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Análise | Ace Combat 7: Skies Unknown – Top Gun para os Fortes

O retorno de Ace Combat é célebre. Apesar de não ter marcado a minha infância, não foram poucas as vezes que joguei esse clássico da era do PS1 na casa de amigos. Controlar jatos e caças poderosos em perseguições implacáveis era algo que simplesmente não cansava a mente de uma criança.

Já chegando na sétima iteração da franquia principal, é de se admirar a longevidade de Ace Combat. Com a saga de molho por cinco anos desde seu último lançamento na geração passada, o tempo de descanso realmente fez bem para preparar o terreno de um novo jogo bastante caprichado feito pela Bandai Namco.

De Herói a Zero

Para quem não está acostumado com os títulos da saga, é fácil ficar impressionado com o quanto detalhamento existe sobre a mitologia de Ace Combat. Ao contrário do que pode imaginar, a campanha principal não se resume a algumas missões com objetivos definidos apenas para você passar um bom tempo voando pelos céus.

Na verdade, em Ace Combat 7: Skies Unknown temos uma premissa de custo máximo, o custo da guerra. O jogador cairá de para-quedas já no início no game com a supreendente declaração de guerra do Reino de Erusea contra a Federação de Osea. Sequestrando o ex-presidente oseano e também uma edificação simbólica da paz mundial, o Reino de Erusea deixa o mundo em choque.

Não demora nada para que os oceanos respondam a altura, designando seus melhores pilotos para iniciar uma campanha de conquista do espaço eruseano. Entre os selecionados está Trigger, o personagem calado que o jogador controla em todo o game. Porém, em uma fatídica missão de resgate, Trigger acaba comente um erro gravíssimo, se tornando um criminoso traidor da federação.

Mandado para a prisão na 444ª base área do país, Trigger aguarda seu julgamento até que o governo se desespera e recruta todos os “dispensáveis” que estão presos no lugar. Esses pilotos que nada têm a perder, incluindo o protagonista, são ordenados a cumprirem as missões mais ingratas e perigosas de todo a força aérea oseana.

Funcionando literalmente como um esquadrão suicida, Trigger e seus comparsas nada educados enfrentam os maiores desafios de suas vidas para tentar ganhar a liberdade e encerrar de vez essa guerra injustificável.

Como Trigger é um personagem calado, não há grande foco em quem ele é, mas sim em seus grandes feitos durante as missões. Quem narra a história é a enigmática Avril Mead, trazendo detalhes de seu passado conturbado com o avô herói de guerra e seu pai, também herói, mas morto em combate. Embora sua narração envolva muita enrolação trazendo detalhes triviais da narrativa, é agradável de acompanhar – as cutscenes são excelentes com gráficos impressionantes fornecidos pelo poderio da Unreal 4.

Outro segmento é narrado por um personagem eruseano, trazendo mais da relação complexa do melhor piloto do reino, Mihaly, herdeiro de um condado anexado à realeza eruseana. O jogo aborda esses temas de nação, honra e pátria a todo momento, indicando conflitos internos para os personagens que quase nunca realmente revelam o que pensam. O serviço sempre está acima de tudo. Aliás, um dos temas mais interessantes do jogo é a abordagem filosófica sobre o uso de drones e de inteligência artificial. O game questiona se o virtual consegue superar o fator humano na condução dos caças sendo algo que distingue perfeitamente os dois lados da guerra: a velha guarda vs. a novidade.

O que mais impressiona, porém, em termos de narrativa, é como o jogo é bem pensado em seus objetivos sobre a arte da guerra. Em escala crescente de dificuldade, a campanha do game é imperdoável com o gamer ao apresentar objetivos cada vez mais complexos: destrua reservas de combustível inimigo, armazéns de armamento, radares e armas antiaéreas, defenda uma posição estratégica, auxilie tropas terrestres, etc.

Pode parecer simples, mas não é.

Tentativa e Erro

De fato Ace Combat 7 não é um jogo fácil. Para os parâmetros de hoje, o game nunca segura sua mão e te ensina a jogar. A Bandai te incentiva a jogar e dominar os controles com muita experimentação e já te aviso que jogar o game apenas com os controles simples deixa a jogatina bem mais lenta o que com certeza irá te prejudicar em missões mais complexas envolvendo perseguições entre caças de alta inteligência artificial.

