Crítica | Em Um Bairro de Nova York - Vivendo um Sonho
Criado pelo compositor Lin-Manuel Miranda, In the Heights, logo se tornou um grande sucesso na Broadway, e logo lançou seu segundo espetáculo igualmente vencedor, que foi Hamilton. É natural que uma produção tão interessante como In The Heights logo ganhasse as telonas, algo que demorou para acontecer devido a problemas para o produzir, mas que agora é lançado com o nome no Brasil de Em Um Bairro de Nova York.
O longa, como o próprio nome já diz, tem sua trama apresentada a partir de um bairro de Nova York, no caso Washington Heights, e é interessante ver como a proposta de criar um musical com base em uma região com tanta história acaba se desenvolvendo. O diretor escolhido para tocar essa proposta foi Jon M. Chu (Podres de Ricos) que consegue obter um resultado agradável em relação ao que se quer apresentar.
Para que o longa ganhasse um ritmo e um desenvolvimento que não o fizesse se tornar chato, houve um trabalho por parte do roteiro em criar subtramas que foram preenchidas com a história de diversos personagens, fazendo assim com que não apenas o protagonista, que é interpretado por Anthony Ramos, tivesse força para segurar a narrativa, mas tbm que o elenco secundário tivesse força para isso. É um artifício que dá certo, pois os vários personagens mostrados são explorados à fundo com base nas músicas cantadas.
Homenagem e Sonhos
In the Heights (nome em inglês) já de início estabelece qual será a premissa a ser seguida pelo roteiro ao falar sobre o significado de Sueñito, ou do sonho particular do protagonista em voltar para sua terra natal, a República Dominicana. Isso é algo que o roteiro acaba seguindo por toda a trama, o sonho dos vários personagens que vão surgindo, cada um sonhando com algo específico, como o green card, com o amor não correspondido e até mesmo o de ficar milionário. Portanto, o roteiro todo é tocado sob a ideia do sonho, mas também há espaço para falar de outros temas, até por isso a produção é tão longa.
Pode-se interpretar a ideia de se fazer um filme com personagens que vivem em um mesmo bairro como uma homenagem também, não à cidade de Nova York, mas nas várias pessoas que vivem em Washington Heights, com suas culturas variadas e originárias de vários países latinos. Isso fica bem claro em algumas canções, como Carnaval Del Barrio. É uma ideia interessante essa de criar uma narrativa focando nos sonhos que os imigrantes tem quando vão para os EUA, isso sem esquecer suas raízes e o sonho de também poder retornar algum dia para seu país de origem.
O roteiro também foca no romance dos intérpretes, cada um apaixonado a sua maneira, alguns são correspondidos outros nem tanto. Algumas das canções são feitas para falar sobre o amor e essa escolha foi feita para retratar os romances e para não deixar o longa cansativo ou sem um arco principal a ser desenvolvido pela história. Funciona em alguns momentos, mas depois de um tempo se torna cansativo o amor entre Usnavi (Anthony Ramos) e Vanessa (Melissa Barrera)
Usnavi e Vanessa tem a química perfeita como casal e funcionam como um par apaixonado. O casal tem carisma, muito se deve a ótima interpretação de Anthony e Melissa, dois atores que até então não tiveram a chance de mostrar seus talentos musicais. Quando é pedido os dois estão lá para segurar a ponta, até porque os personagens secundários não tem tanta força para fazer o público interagir.
Musical de Primeira
O ponto alto de Em Um Bairro de Nova York está nos ótimos números musicais e nas canções, como Paciencia Y Fe, 96,000 e principalmente In The Heights. Tudo é muito bem coreografado e impressionam de tão perfeita sincronia que é vista entre as danças.
O longa sofre de alguns problemas estruturais, como a sua falta de ritmo, o que é estranho já que é um musical e o ritmo deveria ser seu principal atrativo. A falta de ritmo pode ser sentida justamente quando alguma canção termina e entram os diálogos de algum personagem para falar sobre sonhos ou amores. Na realidade, a trama é chata, esse é o principal problema da produção, não é um filme que provavelmente será visto mais de uma vez por alguém que não curta o gênero.
