Crítica | Gosto Se Discute - Apenas Mais Uma Comédia Esquecível
Que a indústria de cinema nacional investe cada vez mais no segmento das comédias populares isso não é novidade. Essas produções arrecadam cada vez mais e em outros casos são um fracasso total. Estreou nos cinemas nacionais o filme Gosto se Discute de André Pellenz, mesmo diretor de uma das maiores bilheterias nacionais no ano com D.P.A. - Detetives do Prédio Azul.
Nesta nova comédia acompanhamos o chef de cozinha Augusto (Cássio Gabus Mendes) que precisa mudar o cardápio de seu restaurante para que possa receber cinco estrelas em um prestigiado guia gastronômico. Eis que aparece Cristina (Kéfera Buchmann,), uma auditora do banco que irá ajudar nessa árdua tarefa para que o banco não fique com o restaurante em caso da não melhora financeira. Há ainda o personagem de Patrick (Gabriel Godoy) que é dono do food truck concorrente do restaurante, que se instala em frente ao local justamente para tirar clientes de Augusto.
Em seu mais novo longa Pellenz faz uma mescla no elenco a nova e a velha geração de atores. A nova se dá pela YouTuber Kéfera, enquanto a velha geração está presente com o ator Cássio Gabus Mendes. Essa mistura de início dá certo com Cristina chegando misteriosamente e se apresentando, enquanto Augusto se mostra revoltado com a presença da auditora. Só que esse encontro inicial em si não serve para segurar uma história por mais de uma hora.
Para isso o diretor vai acrescentando novos elementos como a vinda de um psiquiatra interpretado por Paulo Miklos, a mãe e pai de Cristina aparecem para tentar dar um desenvolvimento a personagem de Kéfera, e claro o principal que é a criação do cardápio do restaurante e a vinda de jurados que podem salvar o estabelecimento. O roteiro precisa dessas situações para girar e aí que se enxerga como ele é pobre e fraco.
A problematização do roteiro se dá principalmente pelo elenco. A começar pela própria personagem Cristina que praticamente não tem função alguma no filme, a não ser fazer com que Augusto possa ter um par com quem conversar. Se o filme fosse filmado sem essa personagem não teria feito falta alguma. Desde seu aparecimento se tem uma noção de estranheza, chegou do nada como Mary Poppins e com um motivo bobo de ficar no restaurante. Com ela é uma coisa, sem ela é outra totalmente diferente. Faltou uma construção de personagem e uma motivação mais inteligente e menos óbvia para sua introdução na história.
Demoram uma eternidade para dar uma função ao seu papel, que é quando ela encontra os dois funcionários do banco no restaurante. Percebe-se que foi inserida ali sem nenhum propósito e para piorar resolveram fazer os dois protagonistas terem uma cena de sexo totalmente broxante e sem sentido algum.
Kéfera desde que seu último filme É Fada se tornou fracasso de crítica tenta se firmar no cinema com um papel diferente. Em Gosto se Discute, ela tenta deixar o lado atriz teen de lado e tenta criar uma nova imagem para um público que não está acostumado a vê-la na plataforma de Streaming. Sua inclusão nesta produção se mostrou equivocada, ela levou os seus vícios de interpretação do YouTube para o cinema.
A atuação de Kéfera não chega a ser constrangedora, ela até que é esforçada, mas certamente não é a pessoa certa para o papel e precisa melhorar muito para fazer cinema de massa. Em nenhum momento parece ser espontânea, soa falsa e forçada sua interpretação, além de manter os trejeitos que faz em suas redes sociais. Suas tiradas também são fracas e superficiais e o humor que tenta empregar não é o necessário para o que a cena pede.
Já Cássio Gabus Mendes está muito bem como protagonista, mas seu personagem é bastante problemático, dá tantas broncas e chiliques que depois de um tempo fica repetitivo e chato. O núcleo de atores secundários são muito mal explorados, principalmente os garçons e o psiquiatra, aparecem por pouco tempo e muito rapidamente.
Quanto as piadas elas são mal feitas e muito sem graça. Fazem rir com piadas de situação, nada muito preparado ou desenvolvido. Os protagonistas não sabem fazer humor, tanto Kéfera como Cássio Gabus Mendes são mais dramáticos que cômicos. O excesso de diálogos e muitas vezes longos mata bastante a chance de se fazer humor, tiradas e cortes rápidos ajudariam a deixar o filme mais ágil e menos sonolento.
Grande parte do filme se passa em um cenário único, que é ou o saguão do restaurante ou a cozinha onde belos pratos são feitos. Fora isso não há grande mudança e assim como todo o longa o cenário vai ficando repetitivo e enjoativo. Tomadas externas mais longas seriam mais interessantes, até mesmo para criar um vínculo entre a dupla de protagonistas. Ao deixar ambos apenas naquele território dá um ar de sufocamento no telespectador e a dupla.
Gosto se Discute não é dos melhores lançamentos brasileiros no ano e provavelmente será esquecido em alguns meses, assim como ocorre com a maioria dos filmes de comédia nacionais. O que dá para tirar de lição é sim a tentativa de mudança de Kéfera para tentar um público novo, algo que possivelmente não ocorrerá com essa fraca produção.
Gosto Se Discute (Brasil – 2017)
Direção: André Pellenz
Roteiro: André Pellenz
Elenco: Cássio Gabus Mendes, Kéfera Buchmann, Gabriel Godoy, Mariana Ximenes, Paulo Gustavo, Paulo Miklos, Robson Nunes, Rodrigo López, Ronaldo Reis, Silvia Lourenço, Zéu Britto
Gênero: Comédia, Romance
Duração: 82 min
https://www.youtube.com/watch?v=UUXnXVHmfGw
Crítica | Mulher-Gato - Uma aberração que não funcionaria nem com nove vidas
A cada ano pelo menos três ou dois filmes de super-heróis inspirados em personagens de histórias em quadrinhos estreiam nos cinemas. Isso não era tão comum no início dos anos 2000 em que produções desse estilo estavam começando a cair nas graças do público. Foi nessa época que a Warner lançou o longa da Mulher-Gato, personagem icônica e importante do universo da DC Comics.
