James Gunn decidiu que Krypto seria vira-lata em Superman por causa de seu cachorrinho

Lista | As 10 Melhores HQs do Superman

O mais importante super-herói dos quadrinhos conta com uma extensa história de publicações, mas nem todos os roteiristas e artistas conseguiram captar a verdadeira essência do Superman, que simboliza tudo o que há de melhor no ser humano. Essa lista busca elencar as histórias que melhor transmitiram esse tom de esperança para suas páginas. Temos aqui abordagens diferenciadas e únicas, de autores que vão desde Alan Moore até Mark Millar, todos oferecendo seus pontos de vista únicos sobre o maior herói de todos os tempos.

10. Paz na Terra

Nessa graphic novel de Paul Dini e Alex Ross, Superman deixa de lado as batalhas contra super-vilões e vai enfrentar os problemas de nosso mundo, enxergando e combatendo a profunda desigualdade social, injustiças e misérias. Esses esforços humanitários do personagem, contudo, acabam encontrando resistência em determinados locais. Paz na Terra é, possivelmente, a história que melhor reflete o símbolo representado por esse herói, nela, Superman é, de fato, a personificação da esperança, inspirando todos à sua volta. Todo esse realismo da trama ainda dialoga perfeitamente com a arte de Ross, que dá vida a Clark de maneira praticamente inédita.

9. As Quatro Estações

Pouco após entregarem o emblemático O Longo Dia das Bruxas, Tim Sale e Jeph Loeb retomam a parceria a fim de realizar As Quatro Estações, minissérie, fechada em si própria, que utiliza uma estrutura similar à já citada história do Batman, trocando os feriados por estações do ano. Com segmentos narrados por diferentes personagens do universo do Superman, a obra busca mostrar o impacto do herói na vida das outras pessoas, deixando bem claro o que ele representa para o mundo e para as cidades nas quais atua (Metropolis e Smallville).

8. Alienígena Americano

Sob a visão muito incisiva de Max Landis, o Superman ganha um retrato único. Roteirista de Poder Sem Limites, Landis traz esse aspecto adolescente e jovial para o Homem de Aço, abordando diferentes fases de sua vida em cada edição, tudo com uma perspectiva e estilo de diálogos que jogam uma nova luz nas inseguranças e relações do herói. O fato de termos um artista diferente em cada edição (que variam de Nick Dragotta a Jonathan Case), também reforça essa diferença entre cada fase, com ilustrações espetaculares para uma história digna.

7. Brainiac

Assinada por Geoff Johns e Gary FrankBrainiac traz de volta o icônico vilão de Superman, além de outros elementos pré-Crise, realizando importantes alterações na mitologia do herói. Após destruir um dos drones do antagonista e analisá-lo na Fortaleza da Solidão, ao lado de Supergirl, Clark descobre que nunca, de fato, enfrentara o verdadeiro Brainiac. Cabe, portanto, ao herói, derrotar o vilão, antes que esse armazene uma parcela da Terra em garrafa e destrua o restante, como fez com a cidade de Kandar, há tantos anos.

6. Olho por Olho

Publicada como resposta à popular revista Authority, de Warren EllisBryan HitchOlho por Olho nos mostra Superman indo contra um grupo de anti-heróis que visam proteger a Terra à qualquer custo, chegando a matar seus inimigos, algo que vai totalmente de encontro aos ideais de Clark Kent. Famosa pela forma como reitera a ideologia do personagem, a revista brinca, através de seu título original, What’s so funny about truth, justice and the american way?, com a famosa frase de Superman, Truth, Justice and the American Way (verdade, justiça e o "jeito americano"), além de referenciar diretamente a música de Nick Lowe, (What's So Funny 'Bout) Peace, Love and Understanding?

5. Identidade Secreta

Uma das mais criativas minisséries com o personagem, Identidade Secreta nos apresenta um mundo no qual super-heróis existem apenas como personagens de quadrinhos. Nesse universo, conhecemos Clark Kent, um garoto que descobre ter os poderes de Superman e decide se tornar, ele próprio, um herói, mantendo, porém, segredo de sua própria existência. Assinada por Kurt BusiekStuart Immonen, a história é inspirada nas aparições iniciais do Superboy durante a Crise nas Infinitas Terras e lida com o que realmente significa encarnar a persona de Superman.