Em Um Bairro de Nova York funciona em alguns momentos e em outros soa como um disco arranhado, mas não é um filme ruim, pelo contrário, ele é muito bem dirigido, coreografado e com um elenco que segura as pontas. Mesmo sendo cansativo há um trabalho para criar uma narrativa atraente e que segure o espectador, e Lin-Manuel Miranda tem grande papel nisso, já que o compositor é ótimo em criar tramas fortes e com grande potencial.
Em Um Bairro de Nova York (In the Heights, EUA – 2021)
Direção: Jon M. Chu
Roteiro: Quiara Alegría Hudes, Lin-Manuel Miranda
Elenco: Anthony Ramos, Melissa Barrera, Leslie Grace, Corey Hawkins, Olga Merediz, Jimmy Smits, Gregory Diaz IV, Daphne Rubin-Vega, Stephanie Beatriz
Gênero: Drama, Musical
Duração: 143 min.
https://www.youtube.com/watch?v=ifUrOinKiJk&t=42s
Crítica | Quem Vai Ficar com Mário? - Humor com pontada de Crítica Social
O humor brasileiro vem se revigorando nos últimos anos e ganhando uma nova cara no cinema, com produções menos novelescas e mais voltadas para o grande público. Um dos cineastas que vem fazendo parte deste novo cenário é Hsu Chien, que mesmo não sendo conhecido por grande parte dos cinéfilos brasileiros é um diretor consagrado e com bagagem no audiovisual. Ele já se aventurou em diversos gêneros, como drama, suspense e comédia.
O diretor retorna – depois de lançar o fraco Ninguém Entra Ninguém Sai – com a produção Quem Vai Ficar com Mário?, um longa que dialoga com o espectador a respeito de temas atuais e que não perde a chance de fazer o público rir com piadas bem feitas e sem precisar forçar a barra ou criar um cenário absurdo de acontecimentos.
O filme conta a história de Mário (Daniel Rocha), um rapaz que toma a decisão de contar para sua família que é homossexual, mas para isso precisa perder o medo de seu pai e confrontá-lo com a verdade. É uma ideia bastante interessante a do roteiro, em trazer um drama pessoal do personagem que muitas pessoas vivem e dar um lado cômico para a situação, isso sem esquecer do tema principal do longa.
Quem Vai Ficar Com Mary Brasileiro
É nítido a referência que o diretor faz ao dar um nome parecido com o do clássico americano Quem Vai Ficar com Mary?, que traz uma trama bastante engraçada entre dois homens que buscam o amor da personagem interpretada por Cameron Diaz.
Na versão nacional ocorre algo parecido, com Fernando (Felipe Abib) e Ana (Letícia Lima) disputando o amor de Mário. É claro que por ser uma comédia muitas confusões acabam ocorrendo, não apenas desse embate para saber quem irá ficar com o protagonista, mas também em relação a Mário contar ou não para o seu pai que é gay.
É um humor com uma pontada de drama, já que há em diversos momentos há conflitos pessoas entre Mário e seu pai e a paixão de sua vida, Fernando. Há circunstâncias que o diretor acaba repetindo piadas ou situações embaraçosas para que a cena se torne cômica, mas isso não atrapalha o andamento do longa e também não é algo de mal gosto, nem extremamente forçado, pelo contrário, se percebe que houve um trabalho para que os diálogos fossem mais leves e divertidos, isso como dito antes, sem esquecer a mensagem final.
Crítica Social
O ponto alto da narrativa está na apresentação do conflito entre Mário e seu pai, há outros momentos conflituosos na trama, mas que servem apenas para fazer a narrativa seguir adiante e para dar mais humor para o filme, mas o principal mesmo é em relação ao preconceito de seu pai.
