O mundo não esperava a revolução que Christopher Nolan traria para o cinema de super-heróis em 2005. Olhares incrédulos por todo o canto. Não podia ser tão bom do jeito que todo mundo falava. Com a sombra dos tenebrosos filmes de Joel Schumacher pairando pelos ombros da Warner Bros, Batman Begins havia restaurado a imagem do maior personagem da DC, estabelecendo um novo padrão que viria alterar não só o gênero de super-heróis, mas toda a indústria cultural.
Calcando-se no realismo e uma pegada mais adulta, o filme de 2005 enfim trouxe a dignidade que o Batman merecia, sendo o maior esforço já feito por sua imagem desde que Tim Burton apresentou sua Gotham City expressionista e escura após o Batman dançante da série de TV com Adam West.
E pensar que quase não tivemos uma continuação. Mesmo que tenha tido um impacto forte entre os fãs e a crítica, o novo Batman não era exatamente uma máquina de fazer dinheiro. Seu tom mais adulto e a fotografia sombria de Wally Pfister certamente afastaram a parcela do público que esperava algo mais colorido e amigável, e o fato de não termos vilões marcantes ou realmente físicos atrapalharam a campanha de brinquedos – ainda que o batmóvel Tumbler tenha sido um sucesso na Hot Wheels. Dessa forma, foi só quando o filme estourou no mercado home video que a Warner felizmente optou por dar sinal verde e encomendar uma continuação para Batman Begins, que nos levaria além daquela misteriosa conclusão onde Gordon entrega uma carta de baralho ao Batman, fazendo uma promessa de que veríamos o Coringa daquele universo novo e fascinante.
Mas nada e ninguém poderia prever o que aconteceria três anos depois.
O filme que consagraria Christopher Nolan e transformaria para sempre a escala dos filmes de super-herói veio a ser Batman: O Cavaleiro das Trevas. O transtorno causado poucos dias depois da estreia, é algo que sempre vou lembrar pelo resto da vida. Um inferno que se repetiria em Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge, mas até aí, já era algo esperado. A surpresa realmente chegou com o segundo filme que se manteve até o longa atingir a marca histórica do bilhão na bilheteria internacional.
Sempre há essa enorme dúvida que circunda a qualidade de um clássico contemporâneo, afinal pode O Cavaleiro das Trevas ser o melhor filme do gênero, além de se garantir como um dos melhores do século? A partir do meu ponto de vista, creio que sim. Nolan e sua trilogia do Batman ensinaram muita coisa para o gênero, mas a indústria seria ditada pelas tendências de Kevin Feige naquele mesmo ano com Homem de Ferro.
Claro que grande parcela da culpa sobre a hegemonia da estética atual da Marvel com filmes descomprometidos ou alguns que mais se assemelham a enlatados completos como Thor: O Mundo Sombrio, é também da Warner e sua total falta de planejamento em cronograma e linha estética sobre qual caminho seguir – e isso pelo jeito pode mudar de novo com as mudanças de Joss Whedon em Liga da Justiça, filme que culminaria essa “primeira fase” do universo compartilhado da DC.
Portanto, aqui nem cabe mesmo comparar uma coisa a outra. A trilogia Batman tem sua própria pegada de narrativa, escopo e estética. Elementos que são sim muito melhores trabalhados aqui em três filmes do que em qualquer outro de super-herói que foi lançado nesses últimos cinco anos. Para chegar nessa conclusão, nem é preciso muito esforço. Apenas compare o tanto de cenas icônicas que você se lembra de qualquer filme da trilogia Nolan com as mais barulhentas set pieces de outros lançamentos, sejam DC ou Marvel.
É um fato gigantesco que esses três filmes se destacam em praticamente tudo e se tornaram marcos do que poderia ter virado uma indústria de espetáculo. De fato, a era do blockbusters ainda aposta pesado no espetáculo, mas digamos que a cada filme, as coisas ficaram parecidas demais para despertar emoções tão fortes como essa trilogia tinha conseguido na época.
Mas superado esse assunto, o que realmente importa aqui nessa análise é celebrar o quão excelente é O Cavaleiro das Trevas, uma verdadeira obra-prima de Christopher Nolan.
Ordem
Não demora nada para sacar que o roteiro de Jonathan e Christopher Nolan em parceria com David Goyer é uma das boas pérolas que o gênero já trouxe. Seguindo uma convenção estrutural de trilogias, o segundo capítulo realmente traz o pior para a cruzada de Bruce Wayne como Batman. Para isso, é bastante simples: criar um antagonista que ameace não apenas a existência do herói, mas que consiga ameaçar o próprio espírito do protagonista.
O Cavaleiro das Trevas é um filme sobre o Coringa, mesmo que ele seja o personagem coadjuvante. O filme começa nele para que compreendamos toda a sucessão de eventos ocorridos a partir daquele primeiro assalto. Muitas coisas importantes são estabelecidas ali na introdução que praticamente anunciam como a narrativa se comportará. As muitas reviravoltas imprevisíveis e a completa subversão da lógica enquanto delineia uma racionalidade insana para os planos do vilão.