4. Entre a Foice e o Martelo

Publicado sob o selo Elseworlds, Entre a Foice e o Martelo, desde seu lançamento em 2003, se tornou uma das mais famosas histórias do personagem. Roteirizada por Mark Millar, também conhecido por Kick-AssKingsmanGuerra Civil, a minissérie nos mostra o que teria acontecido se a nave de Kal-El tivesse caído na União Soviética ao invés dos Estados Unidos. Na obra, Superman significa para a União Soviética o que Doutor Manhattan, de Watchmen, representa para os EUA, defendendo os ideais da URSS à mando de Stalin. Trata-se de uma fascinante obra sobre a Guerra Fria, que situa os heróis sob um ponto de vista engajado politicamente.

3. O Legado das Estrelas

Originalmente concebida como a origem não-canônica de Superman, essa minissérie de Mark WaidLeinil Francis Yu acabou se tornando a origem oficial do super-herói entre os anos de 2003 e 2006, em outras palavras, até Crise Infinita e o posterior lançamento de Origem Secreta, em 2009. Aqui acompanhamos Clark desde seus dias em Smallville, onde ele se torna amigo de Lex Luthor, similar à famosa série de televisão. A obra ainda inspirou dezenas de outras produções com o herói, inclusive O Homem de Aço, no que diz respeito ao S de seu uniforme significar esperança em Krypton.

2. Superman por Alan Moore

Alan Moore também deixou duas grandes contribuições para a mitologia do Superman. A primeira, O Que Aconteceu ao Homem de Aço?, publicada em 1986, foi elaborada como conclusão imaginária para as histórias do personagem da Era de Prata. Com inúmeros ataques ao Superman, morte de pessoas queridas ao herói e a revelação de sua identidade secreta, Moore assinou o desfecho ideal para essa fase do maior herói do mundo.

Já em Para o Homem Que Tem Tudoencontramos Superman dominado pela Clemência Negra, uma planta que induz alucinações, fazendo com que o personagem imagine como seria sua vida Krypton, caso o planeta não houvesse sido destruído. Enquanto isso, Batman, Robin (Jason Todd) e a Mulher-Maravilha buscam livrar Clark de seu transe, tendo de lutar contra Mongul, que orquestrou todo esse problema.

1. Grandes Astros - Superman

Com roteiro de Grant Morrison e arte de Frank QuitelyGrandes Astros - Superman traz tudo aquilo que o Superman representa. O interesse de Morrison era criar uma história universal, não presa à continuidade da DC Comics, possibilitando que todos conheçam o verdadeiro e mais importante super-herói dos quadrinhos. Trata-se de uma obra que todos devem ler, independente se gostam ou não do personagem - o trabalho de Quitely e Morrison sabe muito bem explorar o poder do herói e como isso não afeta sua visão de mundo, fazendo dele o símbolo que todos devem seguir.

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Lista | As 10 Melhores HQs do Flash

Um dos heróis mais populares da DC Comics, o Flash não teve problemas para se manter, durante esses longos anos, no imaginário popular, principalmente em razão de suas constantes aparições na televisão - seja em séries solo ou em animações ao lado de outros heróis. Com a estreia de Liga da Justiça, no qual o personagem é vivido por Ezra Miller, seu nome mais uma vez se renovou dentro da cultura pop - não que fosse efetivamente necessário, em razão da bem-sucedida série da CW.

Como se trata de um herói com bastante material fora da nona-arte, muitos ainda não conhecem suas histórias originais, tendo testemunhado apenas suas aventuras no audiovisual. Essa lista, portanto, funciona não apenas para elencar o que há de melhor nessa longa história do velocista escarlate, como para servir de guia de leitura para aqueles que anseiam por conhecer mais de Wally West, Barry Allen e outros icônicos personagens que encarnaram ou são ligados ao Flash.

10. The Flash por Grant Morrison e Mark Millar

Se os nomes Grant Morrison e Mark Millar não foram o suficiente para convencer que essa história precisa ser lida, então sua criativa trama o faça. Nessa coletânea, com mais de dez edições, Wally West precisa combater um uniforme senciente, com o poder de absorver a força vital de qualquer um que o vista, além de ir contra o Mestre dos Espelhos e ter de vencer uma corrida pelo espaço tempo que definirá o destino do planeta! Ao menos ele pode contar com a ajuda de Jesse Quick, Jay Garrick e Max Mercury.