Provavelmente é um dos piores longas de super-heróis já feito e é uma das obras mais esquecíveis da DC nos cinemas. Uma tragédia do início ao fim, e os erros são tantos que é difícil encontrar algo de bom nele. É daqueles filmes que não deveriam nem ter sido lançados nas telonas.
Foi um grande erro a contratação de Pitof para dirigir uma produção de uma personagem tão importante dos quadrinhos. Pitof havia dirigido apenas um filme antes deste, que foi o regular Vidocq - O Mito. Portanto, não era nenhum estreante, mas claramente em Mulher-Gato mostrou não ter experiência suficiente, além de não ter consciência do que era a personagem nem o que significava a história de origem da personagem.
Muitas de suas escolhas foram equivocadas. Desde a seleção do elenco e escolha dos papéis, passando pelo figurino carnavalesco de Halle Berry e finalizando com uma trama banal e hedionda. Os personagens são horríveis e parece terem saído de um filme B de ação. Isso tudo alinhado ao roteiro, no qual Pitof não teve participação direta.
Foram sete os roteiristas escolhidos para assinar a obra. Tanta gente junta nunca é um bom sinal, em qualquer tipo de produção audiovisual, e o resultado não poderia ser algo além de um longa pessimamente escrito. Sua história é patética, a começar pela natureza da personagem.
Uma mulher simples, ingênua e insossa. Sem motivo algum encontra um gato em sua janela e em um dia que fugia de capangas que queriam a matar acaba por quase morrer afogada e acorda em um lugar cheio de gatos. A partir deste encontro com os felinos se torna a Mulher-Gato. O porquê dela ter se tornado a heroína e de onde veio a força ou o poder para a tornar uma mulher diferente não dizem em primeiro momento. Depois aparece uma mulher contando que havia toda uma linhagem de felinos poderosos e de outras mulheres-gato pelo mundo e que ela era por natureza uma dessas mulheres.
A partir do momento em que se torna essa nova pessoa passa a se meter em situações no mínimo cômicas. Há uma em particular que é bastante ridícula, em que entra em um bar vestida de catwoman (nome da personagem em inglês) e pede leite. Uma cena que não causa reação alguma, está lá apenas por estar entre tantas outras que vão aparecendo durante todo o tempo. Outro momento tragicômico é quando rouba uma moto e simplesmente vai roubar uma joia, isso do nada sem explicação ou motivação aparente.
Não apenas a personagem de Halle Berry é péssima. Todo o elenco secundário é fraco, incluindo Sharon Stone que segue o viés da vilã maldosa e sem escrúpulos. Sua personagem é fraca e sem ambição e sua interpretação assim como todo o resto é patética. Benjamin Bratt faz praticamente o mesmo papel já visto em outros filmes que atuou como policial, casos de Miss Simpatia e O Demolidor.
Assim como sua personagem é péssima, Halle Berry se mostrou tão ruim quanto seu papel. Dois anos antes de estrelar esta produção ela recebia o Oscar de Melhor Atriz em A Última Ceia. Sua interpretação é constrangedora e risível, ora rebolando, ora tentando ser sedutora ou malvada. Tudo muito forçado. Faz caras e bocas desnecessárias, além de seus diálogos e jeito de se expressar e agir soarem falsos.
Mulher-Gato é um filme que se assiste e depois de um tempo se esquece que viu. Não é uma obra à altura de uma personagem tão importante para as histórias em quadrinhos e para o Cinema/TV. A Mulher-Gato de Christopher Nolan é muito mais interessante e profunda, assim como Michelle Pfeiffer, que fez uma leitura sensual da personagem. Quando não há química entre direção, roteiro, elenco acontecem todas essas tragédias, que fazem com que a produção naufrague.
Mulher-Gato (Catwoman, EUA – 2004)
Direção: Pitof
Roteiro: Angus Strathie, Bob Kane, John D. Brancato, John Rogers, Michael Ferris, Theresa Rebeck, Thierry Arbogast
Elenco: Halle Berry, Benjamin Bratt, Sharon Stone, Lambert Wilson, Frances Conroy, Alex Borstein, Michael Massee, Byron Mann, Kim Smith, Christopher Heyerdahl, Peter Wingfield
Gênero: Ação, Fantasia
Duração: 104 min
https://www.youtube.com/watch?v=d6pJbjbRnAA
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Crítica | A Noiva - Um atentado ao bom gosto
Na semana do dia das bruxas não poderia deixar de ter a estreia de um filme de terror. A Noiva, produção russa e lançada por aqui com dublagem em português é com certeza um dos piores filmes de terror do ano.
Em seus primeiros quinze minutos a trama envolve o telespectador por trazer elementos que geram dúvidas e mistério. De início contam uma história interessante do hábito, que as pessoas tinham antigamente de tirar fotos dos mortos com o pensamento de que a alma do morto ficasse presa na chapa.
A tal noiva que dá nome ao título aparece logo de cara sendo fotografada por seu marido e em pouco tempo é enterrada. Dentro do caixão acontece algo misterioso e ela aparentemente volta a vida. É a partir daí que o longa começa a se perder. O diretor vai montando uma história de época bacana em que a noiva era o elemento central. Então, o diretor Svyatoslav Podgayevskiy decide dar uma quebrada no suspense e leva toda a trama para os dias de hoje.