Tal preconceito é bem discutido, mas não tão aprofundado quanto deveria ser. No primeiro ato, esse embate entre os dois é mais forte, no segundo ato ele praticamente desaparece até ressurgir para definir toda a situação no terceiro ato. O que o diretor quis fazer é apresentar outras situações que envolvem critica social, como o machismo.
A ideia de criar atritos em volta desse drama de Mário e do preconceito do pai poderia facilmente discorrer por todo o filme, mas o diretor prefere abandonar o caminho principal trilhado pelo roteiro e seguir outro, algo que acaba tornando o final óbvio e sem a força que deveria ter tido.
Quem Vai Ficar com Mário? é uma produção que poderia ter ido mais adiante no tema que pretendia discutia e assim fortalecer a sua mensagem principal contra o preconceito. Apesar de cansativo e enrolativo em alguns momentos a produção entrega aquilo que o público quer, um filme suave e que faça rir.
Quem Vai Ficar com Mário? (idem, Brasil – 2021)
Direção: Hsu Chien Hsin
Roteiro: Stela Freitas, Laura Malin, Rafael Campos Rocha, Luís Salém
Elenco: Nany People, Daniel Rocha, Felipe Abib, Marcos Breda, José Victor Castiel, Letícia Lima, Elisa Pinheiro
Gênero: Comédia
Duração: 105 min.
https://www.youtube.com/watch?v=hD7_Sp7Ombg&ab_channel=ParisFilmes
Crítica | Anônimo - Ação ao estilo John Wick
É da natureza dos filmes de ação que tenham um investimento alto para conseguir o resultado tão esperado: o de se tornarem líderes de bilheterias. E isso geralmente ocorre quando o investimento é alto e o longa tem um roteiro pelo menos que seja interessante para o público. Velozes e Furiosos e John Wick são exemplos recentes de como produções com muita ação e pancadaria consegue, geralmente, ficar na cabeça do espectador apenas fazendo o básico, colocando em prática alguns elementos do roteiro ue possam surpreender a quem assiste.
Nessa nova onda de filmes de ação com muita violência que surge Anônimo, longa do diretor Ilya Naishuller (Hardcore: Missão Extrema) e que surpreende, não pelo roteiro em si, mas pelas boas cenas de ação, dando aos fãs de franquias como John Wick uma nova opção de entretenimento.
O longa vai muito de encontro ao que o gênero apresenta atualmente, com cortes de câmera rápidos entre um soco e outro concedidos pelo protagonista, além de contar com muita violência e frases de efeito. Depois que John Wick (lançado no Brasil como De Volta ao Jogo) surgiu e passou a chamar a atenção pelo jeito violento que o protagonista tratava os seus inimigos, outras produções passaram a usar desse artifício já muito conhecido dos filmes hollywoodianos para alcançar seus objetivos.
Um dos principais elementos da clássica série Breaking Bad foi a relação entre Walter White e Jesse Pinkman com o advogado Saul Goodman, que é interpretado na produção pelo ator Bob Odenkirk. O ator foi tão convincente em seu papel que o personagem acabou recebendo uma série própria intitulada de Better Call Saul. Odenkirk agora reaparece em Anônimo de um jeito muito diferente.
Se na série da AMC Bob tinha um lado cômico ao tratar dos negócios, em Anônimo as coisas são apresentadas de outra forma. Os espectadores que estão acostumados a acompanhá-lo em Better Call Saul talvez nunca imaginariam vê-lo em ação como é mostrado no filme. Bob soca violentamente seus adversários, atira e derrama sangue em grandes quantidades, além de causar várias lesões em quem fica à sua frente. É evidente que o diretor usou como referência a franquia John Wick para criar as cenas de ação de Anônimo, e tais cenas funcionam e são o principal fator de transformar um longa pobre de ideias em algo mais atraente.
Bob Odenkirk entrega outra ótima atuação, tal fato pode fazer o astro despontar para outros papéis dramáticos no futuro, além de o colocar como uma opção para outros filmes de ação. Não é raro o cinema colocar personagens sem um perfil atlético para trabalhar nestas produções.