 

9. As Infames Mortes da Galeria de Vilões

Após Geoff Johns reviver o personagem em sua minissérie Renascimento e depois de concluir a saga A Noite Mais Densa, Barry Allen já ganha um primeiro arco de destaque em sua revista solo. Parte do evento O Dia Mais Claro, essa história mostra Allen retornando à Central City, onde deve resolver o mistério do assassinato de um dos membros da Galeria de Vilões, além de impedir que novas vítimas sejam feitas por esse assassino desconhecido. Tudo isso enquanto, claro, coloca sua vida de volta nos eixos.

 

8. Nascido para Correr

Ano Um do Flash, Nascido para Correr, é o primeiro arco de Mark Waid frente ao herói e reconta a origem de Wally West como Kid Flash. A obra nos conta dessa jornada do menino, até precisar se tornar o Flash, após a morte de Barry. Com foco tanto na comédia, quanto no drama, a revista aborda a relação entre West, Allen e Íris. Não bastasse isso, Waid ainda traz um interessante olhar sobre a Força de Aceleração, expandindo a mitologia do herói consideravelmente.

 

7. Flash de Dois Mundos

Uma das histórias mais importantes não só para o Flash, como para o universo DC em geral, Flash de Dois Mundos introduz a Terra-2 e dá início ao multiverso da editora. Sim, em revistas anteriores o conceito de dimensões paralelas já havia sido abordado, mas, oficialmente, podemos considerar este como o marco inicial dessa fundamental característica da DC. Na trama, Barry subitamente acaba se transportando para outro universo ao vibrar suas moléculas. Lá ele encontra Jay Garrick, o Flash da Era de Ouro, que, no universo de Allen, não passava de um personagem de quadrinhos!

O sucesso da história ainda motivou que a DC revivesse inúmeros de seus heróis da Era de Ouro. Recentemente, a HQ foi adaptada para a televisão na segunda temporada da série The Flasho capítulo conta com o mesmo título da obra original.

 

6. Blitz

O quinto arco da fase de Geoff Johns frente ao herói, Blitz nos conta a história de como Zolomon Hunter, amigo de Wally West, se tornou o vilão Zoom. Após sofrer um acidente na esteira cósmica, na tentativa de voltar no tempo e impedir que ele perca o movimento nas pernas, Hunter ganha seus poderes de velocista, se tornando ainda mais rápido que o Flash. Para impedi-lo, West precisa absorver parte das habilidades de outros velocistas, para que, assim, tenha alguma chance contra o antagonista. Com arte de Scott Kolins, o arco certamente é um dos pontos altos da era Geoff Johns.

 

5. O Retorno de Barry Allen

Voltamos para a fase de Mark Waid e, nesse ponto, anos se passaram desde a morte de Barry. Porém, como nenhuma morte é definitiva nos quadrinhos, ele subitamente retorna, surpreendendo especialmente Wally West, que permanece um tanto cético em relação à volta do velocista. Conforme o tempo passa, contudo, eles percebem que Allen apresenta uma personalidade muito mais agressiva, chegando a quase matar alguém simplesmente porque chamaram West de Flash. Waid acerta em cheio nessa história sobre traumas passados, trazendo um inédito olhar sobre Barry, que, pouco a pouco, configura-se como uma verdadeira ameaça.

 

4. Velocidade Terminal

Nesse ponto dessa lista, vocês provavelmente já perceberam que, se pretendem ler uma boa história do herói, basta buscar alguma escrita por Mark Waid ou Geoff Johns, certo? Velocidade Terminal é mais um dramático arco de Waid, novamente com Wally West como protagonista. Após atingir a velocidade da luz, Flash descobre que a Força de Aceleração, enquanto aumenta seus poderes, vem o puxando para outro universo. Enquanto lida com isso, ele precisa arranjar alguma forma de impedir que as visões sobre sua própria morte se tornem realidade, precisando, também, assegurar que sua amada não sofrerá o mesmo destino. Trata-se de uma obra sobre auto-descobrimento e sacrifício, o ponto alto da fase de Mark Waid.

