em , ,

Lista | 5 Filmes para começar David Cronenberg

Aqui indicarei cinco filmes de um determinado cineasta para aqueles que procuram começar a explorar sua filmografia, mas não sabem onde começar, apresentando os filmes em uma ordem que pareça adequada ao autor da lista para assistir. Abrindo esse novo formato textual do Bastidores, conheça Cronenberg, um dos maiores mestres do horror e do cinema contemporâneo como um todo.  

Sobre o cineasta 

David Cronenberg nasceu no Canadá, no ano de 1943 numa família de artistas, sendo sua mãe uma cantora e seu pai um escritor. O jovem Cronenberg nem sonhava em fazer filmes, ele herdou de seu pai a paixão pelas letras, escrevendo contos desde que aprendeu a desenhar as letras, mas se apaixonou pelo cinema após ver um filme chamado Winter Kept Us Warm de David Secter considerado um marco do cinema canadense. Após a conclusão de dois filmes independentes, Stereo e Crimes do Futuro, ele ganhou notoriedade conseguindo apoio de financiadores para fazer seu primeiro grande filme, não tardando a se tornar um ícone do body horror, um subgênero que ele ajudou a moldar. 

A Mosca (The Fly, 1986) 

A Mosca é um filme para fazê-lo se apaixonar pelo estilo do Cronenberg. Remake de um clássico filme de terror B, conta a estória de Seth Brundle, interpretado por Jeff Goldblum, que estava construindo uma máquina que esperva mudar o mundo, o telepod, que permite que se transporte pessoas e objetos de uma cápsula para outra. Acontece que, em um teste, havia em uma das cápsulas uma mosca e por algum erro de cálculo, algo inesperado ocorreu, os genes de Seth se misturaram aos da mosca, fazendo com que seu corpo passe por mudanças grotescas.  

O filme é um dos mais bem resolvidos do Cronenberg, tem um roteiro praticamente impecável, tanto Jeff Goldblum quanto Geena Davis dão performances fantásticas interpretando respectivamente Seth e Ronnie. A Mosca sintetiza bem o que é o Body Horror para um iniciado, é sobre o horror das deformações exageradas em nosso próprio corpo e o drama do personagem principal quanto ao desespero de estar se tornando um inseto é cativante.

Videodrome : A sindrome do video (Videodrome, 1983) 

Esse é certamente um dos melhores filmes do Cronenberg. Conta a Estória de Max Renn (James Woods), presidente de uma emissora de TV que exibe conteúdo obscuro e sensacionalista. Um dia ele é apresentado a um programa chamado Videodrome, após assisti-lo, ele experimenta diversas estranhas alucinações, envolvendo um homem chamado Bryan O’Blivion, se encontrando em um tipo de conspiração. 

 Segundo Cronenberg, a ideia para o filme veio da sua percepção de sinais que eventualmente apareciam após o término da grade televisiva local. Esses sinais, não muito claros aguçaram sua imaginação, culminando na realização desse filme. O filme é chamado de tecno surrealista pela mistura de elementos oníricos com ficção cientifica, que casaram perfeitamente. É estranho na medida certa e carrega uma atmosfera que apenas Cronenberg é capaz de conceber.

Scanners (Scanners, 1981) 

Scanners é um filme de horror e ficção cientifica. Se passa em um mundo em que há pessoas com poderes psíquicos, capazes de controlar, matar ou incapacitar pessoas usando apenas os poderes da mente. Esse filme dará ao expectador uma nova perspectiva das habilidades de Cronenberg no body horror, é um dos maiores espetáculos de efeitos especiais de toda sua carreira. Inclusive uma das cenas do filme que envolve uma cabeça explodindo posteriormente tornou-se um meme que você provavelmente já viu em algum lugar. O filme foi um sucesso na época e logo se tornou franquia, ganhando três sequencias e um remake.

Calafrios (Shivers, 1975) 

Calafrios foi o primeiro grande longa-metragem de Cronenberg. O filme começa com o que parece ser alguma violência sexual depravada. Mais tarde descobrimos que o homem tentava conter uma epidemia matando a mulher, que carregava um parasita, fruto de um de seus experimentos que deram errado. O parasita faz as pessoas se tornarem maníacos sexuais incontroláveis. Infelizmente o parasita foi passado adiante antes de sua morte, causando um pandemônio geral no prédio em que a garota mora. 

Para alguns, talvez a escolha de Calafrios nessa lista pareça inusitada, entretanto é importante saber de onde os diretores vieram. Cronenberg é fascinado por biologia, principalmente se tratando por pequenos insetos e vermes, que aguçaram sua imaginação. É o filme mais cru do Cronenberg, no tocante a sua identidade autoral, um filme produzido enquanto ele ainda estava aprendendo a lidar com o processo de fazê-los. Apesar do filme ter algumas críticas negativas em relação ao seu conteúdo, eu o considero importante pela criatividade que Cronenberg apresenta tanto no roteiro, quanto visualmente. 

Marcas da Violência (A History of Violence, 2005) 

Marcas da Violência faz parte dos filmes da fase mais madura do Cronenberg, quando começou a deixar de lado o terror que o moldou como cineasta e passou a investir em outros gêneros. Não seria exagero dizer que é o melhor dessa fase. Acompanha a família Stall, que vivia uma vida normal na pequena cidade de Milbrook, Indiana. Certo dia, Tom Stall (Viggo Mortensen) evita um assalto matando dois bandidos e se torna o herói da cidade, a partir daí seu passado vai sendo revelado, instaurando uma crise na família. 

O filme é considerado uma obra prima da primeira década deste século. Cronenberg está no auge de suas habilidades como diretor e roteirista e o ator Viggo Mortensen está espetacular interpretando Tom Stall. O filme leva a algumas reflexões como quanto uma pessoa pode mudar e quanto importa seu passado. É um filme altamente subversivo, com certeza valendo a assistida. 

Essas foram minhas recomendações para começar Cronenberg, mas aqui vão algumas menções honrosas para quem quiser se aprofundar, separados em fases:  

Fase Body Horror 

  1.  Filhos do Medo (The Brood, 1979) 
  2. Enraivecida na Fúria do Sexo (Rabid, 1977) 
  3. Gêmeos, Mórbida Semelhança (Dead Ringers, 1988) 
  4. Na Hora da Zona Morta (Dead Zone, 1983)

 

Fase Intermediária 

  1.  Mistérios e Paixões (Naked Lunch, 1991) 
  2. Crash – Estranhos Prazeres (Crash, 1996) 
  3. M. Butterfly (M. Butterfly, 1993)
  4. Existenz (1999) 

 

Fase Madura 

  1. Spider – Desafie Sua Mente (Spider, 2002) 
  2. Senhores Do Crime (Eastern Promises, 2007) 
  3. Um Método Perigoso (A Dangerous Method, 2011) 
  4. Cosmópolis (Cosmopolis, 2012)
  5. Mapas para as Estrelas (Maps to the Stars, 2014)

Avatar

Publicado por Daniel Tanan

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Crítica | De Pernas Pro Ar 3 – Uma comédia que sai do básico

Crítica | After – Amor e Mediocridade