A trama conta a história de um homem que tem um passado obscuro e depois de espancar amigos do líder da máfia russa passa a ser perseguido pelos criminosos. É natural que a ideia foi desenvolvida justamente para que o protagonista pudesse apresentar o seu passado violento e para que toda a ação descambasse em violência gratuita.
O que o diretor quis mostrar com o fato do protagonista ao buscar um atrito contra os mafiosos e depois uma vingança pessoal, é a de que é sim possível fazer um filme de ação com muita pancadaria sem que o protagonista seja um cara fortão e cheio de músculos, utilizando alguém descaracterizado dos padrões atuais para ser o protagonista.
Claro que os clichês estão no filme e o roteiro não faz nenhum esforço em escondê-los, até porque esse é o barato da narrativa ao colocar um homem que aparentemente é pacato e sem histórico de violência em um conflito sem fim. Mesmo tendo um roteiro óbvio a história funciona, justamente porque o público já está acostumado com esse tipo de abordagem e também porque os atos violentos por si só são um espetáculo de pancadaria, algo que o público geralmente busca neste tipo de entretenimento.
As cenas de luta são cruas e não tão bem coreografadas, não são golpes ao estilo dos que o astro Jean Claude Van Damme concedia, o que é uma pena, pois não se fazem mais filmes de ação com confrontos coreografado de um jeito que faça com que se guarde na memória aquela cena. Há bons momentos no longa, mas que só vão servir para fazer o espectador lembrar do sangue jorrando e apenas isso.
Anônimo cumpre o seu papel de forma eficiente, pois entrega aquilo que se esperava: pancadaria e muito sangue. Não é um primor de produção, mas se sobressai entre as obras que estão sendo feitas. Com uma ideia simples consegue atingir o seu ápice nas principais cenas de luta, porém mesmo assim falta muito para que chegue aos pés de John Wick.
Anônimo (Nobody, EUA, Japão – 2021)
Direção: Ilya Naishuller
Roteiro: Derek Kolstad
Elenco: Bob Odenkirk, Aleksey Serebryakov, Connie Nielsen, Christopher Lloyd, Michael Ironside, Colin Salmon
Gênero: Ação, Crime, Drama
Duração: 92 min.
https://www.youtube.com/watch?v=ttxSTG_4fN4
Crítica | AmarAção - Um filme que não deveria ter saído do papel
Feito de forma praticamente amadora (pelo menos é sensação que se tem ao assistir), AmarAção é daqueles filmes nacionais que não se tem a mínima ideia de qual o real objetivo de se filmar uma produção de roteiro tão fraco e nem de qual mensagem que os diretores queriam transmitir.
Com direção de Eric Belhassen e Marc Belhassen, o longa conta a história de dois amigos que vivem problemas amorosos e um deles acredita estar enfeitiçado, daí o nome do filme ser uma brincadeira com amarração. A premissa é interessante, mas a questão mesmo que atrapalha o longa é que não se sabe quais os caminhos que os diretores querem trilhar, uma hora querem falar sobre família, outra sobre problemas amorosos e em nenhum momento esses temas são aprofundados, é tudo jogado de uma maneira que deixa a mensagem principal vazia.
Mesmo contando com Caco Ciocler no elenco, que mesmo em um filme ruim tem uma boa atuação, a produção acaba por ter personagens com pouco carisma e que não seguram a atenção do espectador. O protagonista é Eric Belhassen que tem uma interpretação desastrosa, sonolenta e ridícula. É certo que os personagens não ajudam, já que não se desenvolve praticamente nada sobre suas vidas e o foco total fica em cima de Eric. Há um erro claro de roteiro, pois quem deveria ser o protagonista é Caco Ciocler e não Eric.
A verdade é que muito poderia ter sido feito de diferente para que o longa se tornasse interessante e menos superficial. Há bons momentos que não são aproveitados e acabam se tornando irrelevantes para a trama, como a viagem do personagem de Eric para a França e para Jerusalém, viagem essa que não faz o menor sentido para a narrativa e que acabam por não serem usadas da maneira correta.