Tudo que foi apresentado até então fica em segundo plano e passa a ser negligenciado, para só depois próximo do fim voltar a ser o foco central. O diretor ao levar de uma época para outra tirou toda a atenção da situação já criada e que até ali fluía bem.
Com esse corte somos apresentados aos dois protagonistas, Nastya (Victoria Agalakova) e seu marido. Ela viaja junto com ele a ponto de visitar sua cunhada. É lá que toda a história acontece. Precisam de uma virgem para que o espírito da noiva possa então a possuir e voltar a vida.
Nastya é uma personagem bastante fraca e forçada, e a atuação de Victoria não ajuda em nada para que a protagonista fique melhor. Seu marido não tem muito destaque, todos os holofotes são voltados para ela. A antagonista, que é a irmã de seu marido é muito mais interessante para o filme. Ela não é assustadora, mas sim misteriosa e parece ter um segredo guardado, que vai levando a história. Se não fosse por ela a história seria um fracasso total.
A estrutura narrativa é muito mal feita e mal trabalhada. Várias situações são jogadas sem serem discutidas ou analisadas. Por exemplo, o diretor ao abandonar a história de época (como dito acima) e ao levá-la para os dias atuais, precisava de um motivo para voltar a tratar do assunto abordado de início. A ideia foi pegar a personagem de Nastya para fazer ela voltar ao tempo. Só que não explicam como ela faz isso, nem o porquê dela ter uma relação com os tempos antigos. Simplesmente jogado sem se aprofundar no assunto.
A noiva em si, que dá nome ao filme aparece no máximo por cinco minutos e nada faz a não ser dar gritos. O trailer foi bastante enganador ao dar a entender que o espírito dela estaria muito presente na história.
Svyatoslav Podgayevskiy dá destaque para Nastya, e não explica quem é a noiva, o que ela quer e nem o que planejavam fazer com Nastya. Tudo isso jogado sem cuidado nenhum, uma aglomeração de ideias mal discutidas e desenvolvidas que deixaram mais dúvidas que explicação.
É um longa bastante óbvio em seus sustos, em nenhum momento dá medo e até mesmo o suspense é deixado de lado na tentativa de ficar jogando elementos novos. O cinema russo já teve muitas produções atraentes, mas no gênero de terror ainda não se encontrou.
A Noiva (Nevesta, Rússia, 2017)
Direção: Svyatoslav Podgayevskiy
Roteiro: Svyatoslav Podgayevskiy
Elenco: Victoria Agalakova, Aleksandra Rebenok, Igor Khripunov, Miroslava Karpovich, Valeriya Dmitrieva, Vera Biryukova, Vyacheslav Chepurchenko
Gênero: terror, thriller
Duração: 93 min
https://www.youtube.com/watch?v=lb9D93Y9FfI
Crítica | As Aventuras do Capitão Cueca: O Filme - Uma Sonolenta Aventura de super-herói
A maioria das animações lançadas nos últimos anos tendem a trazer mensagens positivas de superação e aceitação, e quase sempre são feitas de forma a entreter e divertir a quem assiste. Não é diferente com o novo As Aventuras do Capitão Cueca: O Filme uma animação, que provavelmente não tenha a atenção de parcela do público infantil, que é o foco da produção.
Crianças e adolescentes geralmente assistem a esse tipo de filme esperando se alegrar e dar risada, mas o filme é tão frio nessas situações que provavelmente não consiga o tempo delas. Entre Pica-Pau e Capitão Cueca é quase certo que vão escolher a primeira opção por ser um personagem icônico e já conhecido do grande público. O que não é o caso da animação da DreamWorks, mesmo sendo famoso não é lembrado por todos.
A história foi Inspirada na série de livros do autor Dav Pilkey, que criou os desenhos justamente quando frequentava o ensino fundamental. Logo fez fama com a publicação e acabou produzindo vários livros, que serviram de ponto de partida para esse longa. É uma reprodução fiel da obra, desde a concepção da origem do personagem até a inserção dos dois garotos na trama.
George & Harold são dois amigos que se conheceram há algum tempo no colégio e desde então não se desgrudam um do outro. Vivem fazendo brincadeiras de todos os tipos no colégio , e isso deixa o diretor Krupp enfurecido. Ele é totalmente contrário a diversão dos garotos e faz de tudo para que a escola tenha uma grade rígida contra brincadeiras. Até que toma a decisão de castigá-los e separá-los os colocando em sala diferente. Tudo para evitar que continuem fazendo gracinhas e fujam da cartilha rigorosa da instituição.
A ideia é criticar o colégio e o jeito como o diretor cuida de lá, quase como um ditador, não permitindo que pintem, desenhem ou qualquer outro exercício que seja lúdico. Há até uma cena parecidíssima com o clipe da banda inglesa Pink Floyd "Another Brick in The Wall", em que as crianças andam de cabeça para baixo sem desejo ou vontade alguma. Todo esse rigor é simbolizado na imagem do diretor, que parece ser o personagem principal.
Como diretor é bravo, sem vida social, nem amigos. Os garotos usam um anel de salgadinho nele que não teria nenhum efeito prático, mas acontece o contrário e ele acaba se tornando o super-herói Capitão Cueca. Os garotos sempre quando estavam juntos desenhavam a hq do capitão cueca e sempre ficavam imaginando como seria se ele se tornasse realidade. Esse herói se torna alegre, feliz e totalmente sem noção das coisas que faz. Para voltar a ser o diretor basta jogar água em seu rosto e para voltar a ser o capitão cueca é só estalar os dedos. Assim os dois acabam controlando o diretor.