Todo o primeiro ato, do qual pretendo comentar sobre nesse segmento, funciona como um filme por si próprio. Temos três introduções para estabelecer as linhas narrativas paralelas que guiam todo o roteiro: a do Coringa, Batman e Havey Dent. Sem focar excessivamente no Coringa, os roteiristas deixam claro que o personagem está sempre um passo à frente dos outros dois, representantes da Ordem e da Lei.
Em uma cruzada pessoal, tanto para Batman quanto para Harvey, há um grande foco na caçada aos mafiosos da família Falcone. A ameaça do Coringa já é conhecida por Batman, muito bem avisado por Gordon, mas o herói toma atitudes negligentes. O erro que o vigilante comete por subestimar um inimigo desconhecido é implacável tanto que quase todos os confrontos seguintes têm como resultado a completa derrota de Batman.
Sabendo que os atos restantes seriam consumidos pela relação do Batman com o antagonista, sabiamente há o estabelecimento de motivações importantes, além de situar o triangulo amoroso entre Bruce, Harvey e Rachel. Apesar de nunca exposto por diálogos do ponto de vista de Bruce – o personagem em si fala muito pouco em todo o filme, é inferido que o Morcego já atua por tempos conseguindo diminuir a onda de crime que castigava Gotham por décadas. Isso é feito através de exposições inteligentes, trabalhando uma das relações mais importantes que diversos filmes de super-herói tendem a esquecer: a cidade-herói.
Vemos reportagens sobre a queda da criminalidade, discursos do prefeito e até mesmo bandidos desistindo de cometer crimes porque a noite chegou. É uma sequência em montagem eficiente para então vermos outro efeito colateral das ações de Batman sobre Gotham: inspirar pessoas a partir para a ação, assim como ele.
O ponto dos vigilantes armados é algo crucial para entender o quão falho passa a se tornar Batman como símbolo, jogando as pessoas direto para a violência contra inimigos mais poderosos que eles. É justamente por isso que a primeira vítima do Coringa é um desses mascarados comuns. O princípio para desmoralizar o símbolo do Morcego é fazer tanto Bruce quanto os cidadãos de Gotham pensarem que Batman é o responsável por mortes desnecessárias. Isso é explícito quando Coringa manda o vídeo ridicularizando o discurso de esperança de sua vítima.
No escopo pessoal, Bruce demonstra vontade de uma vida normal seguindo o desejo de se relacionar com Rachel. É preciso encontrar alguém para passar o manto de vigilante, mas agora para alguém que trabalhe na legalidade e não precise agir nas sombras. Este alguém é Harvey Dent, o homem pintado como poço de moral e virtudes.
Em poucos segmentos, é fácil compreender tudo o que o Cavaleiro Branco de Gotham representa para a população – mesmo que o roteiro deixe muito a desejar em vermos uma interação mais real entre a moral de Dent com o otimismo dos cidadãos da cidade. O interessante do núcleo da relação de Harvey com Batman é a inserção inteligente de Rachel em um triangulo amoroso cheio de tensão, mas que desafia a todo instante a civilidade dos dois personagens masculinos, principalmente de Bruce.
O roteiro de O Cavaleiro das Trevas adora trabalhar com frases de foreshadowing que vão definir o destino dos personagens. Para Harvey, obviamente se trata do Ou você morre como herói, ou vive o bastante para ver se tornar vilão. A jornada de Harvey é extremamente trágica, sentimos a empatia do mesmo modo que Bruce passa a acreditar no promotor. O carisma da atuação de Aaron Eckhart ajuda, mas o verdadeiro peso é centrado no amor que o personagem sente por Rachel.
Ela por si só tem pouca participação ativa na trama, mas representa a cola que segura a motivação e o espírito dos dois homens que se transformam em faces opostas de uma mesma moeda chamada justiça. Por isso que a reviravolta centrada em sua figura é extremamente cruel, mas delineia o quanto cada Cavaleiro suporta. A resistência a dor psicológica e emocional é a linha tênue que separa Dent de Batman de modo efetivo. Enquanto vemos um cair totalmente para as sombras, se tornando mero fantasma do que já representou um dia, Batman aguenta a pancada e segue na luta mesmo ferido.
É genial essa retratação do Duas-Caras em O Cavaleiro das Trevas por conta disso. Não é apenas um adereço estético para homenagear as HQs, mas sim um elemento que complementa profundamente a psique dividida do personagem. Parece óbvio, mas não é. Não existe mais bondade em Harvey. Ela morre no momento que Rachel é explodida pelo Coringa. O único resquício é a desculpa do acaso para se expiar da culpa das atitudes cada vez mais imorais que ele opta seguir. Mesmo que um lado de sua face seja normal, toda sua personalidade é podre, acompanhando o efeito “zumbificado” da maquiagem para o lado carbonizado do rosto.