 

3. Renascimento

Não confundir com a nova fase, de mesmo nome, dos quadrinhos da DC! Assim como fizera com o Lanterna Verde, Geoff Johns reinventa o personagem, trazendo-o de volta para o universo da editora nessa memorável história, Renascimento. Tida como uma das melhores histórias do personagem, essa minissérie de seis edições expande a mitologia de Flash, trazendo Barry de volta como o principal velocista, enquanto inúmeros outros indivíduos do passado do herói também são contemplados. Não por acaso Johns permaneceu frente às publicações do herói por anos e anos! Caso nunca tenha lido sequer um arco do velocista, essa é a perfeita porta de entrada.

 

2. Ponto de Ignição

O evento que mudou tudo no universo DC (de novo), Ponto de Ignição rendeu algumas das melhores histórias da editora, com direito a Thomas Wayne como Batman e Superman criado como rato de laboratório. Inegável, porém, constatar que o Flash é o protagonista desse grande crossover, visto que ele é o único capaz de discernir o que faz parte da linha do tempo "normal" e a alterada. Servindo como estopim do soft-reboot que veríamos nos Novos 52, a saga representa o ápice da fase de Johns, trazendo uma gigantesca sensação de urgência, enquanto o herói tenta fazer que tudo volte ao normal. Não por acaso a história foi adaptada tanto para animação, quanto na série da CW, além de servir como principal fonte do vindouro filme solo do herói.

 

 

1. As Fases de Mark Waid e Geoff Johns

Eleger a melhor história de um personagem de quadrinhos nunca é uma tarefa fácil, mas, convenhamos, se você chegou até aqui e gostaria de conhecer o herói a fundo, então faça a si mesmo o favor de ler tudo o que Waid e Johns escreveram sobre o velocista escarlate. Nessas duas fases encontramos as histórias de origens (recontadas) de inúmeros personagens e arcos memoráveis, muitos dos quais inspiraram episódios da recente série da CW, além das animações do DC Animated Universe. Se você não se tornar fã do Flash depois de ler tudo isso, então é melhor partir para outro personagem!


Lista | As Melhores HQs do Batman

A fama do Homem-Morcego não surgiu por mero acaso. Nesses longos anos desde sua primeira aparição, o Batman ganhou histórias que podem ser consideradas verdadeiras preciosidades, ampliando a mitologia do personagem da DC Comics de maneiras inéditas, que, aos poucos, definiram sua própria essência. Passando pelas mãos dos mais variados autores, o super-herói conta com um leque invejável de arcos, one-shots e minisséries – a intenção dessa lista não é apenas a de elencar as melhores, como mostrar visões diferenciadas do personagem, revelando a profundidade que pode ser alcançada com esse herói, quando fugimos do óbvio.

 

10. A Corte das Corujas

Polêmicas à parte, a fase Novos 52 da DC Comics nos entregou um dos melhores arcos do Morcego, expandindo a mitologia do herói com um novo grupo de antagonistas. Manobra ousada, essa de Scott Snyder e Greg Capullo de iniciar tal fase sem utilizar um dos muitos famosos vilões de Batman, mas que, definitivamente, vingou, nos entregando uma história fascinante que explora as origens de Gotham.

Não há como não perceber o desconforto que tal história provoca em nós, enquanto vamos descobrindo mais e mais sobre esse grupo que controla a cidade, tudo enquanto o caráter de detetive do protagonista é trabalhado, fugindo, pois, da velha mesmice que assola os quadrinhos de herói, muitos focados unicamente na ação descerebrada.

Logo nesse arco inicial Snyder e Capullo deixaram sua marca na história do Batman e continuariam a nos surpreender com o restante de sua excelente fase nos Novos 52.

 

9. Terra Um

Ano Um pode ser considerado como a história de origem definitiva do Batman, mas Terra Um, surpreendentemente, não fica muito atrás. No comando dessa ousada graphic novel temos Geoff Johns e Gary Frank, que devem, nessas cento e quarenta e duas páginas, contar o que, essencialmente, todos já sabemos, mas de forma, claro, que assegure a relevância da revista, que não faz parte da continuidade das publicações da DC Comics.