Por ser uma produção infantil o surrealismo está bastante presente criando certas situações cômicas que não fogem do lugar-comum. Algumas pontas ficam soltas como de onde teria saído o tal anel e que poderes ele teria para transformar o diretor em capitão cueca ou porque ele era tão rigoroso com as crianças. É um personagem que não foi tão bem desenvolvido quanto os garotos, mesmo sendo vendido como o personagem principal. Trabalham bem o ambiente de trabalho dele, mas não fazem ele interagir com ele como Toy Story faz ao fazer os brinquedos descobrirem a casa em que vivem.
Como todo filme de super-herói tem um vilão também. E claro que ele seria o o professor louco de ciências, que deseja abolir a risada de todas as crianças da escola. Aqui se aprofundam na questão da diversão em um lugar que não há espaço para isso, e que um lugar reprimido vive sem cor nem vida. Não vão a fundo nisso, apenas apresentam os fatos e vão indo adiante sem voltar a discutir a questão. Há passagens que mostram que o colégio com liberdade tem um ambiente mais alegre e livre.
O CGI empregado é muito competente e bem feito, indo de encontro com o que a DreamWorks costuma fazer em suas animações. A qualidade é tão boa que isso que não faz que a você perca o foco com a história, que é bastante chata e sonolenta. O andamento da narrativa é o mais problemático aqui, ficam nisso de como fazer para se divertir na escola e não apresentam nada de novo. É a mesma coisa o filme inteiro, até por isso inserem o vilão para ver se acontece algo de diferente.
Os personagens são caricatos e com formas mais humanas e expressivas que a de outras produções lançadas esse ano. Há certa simplicidade nos traços e não vão além do suficiente para caracterizar os personagens. Falta emoção e humor, e em alguns momentos as situações em que estão presentes soam falsas e bastante irritantes. Difícil chegar ao final sem quase cochilar de tão bobo que fica.
O que deixa o filme mais chato do que já é são os personagens. George e Harold são duas crianças mimadas que ficam causando em sala de aula, e sem motivação alguma criam um super-heróis apenas para continuar bagunçando em sala de aula. Havia espaço para uma presença feminina que não existe, também poderiam ter aproveitado melhor o personagem de Melvin e criado nela a imagem de vilão, sem precisar colocar o professor na história.
As Aventuras do Capitão Cueca: O Filme (Captain Underpants: The First Epic Movie, EUA – 2017)
Direção: David Soren
Roteiro: Dav Pilkey, Nicholas Stoller
Elenco (Voz): Kevin Hart, Thomas Middleditch, Brianni Walker, Brian Posehn, Chris Miller, Ed Helms, Jordan Peele, Tifanny Lauren
Gênero: animação
Duração: 90 min
https://www.youtube.com/watch?v=j9octn8jaCA
Crítica | O Culto de Chucky - Um filme ridículo
Assim como ocorre em quase todas franquias de filmes de terror é comum que o primeiro longa seja bastante impressionante, e as continuações sejam repetitivas e nada originais. Esse é justamente o motivo que faz com que certas produções passem a ser adoradas pelo público com o passar do tempo. Esse é o caso da franquia envolvendo o boneco Chucky, que começou com o bom Brinquedo Assassino e passou a ter sequências esdruxulas.
É estranho que uma produção que nasceu tão original e assustadora possa ter continuações que descambaram para a violência desnecessária, e para histórias tão absurdas que se tornaram simplesmente ruins. É o caso de O Culto de Chucky, que começou bem, mas acabou de uma forma tão banal quanto ridícula.
A história é uma continuação direta de A Maldição de Chucky. Nica (Fiona Dourif) é a personagem cadeirante que sobreviveu ao massacre do filme anterior. Ela é levada a um sanatório e lá precisa fazer terapia em grupo usando o boneco Chucky. Esse não era Chucky e sim um boneco qualquer.
O Chucky original dá um jeito de entrar lá e passa a matar todos que encontra pelo caminho. Só que aqui há uma mudança que provavelmente vá mudar tudo nos próximos longas da franquia, e que irá desagradar bastante os fãs. Charles Lee Ray encorpado no boneco consegue fazer cultos e transformar outros bonecos do "cara legal" em vários bonecos Chucky. Em vez de ter um agora terá três brinquedos assassinos.
Essa adição de vários bonecos foi um tremendo tiro no pé e praticamente matou a franquia. Acharam que um boneco já não causava o mesmo impacto de antes no público, e colocando outros amiguinhos junto daria uma sensação maior de pânico e suspense.
De início até parece uma boa ideia, o problema foi a execução. Todos bonecos são Charles Lee Ray e o diretor claramente não tem ideia do que fará com todos eles, tanto que no final muda tudo novamente apontando que aquilo será a continuação para um próximo filme.
A ideia do primeiro Brinquedo Assassino era a de que o boneco precisava do corpo de Andy para mudar sua alma para o corpo do garoto pelo único motivo do boneco estar se tornando humano. Precisava ser com Andy porque ele era o primeiro garoto que ele havia tido um contato. Só que nos últimos filmes da franquia tudo mudou e Andy deixou de ser o foco.
O personagem de Andy antes escanteado agora recebe maior atenção. Não é o principal, mas tem relevância para a cena inicial e cena final sendo inserido já pensando em um propósito maior para o personagem. Foi muito mal aproveitado para um protagonista que antes era bastante importante.
Don Mancini volta para dirigir e roteirizar sua criação. Ele é o responsável pelo roteiro do primeiro longa e do anterior a esse. Só que ele comete muitos erros justamente com o roteiro. A história é mal construída com vários furos e com trechos sem explicação alguma. Para começar colocou Andy torturando a cabeça de um boneco vivo. Não se sabe porque ele está com aquela cabeça e nem se deram ao trabalho em mostrar a relação entre ela e os outros bonecos. Uma cena totalmente desnecessária, feita apenas para inserir Andy na trama.