AmarAção é apenas mais uma produção que espelha o problema estrutural que vive o cinema brasileiro, uma indústria que sobrevive de fazer comédias com tons novelescos e de pouca criatividade. Se é para fazer um filme tão fraco assim, era mais fácil ter feito um curta experimental.
AmarAção (idem, Brasil – 2021)
Direção: Eric Belhassen, Marc Belhassen
Roteiro: Eric Belhassen, Marc Belhassen
Elenco: Caco Ciocler, Eric Belhassen, Luisa Micheletti, Ana Carolina Godoy
Gênero: Comédia, Romance
Duração: 88 min.
https://www.youtube.com/watch?v=glQBzew8qKQ&feature=youtu.be&ab_channel=BocaBocaFilmes
Conheça a Verdadeira História que Inspirou Invocação do Mal 3
Invocação do Mal é uma das grandes franquias atuais do cinema, tendo recebido três filmes ao longo dos anos e alguns derivados, como Annabelle e A Freira. Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio teve em seu terceiro capítulo a inspiração de um fato da vida real, com base em um processo judicial no ano de 1981 e que acabou tornando conhecida a frase “O diabo me fez fazer isso”, tanto que o título em inglês do filme é The Conjuring: The Devil Made Me Do It. A terceira parte da franquia foca não apenas em uma assombração especificamente, mas sim no caso que foi levado ao tribunal e que teve a participação de Ed e Lorraine Warren.
Na série de filmes de Invocação do Mal os Warren são os protagonistas, e em cada filme a história foi tirada dos arquivos dos demonologistas. Filmes como A Freira, A Maldição da Chorona e a franquia Annabelle não conseguiram trazer o brilho que a saga original tem, algo que só ocorre graças ao carisma do casal, que são interpretados por Vera Farmiga e Patrick Wilson.
A seguir vamos mostrar tudo o que você precisa saber sobre o caso que inspirou Invocação do Mal 3.
O Caso
Invocação do Mal 3: A Ordem Do Demônio foi inspirado no caso de Arne Cheyenne Johnson, caso esse que foi a julgamento e levou o criminoso a ser condenado por homicídio culposo em 1981. A linha de defesa de Arne Cheyenne foi a de que o Diabo é que havia ter o levado a cometer o assassinato. Esse foi o primeiro caso na história dos Estados Unidos em que um réu acabou alegando que estava possuído por um demônio, isso como principal motivo para que não tivesse responsabilidade em ter matado a vítima e assim não ser punido pelo crime que estava sendo julgado.
As testemunhas ouvidas sobre o caso contaram que David Glatzel, um garoto de onze anos de idade, havia sido possuído por um demônio, algo que Ed Warren acabou por comprovar. A família do garoto pediu ajuda para Lorraine e Ed, para que o exorcizassem, o que foi feito pelos Warren, mas com a ajuda de outros padres da Igreja Católica.
Depois de o exorcismo durar vários dias, e enquanto o exorcismo acontecia, ocorreu de um demônio deixar o menino e foi para Johnson, que naquele momento era noivo de Debbie, irmã mais velha de Glatzel. Como o menino estava sofrendo há algum tempo, a possessão acabou por manifestar algumas habilidades, incluindo uma em que ele previu o crime que Johnson iria cometer. Glatzel ficou curado após o exorcismo, enquanto que Johnson acabou por assassinar Alan Bono, alguns meses depois.
Johnson assassinou Bono após este ter um comportamento intolerável com a prima de nove anos de Debbie, Mary. Debbie Glatzel trabalhava como empregada para Bono, e no dia do acontecimento, Bono havia levado alguns funcionários seu e Glatzel para almoçar. Bono ficou bêbado e agarrou Mary, recusando a deixá-la ir, foi então que Johnson o atacou, esfaqueando Bono várias vezes, causando de quatro a cinco ferimentos graves na vítima.