Logo nas primeiras páginas testemunhamos o realismo do texto de Johns, com um jovem Batman errando seu gancho e pulo enquanto persegue um bandido pelos telhados de Gotham – ele está longe de ser o implacável herói com o qual estamos acostumados – é alguém vestido de morcego, que erra e erra até, efetivamente, conseguir o que quer. Não vemos nele a típica aura de grandiosidade dos super-heróis e sim uma pessoa lutando para combater o crime na cidade.

Tal aspecto é aprofundado pela certeira arte de Gary Frank, que empresta toda a humanidade possível ao Morcego ao mostrar seus olhos, que transmitem todas as emoções do indivíduo por trás da máscara.

Não bastasse isso, os flashbacks que retratam Bruce ainda menino reimaginam a imagem de Alfred, o colocando não apenas como guardião e parceiro no combate ao crime, mas como mentor – tanto da filosofia que formaria o Batman, quanto em artes marciais, proposta, essa, que seria utilizada na série Gotham, anos mais tarde.

Dessa forma, o que ganhamos é mais uma essencial história de origem, que não é excludente em relação às outras, mas amplia o próprio conceito do Homem-Morcego, sob ponto de vista mais real e humano.

 

8. Guerra ao Crime

Qualquer um que passe o olhar brevemente por uma página de Guerra ao Crime muito provavelmente vai ter seu interesse captado. Esse one-shot foge totalmente do padrão clássico dos quadrinhos por três motivos essenciais: o primeiro é a arte hiper-realista de Alex Ross. O segundo é a diagramação sem quadros limitados, com muitas ações sendo estendidas por duas páginas, criando ações contínuas e dinâmicas, sem a necessidade de inúmeros painéis criando a sucessão narrativa. Já o terceiro é a ausência de balões – todos os diálogos são apresentados através do texto direto sobre a imagem, funcionando como pensamento do protagonista.

Tais características claramente garantem à graphic novel seu ar cinematográfico, com os pensamentos de Batman atuando como o clássico voice-over do Cinema Noir. Cada página é uma verdadeira obra de arte, podendo facilmente ser enquadradas e colocadas em paredes e o seu realismo perfeitamente dialoga com o tom intimista do texto de Paul Dini, que, por sua vez, explora as dúvidas e receios do Homem-Morcego.

Certamente uma história essencial para qualquer um que anseie por conhecer mais desse herói – um one-shot que mergulha não somente na mente do Morcego, como apresenta um retrato pé no chão de Gotham City.

 

7. Morte em Família

Quem matou Jason Todd não foi o Coringa e sim os fãs. Em 1988, o editor da DC Comics, Dennis O’Neil, deixou nas mãos dos leitores o destino do segundo Robin – qualquer um poderia ligar para um de dois números de telefone, um deles para votos à favor da morte do personagem e o outro contra. Qualquer um já sabe o resultado da votação e a execução ficou nas mãos de Jim Starlin e Jim Amparo.

Morte em Família, tornou-se, desde então, um dos arcos mais importantes da história do Morcego, com a clássica imagem de Batman com Todd nos braços sendo uma das mais icônicas das revistas do herói, fruto da simplicidade do traço de Amparo, perfeitamente ciente do peso dramático do roteiro de Starlin, que dispensa o excesso de informação da arte, incitando o imaginário do leitor.

A inesperada escolha do roteirista (Starlin é mais conhecido por suas sagas cósmicas na Marvel e, claro, pela criação de Thanos) certamente foi a correta, ao passo que o autor soube empregar a violência na medida certa, entregando cenas chocantes, não por serem gráficas demais, mas pelo que representam. Temos aqui uma das mais tristes vitórias do Coringa e um dos maiores traumas de Wayne.

 

6. Batman Preto e Branco

Chega quase a ser uma injustiça colocar Batman Preto e Branco nessa lista. A minissérie em quatro edições é, na realidade, uma coletânea de contos sobre o Homem-Morcego, contando com histórias de autores como Bruce Timm, Neil Gaiman, Archie Goodwin, Katsuhiro Otomo, Klaus Janson e muitos outros. São histórias curtas, dinâmicas, que lidam com diferentes aspectos do personagem, cada um com arte diferenciada, autoral e, claro, em preto-e-branco.