Outra explicação que nem chegou a ser questionada é de onde veio esse poder sobrenatural que ele passa para todos os outros bonecos. Nem se dão ao trabalho de dizer qual é o verdadeiro Chucky, são tantos bonecos que chega a dar uma confusão, claro que Mancini deu um jeito e fez cada boneco ter uma aparência diferente, um sem braço, outro inteiro e um terceiro com o cabelo cortado. Essas respostas são relevantes para o andamento do filme, mas Mancini parece não se preocupar em contar nada. Vai apresentando esses fatos e não se importa com o andamento da narrativa, apenas se preocupara em fazer Chucky matar todo mundo.
É comum em filmes de terror com assassinos que haja uma matança generalizada, mas é interessante quando esses assassinatos são justificados. Chucky sempre foi apresentado como um boneco cruel e sádico, mas nas últimas produções ele praticamente se tornou um serial killer sem motivação. Mata apenas para se divertir, sem focar no objetivo inicial que era entrar no corpo de Andy, e que recentemente passou a ser o assassinato de Nica.
O terror foi abandonado desde brinquedo assassino 2 e em A Maldição de Chucky houve uma tentativa em trazer o terror novamente, algo que havia sido abandonado para dar uma tom mais de comédia para as produções, isso ocorreu mais especificamente em Brinquedo Assassino 3 com continuidade em A Noiva de Chucky. Por sinal, é bom que quem não assistiu a noiva de chucky que assista, tem uma relação direta com esse novo filme.
O design do boneco foi melhorado, deixando ele mais jovem e com o aspecto de inocente e ingênuo, diferente das versões anteriores em que aparecia com o rosto todo costurado. Quanto aos personagens todos são bastante rasos e sem nenhum comprometimento com a trama. Bons personagens são abandonados sem que tenha um trabalho melhor com eles.
Arrastado, cansativo e repetitivo da metade para o final. O que ia bem até a descoberta dos múltiplos chuckies se torna uma catástrofe e joga no lixo tudo o que construiu. Não basta fazer um filme com apenas uma história diferente, querem acrescentar elementos novos pensando em futuras continuações. O Culto de Chucky está longe de ser o clássico que foi Brinquedo Assassino, e pior é provavelmente haverá mais sequências desnecessárias.
Escrito por Gabriel Danius
O Culto de Chucky (Cult of Chucky, EUA, 2017)
Direção: Don Mancini
Roteiro: Don Mancini
Elenco: Adan Hurting, Alex Vincent, Brad Dourif, Fiona Dourif, Jennifer Tilly, Michael Therriault, Aidan Ritchie, Allison Dawn, Grace Lynn
Gênero: suspense, terror
Duração: 91 min
Crítica | Pelé: O Nascimento de Uma Lenda - Era melhor não ter visto o filme do Pelé
Edson Arantes do Nascimento, ou Simplesmente Pelé, é uma lenda não apenas do futebol, mas também do esporte. O futebolista tem seu nome marcado na história e se consagrou por bater recordes e ganhar títulos importantes. Não à toa muitas produções são feitas a respeito do Rei do Futebol, mas grande parte delas não fazem jus a fama do jogador, e Pelé: O Nascimento de uma Lenda é um destes filmes. Produção americana, que foi lançada no exterior sem uma grande receptividade de público e de crítica aqui recebeu o mesmo tratamento.
Isso se deve pelo único motivo de o filme ser ruim. A começar que é uma cinebiografia contada pela metade, até a copa de 1958, quando Pelé se sagrou campeão mundial pela primeira vez jogando pela seleção brasileira aos 17 anos, sendo assim o jogador mais novo a conquistar a copa do mundo com essa idade.
Falhas e mais Falhas
Na trama, acompanhamos o Rei do futebol desde sua infância como jogador. Da Várzea em Bauru até o dia que fez o primeiro treino no time do Santos. Passamos a acompanhar sua caminhada do time juvenil do peixe até o dia em que é convocado para a copa do mundo de 1958. A grande questão disso tudo que apresentado é que os diretores Jeff Zimbalist e Michael Zimbalist conseguiram transformar uma produção com uma história interessante em um longa sem alma e sem inspiração.
É de entendimento que a vida de Pelé foi rica de grandes momentos esportivos e com muitos momentos marcantes e reflexivos. Focar em apenas um período de sua vida foi uma escolha equivocada dos diretores, mesmo que seja de entendimento da dupla o de apresentar os caminhos traçados para ele se tornar jogador. Podiam ter montado o filme em capítulos, começando pela fase no Santos e passando pela seleção, ou simplesmente poderiam ter usado um artifício de roteiro que seria o de pular épocas em sua vida, assim poupariam dinheiro e não precisariam contar toda a vasta trajetória de Pelé no futebol. O resultado de se focar em apenas uma parte da vida do ídolo foi o de se tornado em um longa vazio.
Algo que chama a atenção no roteiro é o fato dos cineastas terem perdido tempo demais contando a vida de Pelé em detalhes. Perde-se muito tempo apresentando sua origem em Bauru e também quando era jogador do Santos, e apenas um breve período com a camisa da Seleção Brasileira.
Outro fato que contribuiu para o longa não ser um sucesso foram as incongruências históricas. Em filmes de época acontece de fatos serem alterados ou omitidos pelos diretores pelos mais variados motivos como, por exemplo, dar maior emoção a trama ou o deixar a cena mais empolgante. Só que aqui os cineastas erraram feio em fazer mudanças que causam no mínimo estranheza a quem é mais entendido por futebol.