E é justamente isso que ocorre em seu núcleo. Era para Harvey ter morrido no lugar de Rachel, era para ele ter desaparecido de Gotham, mas pela travessura do Coringa, acaba salvo a contragosto. Logo, se torna um dead man walking, um ser que não pertence mais ao plano terrestre. Tanto que suas ações após sair do hospital consistem apenas em assombrar aqueles que mataram sua amada e falharam na sua destruição. Torna-se um vingador maldito que mais parece pertencer a uma lenda urbana do que ser realmente um vilão ameaçador.
O filme não permite que tenhamos essa resposta do que teria ocorrido com o Duas-Caras caso não tivesse morrido antes de concluir sua vingança. Logo, é difícil sentir certa antipatia pela psicose despertada em Harvey, pois ele é injustiçado a todo o momento. Uma ironia totalmente cruel por parte dos roteiristas, pois fica claro que o personagem nunca faz a própria sorte como enuncia em diálogo.
Basta parar para pensar um pouco. O Duas-Caras não é uma criação somente do Coringa. O Batman leva parcela significativa de culpa. Para o herói sem limites, ser trapaceado pela enésima vez seguida revela o aspecto que o vigilante tende sempre a esquecer: sua humanidade. Falhando em resgatar tanto Rachel quanto Harvey, o Batman torna a dor de seu amigo completamente insuportável, negando a parceria firmada anteriormente em um pacto selado no telhado da Delegacia de Gotham.
Outro personagem que também recebe camadas pela criação do vilão é Jim Gordon por sempre ignorar as constantes bravatas de Dent indicando corrupção sistêmica em toda a sua equipe. Logo, para um personagem que deveria ter se tornado tudo o que os outros desejavam, ele é constantemente sabotado – detalhe que Harvey sempre tenta proteger os outros. Sabotagens que podem não ser intencionais por parte do lado dos mocinhos, mas só por essa característica existir, torna toda a jornada de Harvey Dent ainda mais trágica e injusta indicando como a Ordem e a Lei são conceitos totalmente falhos apenas sustentados por mentiras e decepções. Pesado, não? Mas a partir do ponto de vista de O Cavaleiro das Trevas, no qual vemos um herói totalmente derrotado e ciente de seus pecados, é o que se conclui. Tanto que, aliás, a catarse final de Batman é tomar atitudes que Harvey Dent havia tomado no fim de sua vida – sim, vida (como expliquei Duas-Caras é um fantasma na Terra).
Caos
Mas não é somente de Harvey Dent que vive o roteiro do filme.
Já é um tanto conhecido que é fácil delinear paralelos ativos entre o roteiro de O Cavaleiro das Trevas com os de Seven e Fogo Contra Fogo. As semelhanças entre a jornada do herói que só fracassa diante de uma ameaça completamente além de sua compreensão é a marca registrada de Seven, um dos filmes mais sensacionais que o Cinema Americano já nos trouxe. Fora isso, há as consequências dos atos do antagonista na vida pessoal dos heróis, afetando o cotidiano a um nível além do saudável como ocorre em Fogo Contra Fogo.
Com o Coringa fora da coleira, a onda de mortes certeiras se inicia até atingir o herói pessoalmente. O vilão tem o propósito de esgotar a todo momento o intelecto de Batman, anunciando suas próximas vítimas e conseguindo completar todas as etapas do seu plano para mostrar que o vigilante não consegue mais proteger a cidade. A diversão do Coringa é criar o completo descrédito do heroísmo construído por anos pelo Morcego.
Mas nunca há repetição de temas em níveis excessivos, pois a narrativa consideravelmente é acelerada pelos dois atos restantes. Aqui que surgem as ótimas histórias e diálogos sensacionais para criar um falso backstory para o antagonista. Como o ponto de vista focado em Coringa nunca nos revela quais são os próximos passos do seu plano, mas apenas nos mostra a execução deles, há uma maior ênfase no psicológico de Bruce Wayne.
Aqui, certamente temos o Batman detetive que tantos fãs queriam por tempos. Tanto que a porradaria em O Cavaleiro das Trevas é quase inexistente já que se trata de um embate profundamente intelectual. Uma mente da ordem em busca completa da superação da mente caótica. Perdido, o alento de sua figura paterna é necessário. Alfred é uma peça vital do jogo para que o herói compreenda com quem ele está lidando.
Por isso, existem dois segmentos de “caverna” nessa jornada do herói, literalmente na batcaverna, com Alfred servindo de guia e conselheiro. O primeiro demonstra soberba de Wayne – Batman has no limits. E Alfred afirma que Bruce Wayne possui limites e irá conhece-los cedo ou tarde. Na ignorância dos vitoriosos, Wayne ignora os monstros que crescem nas sombras. Isso acontece bem no começo do primeiro ato.
