em HAL 9000 de 2001: Uma Odisseia no Espaço, a figura de Tau é desconstruída ao longo da projeção. Inicialmente temos uma espécie de Big Brother, minando qualquer chance de Julia escapar de seu confinamento. Com o passar do tempo, no entanto, passamos a perceber o personagem quase como uma criança curiosa, sedenta pelo conhecimento que dela foi escondido pelo seu criador. A I.A. e Julia basicamente se tornam amigos em uma relação que chega a ser palpável, tanto pelo bom trabalho de dublagem de Oldman, quanto pela própria atuação de Monroe, sempre convincente.
Infelizmente, todo o desenvolvimento da Inteligência Artificial acaba sendo prejudicado pela irritante necessidade do roteiro de sempre nos lembrar o perigo no qual a protagonista se encontra. Caso essa tensão fosse trazida à tona mais pontualmente, teríamos um filme consideravelmente mais engajante, que permitiria um real aprofundamento na questão do aprendizado de Tau, algo que vemos tão pouco em filmes por aí (geralmente esse aprendizado ocorre instantaneamente, visto que a I.A. costuma estar conectada à Internet, o que não é o caso aqui).
Seguindo na mesma linha, o vilão, vivido por Ed Skrein, permanece raso do início ao fim. Suas motivações são expostas ao longo da narrativa, mas nenhuma delas consegue nos convencer de que ele sequestraria alguém e mataria inúmeras pessoas para conseguir finalizar sua I.A. Além disso, o personagem comete alguns erros estúpidos ao longo da trama, o que certamente não se encaixa com o que foi informado sobre ele. A própria necessidade de fazer esses experimentos não soa plausível, mesmo sabendo que tal experimentação sempre gera a morte das cobaias. Faltou uma simples informação dizendo que ele já tentou outras formas, legais, antes, mas que não deram certo. Isso tudo acaba fragilizando a narrativa consideravelmente, comprometendo nossa imersão.
Felizmente, em termos visuais, Tau não deixa a desejar. Ainda que o CGI empregado no robô assassino seja perceptível, ele não chega a incomodar, visto que aparece pouco ao longo do filme. A Inteligência Artificial que cuida da casa é representada de maneira simples, porém eficaz, como dito antes, com nítida inspiração tirada de HAL 9000. Seus movimentos na tela e a parte circular dentro do triângulo (que garante o título da forma de vida e do filme, claro) fazem, de fato, parecer como se esse fosse o seu olho, humanizando essa I.A., mas não de forma ameaçadora como em 2001 - muito pelo contrário, o esquema de cores utilizado tira esse tom de ameaça e não por acaso o vermelho é usado no visor do já citado “robô assassino”, que é percebido como um elemento externo ao Tau de Gary Oldman.
Chega a ser triste, portanto, que isso seja sabotado pelo desfecho nada inspirado do filme, que basicamente descarta a progressão da I.A. até aqui, simplesmente para gerar uma atmosfera de tensão barata, com direito a botões de auto-destruição. É um banho de água fria para todos que esperavam, como eu, que a Inteligência Artificial se tornasse livre de verdade, ou algo assim. No fim, o roteiro de Noga Landau morreu na praia e não soube dosar o thriller com a ficção científica, chegando a incluir um grau maior de violência que certamente não combina com o restante do filme (o mesmo pode ser dito para algumas cenas no início).
Dito isso, Tau contava com uma ótima premissa e soube executá-la muito bem em boa parte de sua curta duração. Ainda assim, o desenvolvimento do vilão e a falta de foco do roteiro, que não sabe se irá abraçar a ficção científica por completo ou não, mina as chances desse filme realmente ser um diferencial dentro de seu gênero. No fim, temos só mais um thriller que diverte, mas que, certamente, poderia ter sido muito mais que isso.
Tau (idem - EUA, 2018)
Direção: Federico D'Alessandro
Roteiro: Noga Landau
Elenco: Maika Monroe, Ed Skrein, Gary Oldman, Fiston Barek, Ivana Zivkovic
Duração: 97 min.
https://www.youtube.com/watch?v=h9nrBkQ2YBo
Crítica | Tal Pai, Tal Filha - Ensinando a lição errada
Demonizado pela grande maioria das pessoas, o clichê não passa de um artifício narrativo, que, quando bem empregado, pode verdadeiramente transformar um filme, série ou obra literária. Naturalmente que ele também pode aparecer como forma de subverter a expectativa do espectador/ leitor, preparando-o para algo em específico e, no fim, entregando algo completamente diferente. Enquanto assistia Tal Pai, Tal Filha, que, por acaso, conta com dois dos meus atores preferidos de todos os tempos (mais por questões pessoais), eu esperava ver exatamente isso, falsas pistas conduzindo para X, apenas para, no fim, eu receber o muito bem-vindo Y. Infelizmente, o que eu ganhei foi X mesmo.
A nova dramédia da Netflix começa já de um lugar comum. Rachel (Kristen Bell) está para se casar, de fato, ela já está em seu casamento e, apesar disso, está falando no celular - o que já deveria ser um alerto do que veríamos nos minutos a seguir. Enquanto isso, seu pai, Harry (Kelsey Grammer, o eterno Frasier Crane), que ela não vê desde pequena, está a caminho da cerimônia. Ao chegar lá, no entanto, tudo que ele vê é sua filha ser abandonada pelo noivo, que desiste de ficar com Rachel por ela ser workaholic, chegando a atrasar sua entrada como noiva na cerimônia por estar falando no celular.