O projeto, idealizado por Mark Chiarello, foi inspirado na revista Creepy – Contos Clássicos de Terror e garante a liberdade criativa de cada autor, obedecendo apenas a característica central da arte, que dá o título da obra. O resultado são histórias diferenciadas, muitas das quais seguem por caminhos completamente inesperados – vide a divertida contribuição de Neil Gaiman, que coloca Batman e o Coringa como atores desempenhando papéis de herói e vilão.

Sem dúvidas uma minissérie imperdível, que nos permite testemunhar a visão de inúmeros ícones da indústria dos quadrinhos sobre um dos mais famosos super-heróis. Nas palavras do próprio Mark Chiarello, o que é realmente frustrante é imaginar como essa série poderia ter sido se alguns dos mestres do passado ainda estivessem vivos.

 

5. Asilo Arkham – Uma Séria Casa em um Sério Mundo

Servindo como uma versão dark de Alice no País das Maravilhas, Asilo Arkham coloca Batman como equivalente à protagonista do romance de Lewis Carroll, seguindo o Coringa (que funciona como o coelho), a esse estranho mundo, seja ele uma terra fantástica ou o Arkham. Com painéis escuros e arte, de Dave McKean, que beira o surrealismo, a obra é um verdadeiro mergulho na insanidade, colocando o leitor dentro da mente do Morcego, enquanto essa é absorvido pela loucura ao seu redor.

Repleto de simbolismos, o roteiro de Grant Morrison, que, posteriormente, teria sua própria fase frente ao herói, desconstrói tanto alguns dos icônicos vilões das revistas do personagem, quanto o próprio protagonista em si, tudo enquanto descobrimos mais sobre a origem dessa emblemática instituição e seu fundador, Amadeus Arkham. Com profundo foco no psicológico dos personagens, a graphic novel gera fascínio e desconforto ao leitor, praticamente obrigando que retornemos a ela repetidas vezes.

Tida como peça essencial para construção da mitologia do Morcego, a obra ainda inspirou diversas outras produções, como os games Arkham Asylum e o primeiro The Evil Within, esse segundo chegando a herdar os traços de surrealismo dos quadrinhos originais. Dessa forma, de imediato, Morrison e McKean plantaram suas bandeiras na história das publicações do Batman.

 

4. O Longo Dia das Bruxas

Praticamente sequência de Ano Um, de Frank Miller, O Longo Dia das Bruxas mostra o vigilante mascarado em busca do assassino conhecido como Feriado, que mata suas vítimas em datas comemorativas à cada mês. Ao lado de Jim Gordon e Harvey Dent, Batman deve descobrir quem é esse criminoso antes que ele mate mais alguém.

Com roteiro de Jeph Loeb e arte de Tim Sale, a graphic novel representa muito bem a transição do herói entre combater criminosos comuns e verdadeiros super-vilões, além, é claro, de nos entregar a imperdível releitura da origem do Duas-Caras. É preciso notar como a utilização de icônicos antagonistas do personagem contrasta a luta contra o crime mais pé-no-chão e mais fantasiosa, repleta de tramas complicadas, seres que sofreram mutações e mais, algo que é muito bem explicitado pelo traço de Sale.

Essencial para qualquer fã do Morcego, O Longo Dia das Bruxas notadamente inspirou trechos de O Cavaleiro das Trevas, de Christopher Nolan, especialmente na maneira como diferencia as ações da máfia com as do Coringa. Se isso já não é o suficiente para incentivar a leitura da obra, a atmosfera noir presente nas páginas talvez dê conta do recado, transformando essa em uma verdadeira história de investigação à moda antiga.

 

3. A Piada Mortal

Chegamos no Top 3, formado por obras que, na realidade, poderiam ser dispostas em qualquer ordem. Não tomo para mim a pretensão de considerar uma melhor que a outra, principalmente porque cada uma delas funciona como um verdadeiro pilar da mitologia do Morcego. Dito isso, se Ano Um entregou a origem definitiva de Batman, então A Piada Mortal representa o mesmo para o seu nêmesis, o Coringa.