A segunda ocorre em uma derrota com o conto da história de Burma. O passado de Alfred é experimentado por Batman. Um nêmese irracional e imprevisível. O jogo é claro. Os roteiristas pedem que nós associemos o psicopata que Alfred enfrentara com as ações insanas do Coringa – Alguns homens só querem ver o mundo pegar fogo. No terceiro encontro, no completo fracasso, com o vilão tendo conseguido matar a cola que unia os dois heróis na Justiça, Alfred revela como conseguiram capturar o maníaco: Nós queimamos a floresta inteira.
Enquanto isso, sabiamente os roteiristas já mostram o quão fácil é quebrar o espírito de Harvey Dent, mesmo que ele controle sua própria “sorte”. No mínimo sinal de ameaça a Rachel, o Cavaleiro Branco recorre a medidas extremadas sem levar o histórico de sanidade de uma vítima. Novamente, Bruce é negligente em não reconhecer a escuridão que existe dentro de Harvey e o mantém no jogo tomando outra atitude impensada em não se revelar como Batman quando a hora mais escura se aproxima.
O caos delineado pelo Coringa é constituído pelas constantes vitórias que o vilão alcance sucessivamente. Porém, durante uma jogada imprevista durante o traslado de Harvey Dent já assumido como Batman, os mocinhos finalmente conseguem sua primeira grande vitória. O problema é que o plano precisa ser totalmente caótico e sujo por conta da farsa da morte de Gordon. Ou seja, nesse momento, os heróis precisam trapacear para vencer uma batalha.
Anarquia
O terceiro ato é marcado também pela maior derrota de Batman e dos representantes da Lei. O Coringa se comporta como um ser extremamente tóxico que consegue tirar qualquer um do sério. Com algumas conveniências e planos quase oniscientes, o vilão consegue se safar com facilidade de seus captores através de muita manipulação psicológica.
É por isso que com facilidade Nolan consegue deixar memorável o primeiro encontro em diálogos entre Coringa e Batman. Aqui se faz necessário assistir novamente a cena:
Interrompo o raciocínio para simplesmente falar como um espectador normal e não como um crítico. Essa é, possivelmente, a melhor cena de toda a trilogia Nolan com o Batman. Primeiro, temos o prazer de presenciar um diálogo tão fascinante de tão bem escrito. Os roteiristas entendem o Coringa como uma grande força da natureza. Ele é o agente perturbador da ordem que toda sociedade precisa ter para encontrar equilíbrio. Logo, todas as suas ações parecem tiradas da cartola, como mágica. Isso para mim, não é demérito nenhum do roteiro que realmente pouco se importa em explicar tintim por tintim todos os passos ou a lógica dos planos do antagonista.
Se for analisar meticulosamente toda a trajetória do raciocínio do vilão, certamente encontrará furos implausíveis. Mas digo que, no caso desse personagem em específico, é a grande sacada que nos faz temer o Coringa de modo tão perturbador. Ao contrário dos outros vilões desse cenário realista que Nolan tanto arquiteta, o Coringa é um ser ilógico. Ele surge do nada e some do mesmo modo misterioso. Não há conclusão para a história do personagem, ele é um perfeito cliffhanger – algo tão descarado que na última cena que temos a sua participação, ele está completamente pendurado.
Por isso que sempre acho um ato totalmente desmedido desmerecer O Cavaleiro das Trevas justamente em uma de suas sacadas mais geniais: a escrita caótica e totalmente insana para o Coringa. É atacar a alma do filme, uma enorme licença poética que faz toda a narrativa se movimentar. Não fosse essas loucuras do roteiro dos Nolan e de Goyer, certamente não teríamos a cena em questão que iremos analisar.
Como havia dito, o Coringa é incompreensível, um lunático completo que não se importa com o quão forte bata nele que, de algum modo, conseguirá tirar proveito da situação o levando até a vitória. Por isso, não acho exagero afirmar que o Coringa enquanto Caos é representação da força da Natureza. Ele não ganha recompensas pessoais de suas ações. O vemos apenas com a determinação completa de destruir toda a Ordem criada pelos homens (Batman e Harvey Dent). É exatamente por isso, nesse jogo de representações de forças, que os homens nunca conseguem vencer o Coringa. Afinal, assim como na vida, não há como vencer a força irrefreável da Natureza, uma força aparentemente sem lógica que destrói e extermina apenas para criar tudo novamente em um ciclo infinito. Quando levamos isso em conta, sobre o Coringa funcionar como a Natureza, a frase de Alfred sobre queimar toda a floresta para conseguir vencer o maníaco ganha uma força simbólica muito mais forte.
Aqui, o interrogatório começa após a informação do sequestro de Rachel e Harvey. Mesmo preso, o vilão tem a vantagem, upper hand. Vejamos pelo uso da iluminação, absolutamente genial – Wally Pfister, o antigo fotógrafo de Nolan, é especialmente espetacular com o grau insano de contraste e profundidade que consegue conferir em absolutamente todos os planos do filme. A razão é bem simples. De início, temos o Coringa como o senhor da escuridão, provocando a todo momento Gordon. A luz toca sutilmente o rosto do personagem destemido.