Foi alegado pela defesa de Johnson que ele havia mudado depois do exorcismo feito com David Glatzel, e também Lorraine Warren contou à polícia de Brookfield que Johnson, no momento do crime, estava possuído. Algumas testemunhas que presenciaram o exorcismo de Glatzel afirmaram que viram o demônio se transferindo do garoto para Johnson. Ed Warren disse que Johnson cometeu um erro ao zombar dos demônios, falando: “Aceite-me, deixe meu amiguinho em paz”.
Johnson foi condenado de 10 a 20 anos de prisão, mas só cumpriu cinco anos da sentença. Ele se casou com Debbie Glatzel após sair da prisão. Um livro foi escrito sobre o caso pelo autor Gerald Brittle, com a ajuda de Lorraine Warren, intitulado The Devil in Connecticut. Um filme sobre o incidente também foi feito pela NBC, chamado The Demon Murder Case (1983).
Crítica | Verão de 85 - Drama com toque de tragédia
Com Alguns Spoilers
Quando iniciou sua carreira como diretor, ainda na década de 90, o francês François Ozon logo começou a despontar e a crítica especializada da época acabou o colocando como um dos jovens promissores cineastas franceses da nova geração. E não estavam errados, pois o diretor tinha realmente talento e um jeito peculiar de se fazer cinema, tanto que dele nasceram produções consagradas, como Potiche - Esposa Troféu e Dentro de Casa, que são exemplos de como Ozon trabalha histórias que tenham uma mensagem forte e que dialoguem com o mundo atual.
Ozon gosta de trabalhar com temas dramáticos e que possam surpreender ao público. É nesse cenário que surge Verão de 85, produção que apresenta muito da linguagem e estética que o cineasta tanto gosta e que tem uma abordagem social, trabalhando a trama de uma forma mais emotiva e delicada.
Seu último trabalho antes de Verão de 85 tinha sido uma produção que abordava o tema da pedofilia, Graças a Deus, e aqui o diretor novamente desfruta de temas atuais. Nesse novo filme não há nenhuma profundidade ou pensando em discutir a relação do casal entre o jovem Alexis Robin (Félix Lefebvre) com David Gorman (Benjamin Voisin).
Um Drama Simples e Eficiente
O longa conta como Alexis encontrou David e o que havia sido um simples encontro casual acaba por se tornar um relacionamento sério, além de mostrar como esse amor acaba por transformar o casal, isso até que uma tragédia ocorre.
O roteiro, que teve participação de Ozon, tentou nos passar, e conseguiu até um certo momento, a sensação de que o mais importante é viver a vida o máximo que puder e o de desfrutar os momentos ao lado de quem você gosta, mesmo que a relação seja momentânea. Aquela velha mensagem de viva intensamente o quanto puder.
É um drama diferente, que parecia ser um romance, mas por algumas escolhas bem estruturadas que acabam por direcionar a narrativa para um drama. A tal tragédia que desde o início é mencionada, ou seja, o espectador já assiste ao filme sabendo que o pior irá acontecer, acaba sendo um elemento diferente para a trama.
A decisão de colocar uma ato trágico na história é uma decisão interessante porque acaba prendendo o público na tela para acompanhar a história e saber o que realmente aconteceu de fato.
Há dois caminhos trilhados neste drama, o da relação entre o jovem casal de se apaixonar e enfrentar conflitos na relação e o pós-tragédia, quando Alexis começa a refletir algumas de suas ações, reflexão essa que não é nitidamente expressada, mas que fica claro em algumas falas do protagonista.
Romance Bem Estabelecido
No longa, igual ao que é apresentado em Me Chame Pelo Seu Nome (Luca Guadagnino), em que os protagonistas vivem um romance às escondidas, no conto de Ozon o casal não oficializa a relação, mas não apenas por medo do que os outros irão dizer do relacionamento, é mais uma questão de guardar um segredo, como se fosse um amor proibido. Na realidade, o roteiro não deixa claro o porque deles esconderem a relação e nem o diretor se esforça em apresentar os motivos para isso.