Alan Moore, junto de Brian Bolland, criam um verdadeiro estudo de personagens, trabalhando os impactos de experiências traumáticas na psiquê humana. O Coringa é firmado como a perfeita antítese de Batman – enquanto um se torna um herói após o trauma, outro assume o manto de vilão. Essa contraposição ainda é perfeitamente pluralizada através do trágico atentado contra Barbara Gordon, que é condenada a uma cadeira de rodas – nem ela, nem seu pai, Jim, torturado pouco após tal evento, assumem as posturas equivalentes às do Morcego e do Palhaço, mostrando a profundidade do texto em relação à sua temática central.

Não bastasse toda a discussão levantada até então, Moore nos entrega um dos mais emblemáticos desfechos de histórias em quadrinhos, que até hoje gera interpretações diversas acerca do destino dos dois personagens. Ousado e inesquecível, A Piada Mortal é uma peça indispensável de qualquer coleção de um fã de quadrinhos, definitivamente atuando como um dos pilares das histórias modernas do Batman.

 

2. Ano Um

Chegamos, enfim, à já mencionada origem definitiva do Morcego, que redefiniu sua história de tal forma a inspirar dezenas de outras obras produzidas desde então. Ano Um lida não apenas com os primórdios de Batman, como com suas próprias motivações, o que transformou Bruce Wayne no Homem-Morcego. Apostando no claro intimismo, especialmente nos trechos que retratam o “despertar” de Wayne, Frank Miller nos faz enxergar e acreditar no protagonista, o vendo como peça essencial para a sobrevivência de Gotham como sociedade.

Não menos importante, temos, também, a origem de James Gordon, recém chegado na cidade, após anos fora. Dessa forma, passamos a ver não apenas o Morcego como resposta à criminalidade, como o próprio Jim, que deve lidar com o sistema por dentro, combatendo a corrupção na polícia. Dessa forma é construída a relação entre esses dois personagens, que veem um no outro pessoas em quem podem confiar, fazendo com que o leitor entenda, portanto, toda a confiança que depositam um no outro nos anos de histórias do herói.

Não precisa pensar muito, portanto, para ver que Ano Um não é meramente uma história de origem, como a ideal para esse icônico personagem da DC Comics, além de funcionar como perfeita porta de entrada para novos leitores. A já muitas vezes retratada história de Bruce Wayne ganha sua versão definitiva, que jamais poderá ser substituída.

 

1. O Cavaleiro das Trevas

Tempos após deixar o manto do Batman de lado, Bruce Wayne, já aos cinquenta e cinco anos de idade, decide colocar a máscara novamente, incentivado pela onda de crimes que tomara conta da cidade. Com tal premissa, Frank Miller dá início à obra que se tornaria uma das melhores histórias do herói da DC Comics. Em essência, O Cavaleiro das Trevas é um visceral estudo sobre a jornada do Morcego, passando pela luta ao crime mais “normal”, passando pelos super-vilões, culminando na luta contra o Estado em si, novidade da revista, que coloca Superman como o representante do governo americano.

Trata-se do amadurecimento de Wayne como herói, enquanto seus olhos são abertos para a verdadeira causa do problema que há tanto combate em Gotham – sua melancolia inicial, fruto da irrelevância de suas ações ao longo dos anos, serve como fator motivador de seu retorno, mas, também, explicita o que, nós, leitores, já testemunhávamos: o aumento da escala da criminalidade como resposta à presença dos super-heróis. Miller discute, pois, o impacto da figura do herói na sociedade, em tons sombrios, inspirando futuras obras como a trilogia de Nolan e Batman vs Superman.

Não por acaso o icônico embate entre Superman e Batman funciona como clímax da obra, resumindo toda a diferença ideológica entre os dois indivíduos da maneira mais explosiva possível - é o conflito entre o american way of life e o avassalador realismo que quebrara o sonho americano, problematizando a própria essência do governo que deveria entregar a vida perfeita.

Que melhor herói que o Batman para tecer tais críticas à sociedade? Com isso, O Cavaleiro das Trevas pode e deve ser enxergado não só como essencial para leitores de quadrinhos, mas indispensável para qualquer pessoa, ao passo que demonstra ser uma obra atemporal e profundamente relevante.

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