Porém, basta Gordon sair, que a subversão da escuridão surge. Das sombras, surge Batman e, então, toda a sala é iluminada com a forte luz branca. É uma das poucas vezes que o Coringa é pego de surpresa, mas logo ele se adapta à situação adversa. Então inicia o diálogo extremamente importante.
Aqui, aproveito para dizer que a direção de Nolan não é muito interessada em simbologias visuais explícitas e signos, mas sim no próprio assunto cinematográfico, ou seja, assuntos estéticos. Toda a decupagem que o diretor utiliza é para potencializar a atuação de quem está em cena. Ledger, com toda a vantagem de seu papel, domina. O texto mostra uma análise do Coringa sobre a importância do Batman. Ele vê um equilíbrio pleno que o Morcego falha em enxergar ou compreender.
Justamente por isso que temos o herói cada vez mais enredado nas armadilhas do vilão. O texto compara os dois personagens a todo o momento, a provocação é diferente, pois aproxima o herói à escória que ele jurou combater. Não demora nada até Batman perder totalmente o controle – tão logo a câmera passa a ficar tão desestabilizada quanto o personagem. Sem vencer o debate intelectual com um louco, obviamente, o Morcego passa a usar tortura como método para conseguir a informação que tanto quer.
É bem aí que temos duas derrotas seguidas em menos de um minuto. A primeira envolve Batman perdendo a compostura de seu intelecto. A outra é quando seu algoz ri e comenta com razão, Você não tem nada com o que me ameaçar. Então, por livre e espontânea vontade em ver trapacear o Morcego novamente, o vilão revela onde estão Rachel e Harvey. O propósito é conseguir fazer Batman perder de novo e de novo. Rachel morre e Harvey também dando origem ao Duas-Caras.
A escrita é perversa e matemática em como fazer de tudo para quebrar a força de vontade de Bruce. Por isso que a última sequência com os conselhos de Alfred é tão importante. Na omissão da carta de Rachel revelando que a aventura romântica entre os dois acabou. O mordomo motiva o herói a também olhar sob o aspecto da vingança, mas não a mortal – a da justiça. É interessante também notar que o desenvolvimento de Alfred deste para o próximo filme é bastante sentido. Aqui, o herói só mantém o manto e não desiste por conta do encorajamento e do discurso da necessidade de Gotham que Alfred preserva no filme todo.
Falhando em anarquizar Batman, somente resta para o Coringa anarquizar toda Gotham jogando a cidade em estado de sítio em seus jogos mortais perversos. O debate moral suscitado pela armadilha doentia das balsas é fortíssimo e isso é muito bem discutido em filme. A vida de inocentes vale mais que a vida da escória? E os inocentes, agentes da lei, que estão nas barcas dos condenados de Gotham? Não valem nada também? O que difere a sobrevivência da barca com os civis se todos se tornam assassinos ao concordar em explodir os presidiários?
São tons de cinza no melhor dos joguinhos sociológicos que configuram no tardar da noite. Por perpetuar o medo, o Coringa reina sobre o caos. Apesar de todo o clímax ser muito poderoso e cheio de relações tensas desconfiadas entre os personagens contra o Batman, seja Gordon ou Lucius, uma das deficiências do texto faz bastante falta aqui: conhecer melhor os cidadãos de Gotham pós-ações do Batman.
O roteiro consegue sim sempre mostrar como os cidadãos reagem quando a anarquia é introduzida no momento que o Coringa avisa que explodirá um hospital caso o assistente de Bruce não seja morto em menos de uma hora. As pessoas entram em pânico completo e tentam assassinar o rapaz a todo custo. Já com base nesse estresse do experimento anterior e com a falta dos símbolos de esperança que foram mais que destruídos pelo Coringa, é um pouco difícil crer na resiliência otimista de Gotham.
Mas sem essa passagem, a moral do filme estaria completamente perdida o que não é nada justo no trato geral da obra. O Coringa finalmente perde. Mas essa é outra genialidade do roteiro. Ele não perde para o Batman, mas sim para o povo comum de Gotham. O medo perde. E no primeiro instante de vacilo, desaparece completamente. Como se nunca tivesse existido.
Porém, em uma das raras vezes que Nolan trabalha com signos, temos o uso da movimentação de câmera como simbologia. Com o Coringa pendurado e revelando a parte final de seu plano: destruir o espírito de Harvey, a câmera gira em seu próprio eixo até o personagem não estar mais de ponta cabeça. Até em seu completo momento de derrota, o vilão consegue “estabilizar” a situação a seu favor, deixando Batman totalmente acuado.
Honra e Traição ao Passado
O verdadeiro final de O Cavaleiro das Trevas é extremamente poderoso. Diria que até muito mais do que o clímax com o Coringa. Isso ocorre por conta da bagagem que temos com os personagens situados na ação.
No primeiro encontro de Harvey e Gordon com Batman no telhado da Delegacia de Gotham, um pacto pela justiça é firmado. Todos são parceiros na cruzada contra o crime. O último encontro com essas três figuras é marcado por um espelhamento revertido.
