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Lista | As Melhores Criações de Jack Kirby

Me faltam palavras para poder dizer o quanto que Jack Kirby foi importante para o mundo dos quadrinhos. Acho que não estarei sendo exagerado se disser que ele foi um dos melhores desenhistas da história das HQS, senão o melhor. Seu estilo de desenhar marcou época, e influenciou grandes nomes das HQS, como por exemplo John Romita, John Buscema, Alex Ross, etc. Seu estilo de desenho extremamente fluido e dinâmico, sendo possuidor de um grande senso de ação de movimentação. Parecia que seus desenhos saiam dos enquadramentos e iam para uma quarta dimensão.

Não apenas um grande desenhista, era também um grande criador. Participou da criação dos principais personagens da Marvel Comics, onde também desenvolveu junto com Stan Lee o ” Marvel Way”. Para quem não conhece o que é isso, explico. Funcionava assim, o desenhista recebia do roteirista um resumo da história que estava planejando, e a partir disso, o primeiro construía os quadrinhos de pagina em pagina, e adicionava detalhes a história. Depois devolvia para o roteirista para que ele colocasse os diálogos. Tradução, Kirby não era apenas o cara que desenhava as histórias de Lee, ele também contribuía e muito para as tramas.

Este ano esse grande ícone dos quadrinhos completaria 100 anos de idade. Eu, como grande fã que sou, decidi que seria justo fazer uma homenagem a esta lenda. Por isso decidi fazer uma lista com aquelas que são para mim as  melhores histórias criadas pelo The King Kirby. A posição na lista vai ser aleatória, não tendo nenhuma relação com maior ou menor qualidade.

1. Os Fabulosos X-Men

Dificilmente eu poderia fazer essa lista sem citar essa que se tornou para muitos a principal equipe de heróis da marvel. Depois do sucesso do Quarteto Fantástico, Homem Aranha, Hulk, etc, Stan lee decidiu que queria criar outro grupo de heróis, mas dessa vez, os personagens não iriam ganhar seus poderes em algum momento da vida, já nasceriam com eles.

Nasciam assim, Os Fabulosos X-men, um grupo de jovens que nascia com capacidades sobre humanas, e que devido a isso, acabavam por ser isolados da sociedade, e eram chamados de mutantes. Para poder abrigar esses jovens, o Professor Xavier, também um mutante montou uma escola especial, onde essas pessoas poderiam se alojar, e ainda desenvolver melhor suas habilidades.

No começo a série não conseguiu muitas vendas, ficando bem abaixo das outras revistas, tendo que ser reformulada nos anos 70 para poder atrair mais fãs. Mas apesar disso, não dá para negar a importância da revista. Surgida numa época em que a luta pelos direitos civis estavam em alta, a revista trazia aos jovens um assunto importante que era o preconceito com minorias, e se tornou um das revistas de maior referencia no quesito diversidade.

2. Capitão América

Antes de fazer sucesso junto com Stan Lee, Kirby fez dupla com outro grande nome dos quadrinhos, e juntos criaram um dos primeiros super heróis da Marvel Comics (na época com o nome de Timely Comics), o Capitão América, um herói que era a representação de todos os valores que moldaram a sociedade americana.

O personagem foi concebido com a idéia de fazer com que o povo americano apoiasse a entrada do país na guerra. A  icónica capa da edição número 1 do herói, onde vemos o Capitão espancando Adolf Hitler expõe essa mensagem de maneira muito clara, mostrando que os nazistas eram inimigos dos Estados Unidos.

Kirby não era a primeira opção de Simon para desenhar a revista, pois segundo o roteirista, o desenhista tinha uma grande carga de trabalho, e talvez não conseguisse entregar a revista no prazo. Mas Jack não permitiu, garantiu que iria fazer tudo, e dentro do prazo, o que impressionou Simon, que permitiu a ele fazer os desenhos.

Existe uma motivação para Jack querer tanto participar da revista. Ele era filho de judeus austríacos, que tinham ido para os Estados Unidos na época da Primeira Guerra. E apesar de ainda não se ter conhecimento das brutalidades cometidas pelos nazistas aos judeus, algo que só se tornaria amplamente conhecido ao final da Guerra, já se sábia que o regime era anti semita.

Enfim, o personagem se tornou sucesso de vendas, tendo a sua edição número 1 vendido quase 1 milhão de cópias. O personagem se tornou um símbolo de patriotismo, e se tornou um dos principais meios de propaganda contra o nazismo.