Roteiro Fraco
O roteiro nos mostra que já existia cartão amarelo na época, sendo que o objeto só viria a existir doze anos depois. No filme, o jogo da Seleção na copa de 1958 é transmitido pela TV, todo o país assiste emocionado a transmissão. Essa outra falha bizarra, pois a transmissão pela TV não existia ainda no Brasil, só com a chegada da TV Tupi feita por Assis Chateaubriand que teríamos acesso a sua programação. A transmissão no Brasil era exclusivamente via rádio.
Para finalizar, transformam José Altafini, o Mazzola em vilão da história. O rapaz rico que maltratava Dico (Pelé quando criança) e que virou arqui-rival dele já na Seleção. Mazzolla tinha um estilo europeu de jogar, tanto que mudou para a Itália e disputou a copa pelo país. Nem o técnico Feola escapou de ser mostrado como um antagonista, que era contrário a "ginga" brasileira. São falhas bastante imperdoáveis para uma produção que pensa em contar a vida de Pelé, ainda mais uma falha montada por dois documentaristas. Percebe-se que há ali um olhar estrangeiro deturbado da realidade do estilo de jogo dos brasileiros. A tal ginga que tanto se fala no filme é tratada como se fosse o "cosmo" mostrado no desenho Cavaleiros do Zodíaco. Ter a ginga é algo poderosíssimo que o transforma praticamente em um super-herói.
Os diretores Jeff Zimbalist e Michael Zimbalist já trabalharam com produções esportivas, portanto não são inexperientes na área. Mas fazer um filme sobre o rei do futebol é um desafio e tanto, ainda mais o de reproduzir cenas de futebol, algo muito difícil de ser feito no cinema e que poucos diretores ousaram fazer. As cenas aqui não empolgam, mostram Edson Arantes do Nascimento driblando e fazendo gols bonitos e não foge a isso.
Um Filme Sem Ginga
Um filme sobre o maior jogador do Brasil e que é reverenciado pelo mundo é falado não na totalidade em inglês. A dupla de cineastas decidiu mesclar falas em inglês misturado com português, e isso não se sabe o porquê. Esse pequeno detalhe é um dos motivos por fazer o espectador perder um pouco da vontade em continuar assistindo a uma produção de um ídolo nacional falado em outra língua.
O elenco conta com artistas brasileiros experientes como Milton Gonçalves, Rodrigo Santoro e Seu Jorge. Mesmo assim a atuação deles não passa do básico e superficial. Rodrigo Santoro apareceu em apenas uma cena rápida e nada mais que isso. já Kevin de Paula (Pelé aos 13 anos) se mostra bastante fraco na interpretação de Pelé, fazendo caras e bocas que nada ajudam o personagem.
Pelé: O Nascimento de uma Nação tem uma estrutura narrativa fraca e que não lembra em nada o clássico O Milagre de Berna (2003), em que a história é apresentada do ponto de vista de um garoto que sonha em acompanhar a seleção da Alemanha na copa do mundo de 1954. Enfim, era melhor não ter visto o filme do Pelé, na realidade, era melhor que o longa nem tivesse saído do papel.
Pelé: O Nascimento de Uma Lenda (Pelé: Birth of a Legend, Estados Unidos - 2016)
Direção: Jeff Zimbalist, Michael Zimbalist
Roteiro: Jeff Zimbalist, Michael Zimbalist
Elenco: Charle Myara, Colm Meaney, Diego Boneta, Julio Levy, Kevin de Paula, Leonardo Lima Carvalho, Rodrigo Santoro, Milton Gonçalves, Seu Jorge
Gênero: Biografia, Drama, Esporte
Duração: 107 minutos
https://www.youtube.com/watch?v=WcCLwRiRRlU&ab_channel=CinemasNOS
Crítica | Mulheres Divinas - Libertação Política e Social
*Este filme foi visto na 41ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
1971 foi um marco político e social para as mulheres suíças. Neste ano elas conseguiram, depois de muita luta e reivindicação, ganhar o direito ao voto. Até então, eram impedidas de votar e tinham que se dedicar exclusivamente às tarefas domésticas de passar, lavar e cuidar dos filhos e do marido. Isso mudou depois que uma votação foi feita para que pudessem gozar dos seus direitos.
Esse é o tema principal de Divinas Mulheres, uma boa produção que busca discutir um tema bastante relevante para a sociedade. Ele não fica só no fato de contar a história das mulheres, tenta abordar a importância delas, a sua independência e como foi o caminho até essa conquista.
A história se passa em um vilarejo na Suíça em que Nora (Marie Leuenberger) vive como se fosse uma funcionária do marido. Ela quer trabalhar e começa a desafiar os costumes da época e sua família para que consiga não apenas o direito ao trabalho, mas também ao voto. O que começou com algo pequeno cresceu e outras mulheres aderiram ao movimento até chegar a uma greve, a qual deixou os maridos em casa cuidando do lar, enquanto elas estavam reunidas em uma casa.
A diretora Petra Biondina Volpe tem poucas produções em seu currículo, mas isso não quer dizer que seja inexperiente, já que trabalhou com curtas e um longa. Sua direção é competente na hora de apresentar os fatos e criar subtramas para demonstrar como a mulher era tratada naquela época.
Ela faz uma mescla entre vários tipos de situações: a garota que é levada para a prisão por sair com outros rapazes, a esposa submissa que permite o marido fazer tudo o que deseja, a estrangeira independente que traz um novo discurso para a cidade provinciana. Todas essas relações são mostradas no seu próprio tempo e dão ênfase na importância da independência feminina. No entanto, não há muita profundidade nas questões das relações familiares. Em alguns momentos, a história soa superficial por focar demais na vida de Nora e deixar de lado as outras personagens.