Harvey está quebrado, Gordon implora pela vida de sua família e Batman tenta vencer ao menos uma vez contra as forças malignas que enfrenta. Não somente isso, Bruce está ali vendo seu próprio diante de seus olhos. Um bandido ameaçando matar a família de um garoto indefeso em uma ala suja de Gotham.
O terreno também marca o maior fracasso do herói no filme: a morte de Rachel. Então todo o impasse possui extrema carga simbólica pelo passado de todos os envolvidos. Os três traem o pacto firmado anteriormente, mas Batman consegue honrar seu maior juramento. Ele salva Gordon e sua família. Desse modo, acaba também salvando a si próprio e seu legado. Mas para isso foi necessário matar a melhor esperança que Gotham teve em anos. Batman também trai a cidade.
A ordem há pouco reestabelecida com a prisão do Coringa se encontra completamente ameaçada. Mesmo na hora de seu triunfo, Batman perde. E para manter a cidade nos eixos, é preciso assumir toda a sua responsabilidade pelo caos que não pode impedir de amaldiçoar toda a cidade.
Inicia-se então um jogo de troca de legados. Batman sacrifica o seu símbolo e herda o legado caótico do Palhaço. Somente assim, um legado falso, o legado de Harvey Dent pode se reerguer. Mas a expiação de Batman é igualmente pecaminosa, pois o legado de Dent não existe. No fim, há somente o Caos escondido por uma fina cortina fajuta de ordem. Batman se torna, enfim, o criminoso que o Coringa trabalhou para que ele fosse.
Entretanto, sob o olhar de Gordon, mesmo com o enorme sacrifício do Morcego, o final é otimista. O Cavaleiro das Trevas, o protetor zeloso de Gotham, está vivo. E ressurgirá.
O Gênio por trás do Caos
Christopher Nolan tem presença massiva no texto de O Cavaleiro das Trevas. Ainda temos uma quantidade razoável de inserções de exposição desnecessária, o melhor das suas características também estão aqui. Há humor, diversas frases marcantes e a grande reviravolta final surpreendente.
Em termos de direção, Nolan quis dar um passo adiante. Na época, mexer com as raríssimas câmeras IMAX era algo praticamente inédito. O uso do formato estava restrito para documentários sobre o Espaço, as profundezas do oceano ou a vida selvagem. Os lançamentos, até então, eram convertidos para IMAX. A captação em longas-metragens de Hollywood começaria mesmo com Nolan e Michael Bay nos lançamentos de 2008.
Desde então, o IMAX 70mm virou uma assinatura autoral de Nolan em todos os seus filmes sequentes, garantindo cada vez mais minutos de projeção captados originalmente em IMAX. Para se ter noção da dificuldade desse processo de filmagem, o único filme que será 100% captado em IMAX é o próximo Vingadores: Guerra Infinita.
Justamente pensando na grandiosidade do IMAX, Nolan quis dar escopo e escala monumental para O Cavaleiro das Trevas. Mesmo que seja uma obra de conflitos intelectuais, o filme possui muita ação e tira vantagem da captação no formato. A começar, todos os establishg shots são feitos em IMAX. Isso permitiu duas coisas: uma mudança estética derradeira em comparação com Batman Begins e uma riqueza de detalhes realistas como nunca havia se visto antes.
A abertura do assalto, totalmente inspirada em Fogo Contra Fogo, praticamente enuncia as mudanças estéticas. A começar, é a primeira vez que vemos Nolan dar um tratamento diferenciado para a movimentação de câmera enquanto vemos cenas do Coringa. O uso fluído de steadicam e grandes angulares mostram um estado visual constante, livre e leve. Somente na grande revelação que o personagem é um assaltante mascarado, temos um enorme close no rosto de Heath Ledger – uma pequena curiosidade: o gerente do banco é interpretado por William Fichtner, ator que também participou de Fogo Contra Fogo.
A estética é mantida na outra cena com o Coringa, durante a reunião dos mafiosos. Steadicam e grandes angulares marcam a ação. Já com as cenas da cidade de Gotham, percebemos como a direção de arte abandonou a estética levemente estilizada do filme anterior para centrar toda a aventura em uma cidade realista. As luzes da fotografia de Pfister abandonam os elementos sépia amarelados e luzes baixas que tinha adotado para a primeira parte da trilogia.
Em termos de filmar ação, Nolan melhora consideravelmente sua direção. Diminuindo a quantidade de lutas corporais, o diretor centra a encenação através das estratégias do Morcego para derrubar o máximo de oponentes de uma só vez. Assim como nos quadrinhos, Batman não desce para a porrada com o Coringa, pois esse nunca foi o propósito do vilão.