3. Quarteto Fantástico

Após uma forte queda de popularidade nos anos 50, os quadrinhos estavam voltando a fazer sucesso no inicio dos anos 60. Quem começou a reviver a arte foi a editora DC Comics, que estava reinventando os heróis criados nos anos 40, e ainda criou uma nova equipe de heróis, a Liga da Justiça, que fez um enorme sucesso. Ao observar o sucesso da concorrente, o editor chefe Martin Goodman, ao observar o sucesso concorrente, pediu para Stan Lee criar uma história que envolvesse uma equipe de heróis.

Junto com o amigo Jack Kirby, Lee deu vida ao Quarteto fantástico, a primeira HQ que levava o nome da dupla. A equipe era totalmente diferente dos outros heróis. Eles não possuíam identidade secreta,e foram construídos como se fossem uma família. Ou seja, tinham que lidar com problemas dentro de casa, tinham discussões familiares entre si, e alem disso tinham ainda que lutar contra vilões. Eram fantásticos, mas também eram humanos. De longe foi a criação mais inovadora da dupla.

Dentro das paginas da revista do Quarteto nasceram vários personagens de extrema importancia para o Universo Marvel. Tivemos o surgimento do Doutor Destino, o principal vilão do grupo e para muitos o principal da marvel, O Pantera Negra, o primeiro herói afrodescendente da história, os Inumanos, os Kree, os Skrull, e também Galactus e o Surfista Prateado.

Foi também na revista do Quarteto que Jack começou a fazer os traços que redefiniriam as artes dos quadrinhos, dando uma estrutura e um ritmo que até hoje serve de inspiração para muitos desenhistas.

4. Thor

Jack Kirby era um aficionado por mitos antigos, e um das mitologias que mais chamara sua atenção foi a dos nórdicos. Ele era bastante conhecedor das histórias que faziam parte da cultura viking, e conhecia muitos seus personagens, como por exemplo Loki, Odin, Heimdall, Hela, Balder, etc. E tinha o desejo de trazer esses personagens para o mundo dos heróis.

Já Stan lee tinha o desejo de fazer um personagem que fosse uma divindade, que tivesse um poder além do normal. Do desejo da dupla, nasceria então o Poderoso Thor, um dos personagens principais da editora. Mas apesar de Lee e Kirby terem sido os desenvolvedores da idéia, o roteiro ficou a cargo do irmão de Lee, Larry Lieber, visto que Lee na época tinha muito trabalho e não teria tempo para desenvolver a história.

Assim em 1962, nascia o personagem Donald Blake, um médico e fraco e frágil, que possui um cajado mágico, que era na verdade o martelo Mjolnir, que lhe transformava em Thor, o Deus do Trovão. O personagem foi colocado dentro do corpo de Blake como uma punição do seu pai, Odin, para que pudesse aprender lições de humildade.

Dentro das revistas do Deus do Trovão, Jack Kirby pode começar a explorar toda sua a criatividade. Criou diversos monstros, deuses, e mundos incríveis. Tudo baseado no seu conhecimento sobre mitologia. A arte das primeiras revistas do Deus do Trovão são um show a parte. Além de serem lindas, contribuem para a atmosfera fantasiosa que o The King pretendia criar.

5. Incrível Hulk

Para poder criar o Gigante Esmeralda, Stan Lee bebeu de diversas fontes da cultura pop. Uma das inspirações foi o Monstro de Frankenstein, da escritora Mary Shelley. Lee afirmou em entrevista que tinha um apreço pela criatura, devido ao fato dela não ser má, apenas ter ficado agressiva para poder se defender daqueles que queriam fazer mal a ela. Outra grande inspiração para criar o Hulk foi a história do Médico e o Monstro, que foi de onde Stan tirou a idéia do protagonista a todo momento trocar de personalidade com a criatura. Hulk também foi criado com base em outro conto mitológico, o mito do Golem, vindo da cultura judaica, que fala sobre uma criatura criada a partir de uma cerimonia religiosa, e que protegeria a comunidade judaica de agressores.

Em maio de 1962 é lançado então o Incrível Hulk, que traz em sua primeira edição o doutor Bruce Banner
é atingido por raios tentar salvar o jovem Rick Jones, em um teste nuclear de uma bomba que o próprio Banner desenvolvia. Ao acordar, acha que escapou ileso, mas ao anoitecer se transforma numa criatura horrível, o Hulk. Muitos historiadores dizem que a história feita como uma crítica aos testes nucleares que os Estados Unidos estavam fazendo na época, visto que estávamos no meio da Guerra Fria. Sinceramente não sei dizer a procedência disso, mas como muitos meios de entreterimento na época faziam críticas ao combate ideológico entre os país capitalistas e os países comunistas, talvez seja verdade.

Mas enfim, apesar de ser uma das histórias mais simples da dupla Lee e Kirby, partindo de uma formula que ja era existente. Mas isso não impediu o Hulk de se tornar um dos personagens mais emblemáticos da editora. É um dos poucos personagens que não teve a história de origem mudada ao longo dos anos, se mantendo exatamente da maneira que foi concebida em 1962.