A trilha sonora é um ponto a se destacar. Composta por artistas femininas como Peggy Scott, Aretha Franklin e Lesley Gore, ela dialoga com as cenas mostradas e complementa a fala das personagens.
Outro acerto é mostrar como as mulheres nessa pequena cidade da Suíça estão completamente isolada do restante do mundo. Em outras grandes cidades suíças, como Zurique, havia manifestações rotineiras pela luta da libertação feminina, enquanto no vilarejo nem se pensava a respeito do assunto. O filme poderia ter ido mais além e até apresentar mais elementos da influência da cidade grande em relação à cidadezinha. Apenas alguns momentos são mostrados, como a hora em que Nora ganha livros falando sobre o voto feminino.
As cores são belamente trabalhadas na produção. O figurino, a fotografia, os objetos de cena e o cenário vão mudando os tons e acompanhando a luta das personagens, indo do quente para o frio, demonstrando que as mulheres estão tomando consciência de que não é apenas o direito ao voto que está em jogo.
No terceiro ato é que acontecem as maiores falhas. A diretora parece não saber aonde quer chegar. Fica dando voltas e voltas, mostrando que os homens não são nada sem as mulheres, algo que ela já havia abordado antes e que retorna. Depois de um tempo fica vazio e repetitivo, além de não acrescentar nada de novo para a trama.
Há uma mensagem perto do fim que soa contraditória com tudo que ela havia nos dito até então: quando a cozinheira italiana diz para Nora que não consegue se separar porque não pode viver sozinha. Essa cena em especial pareceu bastante jogada, não foi trabalhada e trouxe um outro debate que não foi discutido.
Se aproximando do final, a narrativa fica mais corrida. Tanta informação é jogada que parece que a diretora precisava finalizar o filme o mais rápido possível. Ao fim da votação, é mostrado rapidamente que tudo voltou ao normal facilmente. Todavia, é sabido que essa abertura para as mulheres não foi tão simples assim.
Mulheres Divinas (Die Göttliche Ordnung, Suíça - 2017)
Direção: Petra Biondina Volpe
Roteiro: Petra Biondina Volpe
Elenco: Marie Leuenberger, Bettina Stucky, Marta Zoffoli, Maximillian Simonischek, Rachel Braunschweig, Sibylle Brunner
Gênero: Comédia, Drama
Duração: 96 minutos
https://www.youtube.com/watch?v=LtwJFoSg96I
Crítica | Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola - Uma Comédia de (Muitos) Erros
Danilo Gentili é um dos humoristas mais populares de sua geração. Ele, assim como muitos outros, nasceram ou na internet ou em shows de humor de stand up comedy. Sempre foi a favor de que o humor não tenha limite e de que o politicamente correto é desnecessário. No filme Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola o ator faz aquilo que os fãs buscam em suas produções, com um roteiro que soa como uma provocação para aqueles que defendem o politicamente correto.
Dirigido por Fabrício Bittar, o longa e é baseado no livro de autoria do próprio Gentili e falha ao tentar adaptar uma história que é bastante discutida no cenário atual. Hoje em dia vivemos em um mundo totalmente diferente de dez, vinte, trinta anos atrás. A escola em cada época foi diferente e não só ela, mas o jeito de ensinar e até mesmo os alunos que viviam em um tempo sem celulares e sem internet tinham um comportamento diferente. e a ideia era a de fazer um humor escrachado com a sociedade atual.
Um tema que é muito debatido atualmente e que antigamente não era nem se quer de conhecimento público é a questão do bullying, que é o ato de praticar "zoeiras" excessivas contra uma pessoa por causa de sua cor, raça ou religião. Gentili e o diretor até tentam organizar uma crítica ao politicamente correto, mas falham miseravelmente. Fica claro nas frases dos personagens, principalmente dos protagonistas, que não há um aprofundamento nessas discussões.
Na trama, os estudantes Bernado (Bruno Munhoz) e Pedro (Daniel Pimentel) são dois alunos que vivem o cotidiano normal de dois alunos em uma escola. Precisam fazer as tarefas de casa e ir bem nas provas. Pedro não vai bem no colégio, antes era o melhor aluno da escola, mas depois da morte de seu pai, seu rendimento despenca. Já no nono ano se torna uma decepção, tanto para os professores como para o diretor (Carlos Villagrán) que cobra atenção do garoto para que tire um 10 na prova final, só assim passaria de ano. Essa é a missão de Pedro, estudar para tirar um dez. É então que encontra uma caixa com objetos antigos e vai procurar o dono desses objetos junto com seu amigo.
Essas bugigangas eram do personagem de Danilo Gentili que estudou na escola há muito tempo. Na época, era o pior aluno da escola. Ele treina os dois garotos para se tornarem os piores alunos da escola. É a partir do momento que Pedro encontra o personagem de Gentili que toda a trama começa a fluir. O garoto então inocente tem o caminho desvirtuado e aprende a fazer todo o tipo de coisa para infernizar a vida dos professores e do diretor. Ele dá aulas de como deixar de ser um "cabaço" e parar de ser certinho e começar a ser mais malandro.
Danilo Gentili sempre teve seu nome envolvido em polêmicas. A última é que teria dado vodka, por acidente, para Maisa beber em seu talk show The Noite. No filme não poderia ser diferente, há algumas cenas que chamam a atenção por serem polêmicas. A primeira é quando o personagem de Bruno Munhoz tem que pegar no pênis de Fábio Porchat logo no início. Já a outra envolve um garoto praticar terrorismo contra a escola no final do filme. Essas foram escolhas do diretor junto com Danilo Gentili para que fossem filmadas. Elas podem chocar em um primeiro momento, mas depois você percebe que tudo aquilo está inserido dentro do contexto que o longa apresenta.