Logo, já para dominar os controles, o jogador levará algum tempo. A cada missão concluída, o jogador é recompensando com pontos que funcionam como a moeda do game para comprar melhorias e novos caças. Cada caça possui três armas especiais que irão te ajudar muito dependendo do tipo de combate majoritário da fase: ar-para-ar ou ar-para-terra. Os mísseis comuns também são ótimos, mas possuem alcance menor e rastreios rudimentares.

Nisso, a cada progressão, o jogador compra novos caças e atributos avançando na árvore de aviões, uma árvore de habilidades, que jogo oferece. As mudanças são efetivas e refletem na hora a jogatina, porém para conquistar o melhor avião do game, certamente você já estará bastante avançado na história – ainda assim, vale a pena adquirir.

A cada missão, é importante estar atento ao briefing que detalha o que você irá fazer até metade do nível – sempre há uma reviravolta para te pegar com as calças curtas. Através desse informe, o jogador tem que montar o set correto para seu avião, focando no tipo de combate e quais melhorias que valem a pena ser encaixadas. Em casos mais extremos, é preciso até mesmo escolher qual tipo de avião terá que usar: um mais veloz, mas menos responsivo ou o inverso, por exemplo.

Como disse, as missões possuem objetivos variados. Por vezes, são muito desafiadoras ao pedirem para conquistar uma pontuação alta ou proteger uma base aliada que é atacada tanto no ar quanto por terra. Como os companheiros virtuais não são extremamente eficientes, muito acaba nas costas do jogador. E nesses momentos, prepare-se para perder muitas vezes.

O game por si não é tão longo, mal chega até as 10 horas de duração, porém, no decorrer das vinte missões que o game oferece, em escala crescente de dificuldade, essas horas vão se estender bastante. Mas pense que a cada derrota, seu aprendizado aumenta muito e quando finalmente vence uma fase difícil, há uma enorme sensação de satisfação.

Aliás, é importante mencionar que existe um modo bastante elogiado para o PSVR, adaptando o game para a realidade virtual. Infelizmente, como não possuo o periférico, é impossível complementar a análise. O modo multiplayer, por mais simples que seja, funciona bem e cumpre a função de estender a vida do jogo. Só garanto que é bastante desafiador eliminar jogadores que se esquivam de mísseis tão bem quanto você.

Também é preciso denotar a qualidade gráfica e física do game que impressiona. Apesar não termos quaisquer opções cosméticas para customizar os jatos na campanha, é notável como fase é extremamente única por si. O jogador enfrenta terrenos diversos que trazem tempestades tropicais com direito a relâmpagos que detonam a tecnologia do seu caça, tempestades de areia, nuvens densas e até mesmo efeitos de congelamento a depender da sua altitude. Observar tudo isso através da ótima e detalhada câmera do cockpit só deixa a experiência ainda mais completa.

Obviamente, a tradicional câmera que recapitula todos os seus movimentos na fase, permitindo que o jogador observe erros e movimentos incríveis, está de volta possibilitando o compartilhamento de jogadas incríveis. 

Indomáveis

Ace Combat 7: Skies Unknown é um game brilhante para esse excelente começo de ano para os gamers. É evidente que os fãs da franquia vão se deliciar com essa nova aventura repleta de novidades e uma boa história que vem acompanhada de legendas em português – se prepare para conseguir ler os objetivos ordenados pelo seu capitão enquanto tenta abater diversos inimigos ao mesmo tempo (sim, é bem difícil).

Mesmo que tenha demorado tanto para chegar, afirmo que a espera por esse novo Ace Combat valeu a pena. Apesar de desafiador, encorajo jogadores novos da saga, que mal haviam tocado um game arcade de combate aéreo para testarem as surpresas que o game oferece. Que venha o próximo!

Agradecemos a Bandai pela cópia de Xbox One cedida para a análise.

Ace Combat 7: Skies Unknown (Japão – 2019)

Desenvolvedor: Bandai Namco
Estúdio: Bandai Namco
Gênero: Simulador de Combate Aéreo, Ação
Plataformas: PS4, PSVR, Xbox One, PC

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Publicado por Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema seguindo o sonho de me tornar Diretor de Fotografia. Sou apaixonado por filmes desde que nasci, além de ser fã inveterado do cinema silencioso e do grande mestre Hitchcock. Acredito no cinema contemporâneo, tenho fé em remakes e reboots, aposto em David Fincher e me divirto com as bobagens hollywoodianas.

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