Eis que nos deparamos com mais uma história que acaba vilanizando a preocupação de uma mulher - muito bem-sucedida - com sua própria carreira, um tipo de história que já devia ter sido extinta há muito tempo, exatamente por passar a péssima ideia de que mulheres deveriam se preocupar mais com casar do que com suas carreiras. O pior de tudo é que Tal Pai, Tal Filha mais do que justifica a atitude da protagonista - ela estava à beira de trazer um novo cliente, o que acarretaria em uma promoção para o emprego de seus sonhos. Mas não, o casamento é mais importante e ela continuará afastando homens enquanto continuar vivendo dessa forma, ela deveria abandonar o emprego e se tornar dona de casa - ao menos é essa a ideia que o filme parece querer passar, em partes.
Digo em partes, pois, em determinados momentos, o roteiro de Lauren Miller Rogen chega a beirar a (óbvia) realização de que a protagonista pode, ao mesmo tempo, se dedicar à sua carreira e ter uma vida social ao mesmo tempo. Durante boa parte do filme, essa mensagem chega muito perto de se concretizar, basta ela largar o celular de lado de vez em quando (não necessariamente o tempo todo). Infelizmente, a obra acaba morrendo na praia, já que, aparentemente, só sabe lidar com dois extremos, jamais alcançando o ideal meio-termo.
Ironicamente, para o filme funcionar minimamente, todo esse lado empreendedor da protagonista nem precisaria estar presente, tampouco sua vida amorosa. Trata-se de um longa sobre reconciliação entre pai e filha e ambos esses elementos poderiam ser substituídos facilmente por outros pontos. O constante desprezo que Rachel demonstra em relação ao seu pai não precisava ser apoiado pela sua necessidade de estar trabalhando o tempo todo - afinal, ele a abandonou, e sua mãe, quando ainda era pequena, é mais que motivo o suficiente para ela não estar tão disposta a se reconectar com ele.
Dito isso, mais parece que toda a questão do casamento cancelado mais estava presente no roteiro para justificar o cruzeiro de lua de mel, onde maior parte do longa se passa, que acaba virando um cruzeiro de pai e filha. Bastaria ela, como bem-sucedida mulher solteira, querer ir em um cruzeiro e seu pai decidir acompanhá-la para tentar reparar essa relação. O caminho seguido pelo texto acaba fragilizando a história, já que, ao fim, não há muita atenção dispensada ao lado romântico da vida de Rachel - a não ser um breve e estranho caso durante o cruzeiro com Jeff (Seth Rogen).
Para piorar, mesmo o aspecto principal da trama - a reconciliação entre Rachel e Harry - acaba sendo extremamente previsível, a tal passo que, nos minutos iniciais, já sabemos praticamente tudo que irá acontecer, restando apenas o ‘como’. Não por acaso, portanto, que o longa acaba nos cansando já na metade dos seus noventa e oito minutos. Trata-se de um filme que não faz absolutamente nada de novo e nem mesmo o inegável carisma e química entre dois dos atores com os sorrisos mais sinceros de Hollywood, Kristen Bell e Kelsey Grammer, conseguem nos prender o suficiente a ponto de não bocejarmos, mais de uma vez, durante a projeção.
Lauren Miller Rogen, nessa sua primeira empreitada como diretora de longa-metragem, ainda faz algumas escolhas duvidosas ao longo do filme. Para começar, alguns establishing shots simplesmente duram mais do que deveriam, trazendo nítido desconforto em certos momentos, como se ela quisesse aproveitar o mesmo as vistas exuberantes, mas sem saber exatamente como. Além disso, muitas das cenas acabam perdendo sua força - como o final do karaokê - graças a uma péssima decupagem, que mais nos faz sentir como se estivéssemos na última fileira de um show, do que logo de frente, ou até mesmo dentro, do palco. Pasme, mesmo os abraços não soam tão calorosos quanto deveriam, já que há uma clara escassez de closes durante todo o filme.
Tudo isso acaba gerando uma narrativa extremamente fria, que depende mais do que deveria do trabalho de Kristen Bell e Kelsey Grammer, que, como já dito antes, embora carismáticos, não há como levarem todo o filme nas costas.
Assim sendo, Tal Pai, Tal Filha falha como história de reconciliação e falha como o conto de uma mulher que aprendeu como se dedicar tanto à sua vida profissional, quanto à social. Passando a imagem errada, de que uma mulher não é capaz de ser bem-sucedida no emprego e no casamento, o longa cai nas velhas mesmices de sempre, jamais sabendo aproveitar seu elenco ou até mesmo de trazer alguns momentos calorosos, ou melhor, ele até entrega alguns poucos, mas tudo graças a milagres realizados por Grammer e Bell.
Tal Pai, Tal Filha (Like Father - EUA, 2018)
Direção: Lauren Miller Rogen
Roteiro: Lauren Miller Rogen
Elenco: Kristen Bell, Kelsey Grammer, Danielle Davenport, Kimiko Glenn, Wynter Kullman, Brett Gelman, Jon Foster, Elisabeth Ness, Seth Rogen
Gênero: Drama, comédia
Duração: 98 min.
https://www.youtube.com/watch?v=_bfqsNh6U7c