Logo, o embate principal entre os dois se dá na melhor cena de ação do filme inteiro: a perseguição nos túneis. Aqui, novamente a dificuldade de manejar as câmeras IMAX é sentida, mas o saldo é muito positivo. Em decorrência disso, a ação é muito menos picotada. O que comanda a ação é a magnificência da encenação e proezas de efeitos práticos capturadas pelos planos majestosos da sequência – sem falar no primoroso trabalho de edição de som de Richard King, que carrega toda cena com um design sonoro rico e variado, tanto que nem trilha musical é usada aqui. Os elementos possuem peso, as colisões são críveis e a pirueta do caminhão continua sendo extraordinária. Não existe defeito aqui. Tudo é perfeitamente compreensível e tenso.
Aliás, tensão é o que define O Cavaleiro das Trevas. Assim como para Hitchcock, a força estética de Nolan está concentrada na montagem para gerar suspense. Comentar sobre montagem é sempre algo bastante abstrato e desafiados, pois é justamente a arte cinematográfica, logo, indizível. Mas através da decupagem bem pensada, sempre com movimentos magnéticos para a ação através de travelling ins lentíssimos, a tensão é gerada com a simples relação de plano/contraplano. Isso auxiliado pela perversidade da encenação simples, mas eficiente do diretor.
O melhor exemplo disso talvez seja durante o impasse que marca a cena final do filme, com o uso da moeda de Harvey para decidir quem vive ou quem morre. Ou até mesmo já nos primeiros minutos, com a bomba de fumaça. Tudo se resume ao timing. Nem a mais, nem a menos. Apenas a dosagem certa consegue te deixar na beira da poltrona, toda a bendita vez.
Em diversos momentos, a montagem se sobressai. Por exemplo, quando surge alguma montagem paralela, há o enunciado de que tragédias ocorrerão. Ou, para finalizar a tragédia de Harvey Dent, quando ele pega a moeda no hospital. Ao virá-la, Nolan insere um rápido flashback mostrando a lembrança dele passando a moeda para Rachel. Como um lado está todo queimado, o desespero da perda chega. Um momento sensível da direção.
Outro ponto que merece ser mencionado é o olhar de Nolan com seu elenco. Enquanto Christian Bale, Michael Cane, Morgan Freeman, Aaron Eckhart, Gary Oldman e Maggie Gyllenhaal estão afinados, temos a aposta surpreendente de Heath Ledger como Coringa. Na época do hype para esse filme, raras eram as almas que defendiam a escolha. Depois da estreia, as opiniões mudaram da água para o vinho. Ledger conseguiu superar Jack Nicholson e ainda por cima cravou uma das melhores atuações da História do Cinema.
Não é exagero afirmar isso para o retrato que ele apresentou nesse filme. Ledger desenvolve tiques constantes para indicar um estado de perturbação mental perene. Seja mordendo as bochechas, lambendo a todo momento os cantos da boca, ao quebrar o olhar para os lados tentando manter uma linha de raciocínio crível. É um estado de personificação que permite diversos improvisos marcantes de pontuação cômica extraordinária.
Por exemplo, vemos Ledger pegar uma taça cheia de champanhe para esvaziá-la em um movimento brusco e depois beber o que restou durante o jantar de gala de Wayne. Ou, na maior cena de improviso do filme, durante a falha do explosivo principal para derrubar o hospital geral de Gotham. É tudo rápido, simples e crível. A maldade surge com naturalidade, pois Ledger não usa olhares ou expressões que frisam o ato. Portanto, é a atuação menos caricatural que já vemos do Coringa e, ainda assim, parece ser a que melhor compreendeu o personagem.
Ledger percebeu que não havia necessidade de incorporar um palhaço psicopata histérico que ri a todo momento fazendo caretas bobocas. Seu Coringa é espontâneo, com ápices de loucura e comédia, assim como expressa diversos tipos de emoções como surpresa, sadismo, descontentamento, leve apreensão e até mesmo ternura. Ao contrário das retratações artificiais anteriores e posteriores, o Coringa de Ledger é realmente vivo, orgânico. E para o realismo de O Cavaleiro das Trevas, a credibilidade trazida pela atuação caiu como uma luva.
E é fácil nos relacionarmos com o personagem. Não apenas por conta do carisma inegável do ator e de sua risada marcante, mas pela qualidade soberba presentes em todas as frases que o Coringa diz. É uma máquina de citações poderosas e marcantes como: Why so serious? Haaa haaa haa, and I thought my jokes were bad. To them, you’re just a freak! Like me! You complete me. And here we go! All it takes is a simple push. Wanna see a magic trick? Entre tantos outros. É um primor de escrita em diálogos tão marcante que as frases de efeito realmente se tornam orgânicas dentro da conversação.
Para completar a junção primorosa de trabalho, temos a estupenda trilha musical de Hans Zimmer e James Newton Howard em colaboração fantástica. Dos três filmes, sem dúvidas esse é o que possui a melhor carga musical e sonora. O tema potente do herói invade diversas faixas. A mistura de estilos é sentida com gosto: há o ritmo viciante de instrumentos elétricos de Zimmer, como também temos os clássicos violinos de Howard com melodias significativas. Então quase todas as faixas são tensas, mas contam histórias pela própria organização da música. Tome como exemplo o fantástico tema do Coringa, que provoca toda a tensão e desconforto com apenas duas notas de violoncelo elétrico, e a qualquer sinal desse sonzinho agonizante, temos ciência de que as coisas darão totalmente errado para os heróis.