Gentili não esta nem aí em chocar o público. O politicamente incorreto é o que prevalece com cenas escatológicas, garotos bebendo álcool e até mesmo bullying pesado contra os professores. Só que a maioria dessas partes não são engraçadas e por ser uma comédia isso é uma falha grave. O humor que tanto fez a fama do apresentador aqui é fraco e raso. Precisa forçar ao extremo as situações para trazer a risada. Gentili apenas ensinou os garotos a serem os piores alunos da sala por que quis, não teve uma motivação aparente.
Outro assunto debatido no filme sem muita profundidade, é a de qual seria a real função da escola. Coloca os professores e os próprios métodos de ensino como arcaicos e apresenta os magistrados como sendo todos ultrapassados. De início é uma cena bastante inteligente, mas depois se excede e acaba ficando repetitivo, e o diálogo com o porque precisamos ir à escola para estudar fica em segundo plano dando lugar a busca do garoto por Gentili.
Depois que Danilo entra em cena é que entendemos qual a real história que o filme quer contar. Os garotos o encontram e pedem para que os ajudem a tirar dez na prova final. Só que Gentili tem desavenças com o antigo diretor e quer de alguma forma se vingar dele e vai usar os garotos para o atingir. O que antes parecia um filme se tornou outro, seria até o caso de pensar se o uso do personagem de Danilo era realmente útil para o longa e se não seria melhor focar nos garotos na escola e colocar um vilão em seu lugar, que seria obviamente Carlos Villagrán.
Por sinal, o uso de Carlos Villagrán (o eterno Kiko de Chaves) como antagonista é um acerto. Foi ótimo vê-lo em um papel que não seja o mesmo que fez em quase toda sua carreira profissional. Há até uma piada muito bem jogada sobre isso em uma discussão entre Gentili e Villágran. Ele está ótimo como diretor, seria bastante interessante terem usado ele como um vilão que atormenta os garotos, aqui ele está mais para um disciplinador que para um diretor cruel. Outro que apareceu pouco, mas muito bem foi Fábio Porchat, que interpreta um homem tarado com forte tendências para abusar de crianças. Mesmo sendo um personagem jogado ali e sem propósito, tem sua graça, principalmente na cena final que realmente foi hilária.
Já a atuação de Danilo Gentili ficou muito superficial sendo ele mesmo. Quem vai ao cinema assistir a um filme com o humorista quer vê-lo fazendo mais do que já faz no Talk Show. Sua atuação é engessada e não tem uma presença que seja a altura de Villágran. A única cena que os dois são colocados juntos fica clara a diferença de atuação entre os dois.
Obviamente, a produção não é para o público infantil, mas sim para adolescentes e adultos que sejam fãs de filmes politicamente incorretos ao estilo American Pie ou Superbad. Gentili ganhou bastante experiência aqui e deve aprender uma lição que é a de que fazer humor de talk show é diferente de fazer humor para o cinema, a linguagem é diferente de um para outro.
Não se vê nenhuma piada espetacular por parte dele, há alguns momentos cômicos e só. Gentili crítica quem fica dando sermão sobre bullying e sobre o politicamente correto e esqueceu de que era uma comédia que podia ter sido muito melhor explorada. É uma boa produção que sai do lugar comum das comédias brasileiras. Ele tenta chamar a atenção para algo que seria a mudança do comportamento da sociedade, principalmente em relação aos adolescentes de que o politicamente correto estaria deixando os jovens muito certinhos.
Escrito por Gabriel Danius
Como se Tornar o Pior Aluno da Escola (Brasil – 2017)
Direção: Fabrício Bittar
Roteiro: Danilo Gentili, do livro Como Se Tornar O Pior Aluno da Escola
Elenco: Bruno Munhoz, Danilo Gentili, Carlos Villagrán, Moacyr Franco, Fábio Porchat, Daniel Pimentel, Raul Gazolla, Joana Fomm, Rogério Skylab
Gênero: Comédia
Duração: 90 minutos
https://www.youtube.com/watch?v=OvKBWgMDHZ0
Os Fantasmas Se Divertem 2 | Roteirista é contratado para a produção
Segundo o Deadline informou o longa Os Fantasmas Se Divertem 2 contratou o novato roteirista Mike Vukadinovich para assinar a continuação, antes ele havia roteirizado o filme Rememory, ainda não lançado por aqui.
Há poucas informações a respeito da produção e não disseram se Tim Burton volta para dirigir a sequência nem se Michael Keaton irá voltar como antagonista. Também não houve definição sobre a data de lançamento de início das filmagens. Há muito a Warner especula fazer uma continuação e agora com a contratação de um novo roteirista pode ser que tudo comece a caminhar.
Raio Negro | Edwina Findley entra para o elenco da série
Segundo o Deadline, a atriz Edwina Findley (Middle of Nowhere) foi confirmada para fazer parte do elenco da nova série Raio Negro. Ela fará a personagem Tori Wahel que vai descobrir durante a trama ser bastante poderosa, assim como seu irmão Tobias.
Recentemente a atriz Jill Scott foi contratada para viver a personagem Lady Eve na série. Nas palavras do produtor executivo Salim Akil: "Edwina é um talento fantástico, e estou muito animado que ela está se juntando a nós"
Baseado em um personagem da DC criado por Tony Isabella com Trevor Von Eeden Raio Negro irá contar a história de Jefferson Pierce, que há algum tempo deixou de usar seu uniforme. Depois de sua filha procurar justiça e uma estrela ser recrutada por uma gangue local, ele decide voltar a usar o uniforme.