6. O Quarto Mundo

Nos anos 70, Kirby saiu da Marvel devido a divergências criativas com Stan lee, na época o editor chefe da revista. Após a sua saída, negociou um contrato com a DC Comics, onde ficaria 3 anos na editora, com a opção de prolongação por mais 2 anos. Dentro da editora, Kirby criou o Quarto Mundo, um grupo de história interligadas entre si que tinha como enredo a luta entre dois planetas, Nova Gênese a e Apokolips, uma luta que acontecia desde os tempos mais antigos.

A idéia era criar uma séria limitada, nenhum dos personagens que estavam na revista iriam ser usados no futuro. Mas o sucesso foi tão grande que os Novos Deuses se tornaram parte do Universo DC. Foi das páginas dos Novos Deuses que surgiram personagens como Senhor Milagre, Barda, Orion, Pai Celestial, e o principal e mais poderoso vilão da DC, Darkseid, um dos poucos vilões que tinha o poder de derrotar o Superman.

Jack Kirby com o seu Quarto Mundo, construiu praticamente todo o Universo Cósmico da DC, que seria usado na maioria das grandes sagas da editora no futuro. As histórias desses mundos criados pelo King são uma mistura genial de ficção científica e religião, algo que seria imitado por diversos roteiristas no futuro, entre eles Grant Morrison.

7. Kamandi

A DC comics tentou adquirir a licença para publicar as revistas em quadrinhos do Planeta dos Macacos, mas não conseguiu. Devido a isso, Carmine Infantino, editor chefe da DC na época, pediu a Kirby que fizesse uma história com um conceito semelhante. Surgia assim Kamandi, uma das principais criações do The King, mas uma das mais desconhecidas.

A história é sobre Kamandi, um adolescente que vive num mundo pós apocaliptico, onde quase toda a humanidade foi destruida por um desastre natural. Os humanos que sobreviveram ou vivem agora em bunkers, ou se tornaram selvagens. O desastre natural acabou afetando os animais, que se tornaram muito mais inteligentes que os humanos, e passaram a dominar a terra. Kamandi, que possui um conhecimento acima do normal, irá lutar junto com seus amigos para poder restituir a civilização.

Nessa revista Kirby conseguiu juntar tudo aquilo que mais gostava. Na história temos uma mistura de ficção, contos míticos, e ainda por cima um personagem humano, que quer salvar a humanidade, e também enfrenta seus demônios pessoais. É um dos trabalhos de Kirby menos conhecidas pelo público geral, mas uma das mais amadas pelos fãs fanático do The King. Vale a pena ser lida.

8. Os Eternos

Após sua estadia na DC comics, Jack Kirby voltou para a Marvel em 1975, onde voltou a trabalhar na revista do Capitão América. Mas não fez apenas isso, criou também a revistas dos Eternos. A temática da revista tinha conceitos bastante similares com o Quarto Mundo da DC, e tinha também algumas idéias que Jack não pode usar enquanto estava na DC.

A trama fala sobre a chegada dos Celestiais, uma antiga raça alienígena de robôs super avançados, que a partir dos genes de ancestrais dos humanos, criaram duas raças diferentes: Os Eternos e os Deviantes. Os primeiros sempre ajudaram a raça a humana ao seu desenvolvimento, e devido a isso deram origem aos mitos gregos e romanos. Já os Deviantes, com sua forma grotesca, sempre tramaram para o fim da humanidade, o que os fazia sempre entrar em conflito com os Eternos.

Uma das inspirações de Kirby para fazer a revista foi o livro do escritor suíço Erick Von Daniken, ” Eram os Deuses Astronautas?”, onde afirmava que muitas civilizações antigas, como os sumérios, tiveram contatos com seres vindos dos espaço, e os cultuavam como deuses. Uma das provas dos defensores dessas teorias são os vários achados arqueológicos que descrevem seres vindos dos céus em máquinas voadoras. Kirby, sendo amante de mitologia, usou desses mitos para criar sua história.

É uma das melhores historias de quadrinhos com o tema ficção científica já escritas. Possui uma grandiosidade que simplesmente me faltam palavras para descrever. E o que falar da arte do The King? Simplesmente magnífica e revolucionária. Porém, apesar disso, a revista não fez o sucesso esperado e foi cancelada no número 19, com a Marvel sempre tentando diversas tentar trazê-los de volta, mas sempre desistindo. Mas muita das coisas que foram criadas por Kirby nessa revista, seriam usadas por Jim Starlin na hora de criar a mitologia cósmica da Casa das Idéias.

Texto escrito por Raphael Aristides

Redação Bastidores

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