O Cavaleiro das Trevas
Esse ano tem sido catártico graças as muitas vezes que fui obrigado a revisitar algumas pérolas do passado para escrever em diversos especiais do site. Conforme revisitava clássicos, alguns até muito recentes como esse, comparava com o marasmo atual que o Cinema vem sofrendo. Principalmente o de super-heróis. Parece que há certo “internetzação” do cinema, com os filmes se comportando como virais, peças de uma jogada gigantesca de marketing. Mas estranhamente, se comportando como publicidade para a própria marca do que propriamente para o filme, como ocorria anos atrás no crepúsculo da Era do Blockbuster.
Hoje os filmes saem, são consumidos, resenhados, viram memes, causam algum barulho e, logo depois, desaparecem como se nunca tivessem existido. Nem é preciso olhar tanto para o passado para reconhecer isso: Homem-Aranha: De Volta ao Lar é um bom exemplo. O boca-a-boca parece ter sido assassinado. Um dos poucos recentes que conseguiu sobreviver ao arrefecimento do hype foi Batman Vs Superman, mas muito mais por sua polêmica divisiva do que pela qualidade cinematográfica.
Porém, cá estamos, nove anos depois da estreia de O Cavaleiro das Trevas, ainda estudando uma obra fascinante que parece ter muito o que dizer até agora. Atualmente, mais do que nunca, em seu valor de produção, encenação, roteiro profundo, excelente estudo de personagens, trilha musical fantástica, atuações históricas, montagem cativante, estética visual e sonora extremamente apurada e efeitos visuais práticos de cair o queixo. Ou seja, O Cavaleiro das Trevas realmente é um espetáculo como todo blockbuster deveria ser.
Estranhamente, a indústria parece ter caminhado na contramão do pensamento dos anos 2000. Pensamento que se importava tanto na qualidade final do produto, no seu potencial de arrecadação e também na sua relevância histórica. Ou seja, criar filmes que marcassem profundamente as pessoas, oferecendo entretenimento, diversão, emoção e memória, não apenas um passatempo esquecível para impulsionar vendas de produtos licenciados diversos.
O que aponto é o fato do produto principal, o filme, perder seu protagonismo. No fato de estar se transformando cada vez mais em produtos banais, em itens de consumo não-duráveis. O que certamente é uma bizarrice, afinal estamos tratando da mais bela junção entre expressão artística e empreendimento que as indústrias já viram. Não é natural vermos arte e esquecermos dela tão rapidamente como vem ocorrendo. Não é natural que os carros-chefes dos estúdios, no caso os filmes de super-heróis, tenham se tornado tão pasteurizados a ponto de perderem a identidade.
Sim, me atrevo a quebrar essa tabu. Me atrevo a apontar o dedo na ferida e mostrar que as coisas não vão bem. Me atrevo a dizer que quanto mais tivermos diretores mais interessados em contracheques e trampolins de carreira, mais teremos filmes sem ares cinematográficos. Mais obras vazias, mais entretenimento barato e banal. A completa perda do propósito do que o cinema deve ser.
E é reconhecendo as pérolas do passado que temos esse contraste assustador com o que Hollywood está virando. Seja com os blockbusters de outrora como Matrix, Jurassic Park, Titanic, trilogia Senhor dos Anéis, Independence Day, Guerra dos Mundos, Exterminador do Futuro, Velocidade Máxima, Homens de Preto, Avatar. Ou com os grandes flmes que esse gênero já nos trouxe como Homem-Aranha 2, Homem de Ferro ou X-Men 2. E principalmente com trilogia Batman de Christopher Nolan.
É por conta disso que, quando temos um Mad Max: Estrada da Fúria ou Logan da vida, as pessoas reagem de modo diferente, se comovem e conversam, crescem junto aos filmes. São verdadeiras produções arrasa-quarteirão. São filmes que se importaram em clamar seu direito de existência em meio a tanta mediocridade.
Na culminação de tudo isso, nessa bendita conclusão que me esforço a chegar com meu olhar incrédulo que guia a minha escrita, é exatamente agora que digo:
Batman: O Cavaleiro das Trevas é o blockbuster que tanto precisamos, mas que diante do nosso tremendo comodismo atual, nós não o merecemos.
Batman: O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight, EUA – 2008)
Direção: Christopher Nolan
Roteiro: Christopher Nolan, Jonathan Nolan, David S. Goyer
Elenco: Christian Bale, Heath Ledger, Aaron Eckhart, Maggie Gyllenhaal, Michael Caine, Morgan Freeman, Gary Oldman, Cillian Murphy
Gênero: Ação, Policial
Duração: 152 minutos
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