O objetivo de Ozon é o de mostrar como o relacionamento dos dois acaba por rapidamente desmoronar, mas não por não sentirem amor um pelo outro, e sim por ciúmes por parte de Alexis e por querer causar ciúmes pela parte de David. Isso é mostrado até o segundo ato, quando a partir da tal tragédia o longa passa a oferecer novos rumos para a trama.
É desse ponto, já no terceiro ato, que as coisas começam a ficar mais nebulosas e os conflitos de antes passam a ser ignorados. O foco é na tentativa de emocionar o público causando um choque, choque esse que não existe, já que desde o início sabemos que algo trágico irá acontecer.
Quanto ao romance em si, ele é bem construído, dando aquele ar de amor a primeira vista e que logo se torna uma paixão ardente, transformando o que tinha tudo para ser um relacionamento água com açúcar em algo mais profundo.
Escolhas erradas
Na forma sútil em que Ozon conta sua história que nascem alguns questionamentos relacionados a suas escolhas na hora de trabalhar o roteiro, como o que realmente a trama queria passar para o público além de apenas uma história de amor? É algo que não fica evidente no jeito que a narrativa é montada e tão menos fica evidente o que o cineasta quer fazer de fato com os protagonistas.
Há um certo momento que fica a dúvida dos motivos da tragédia ter acontecido, quem era o culpado e porque ocorreu? São curiosidades que são colocadas como forma de surpreender o espectador, mas que acabam por se tornarem conclusões vazias das situações impostas. Na realidade, o diretor parece não saber para onde quer ir com sua trama, até por isso há um estranhamento no jeito que o longa é tocado a partir do segundo ato.
Verão de 85 é uma bonita história de amor e que alcança as expectativas criadas em torno do filme. É sensível e tocante o jeito que os protagonistas se amam e também no jeito que tão logo se perdem nessa apaixonante relação que se apresenta na tela.
Verão de 85 (Eté 85, 2020 – França)
Direção: François Ozon
Roteiro: François Ozon, Aindan Chambers
Elenco: Félix Lefebvre, Benjamin Voisin, Philippine Velge, Valeria Bruni Tedeschi
Gênero: Drama
Duração: 90 min
https://www.youtube.com/watch?v=H5Hc0EJRNcQ
Crítica | O Dilema das Redes - Roubando Dados
Muitos usuários de internet já ouviram de alguém próximo, um amigo ou alguém da família, de que as redes sociais contam com um ambiente tóxico e de que as empresas roubam os seus dados para utilizar da forma que quiser. Eles estão certos e isso é algo que muitos desconhecem em relação as várias estratégias das empresas do Vale do Silício, estratégias essas que são empregadas para poder roubar os dados dos usuários e também para viciá-los a usar mais e mais esses ambientes digitais. E é exatamente essa a abordagem, focando em como as empresas fazem para poder pegar os dados dos usuários, que trata o ótimo documentário O Dilema das Redes, da Netflix.
Na produção dirigida por Jeff Orlowski (Perseguindo o Gelo), pode-se tirar a conclusão de que o uso excessivo das redes sociais é danoso para a saúde dos usuários e também de como são maléficas – se é que podemos dizer assim – as estratégias dos responsáveis por essas redes em criar situações que façam com que fiquemos mais tempo ligados ao celular, ficando mais tempo imersos no mundo virtual que propriamente no mundo real.
O documentário desde o início trata as empresas criadoras das redes sociais como vilãs que querem apenas e exclusivamente viciar os usuários nelas. Quando começam a apresentar, no documentário, de uma forma teatral um garoto usando o celular a todo o instante, acaba por chocar pelo jeito que é retratado o vício não apenas no celular, mas também nas redes, claro que a abordagem é bastante exagerada e em alguns momentos sem muita profundidade, dando a impressão de que o documentário queria apenas retratar como os jovens lidam com o meio digital e querendo gerar uma discussão sobre o assunto.
Outro tema que chamou a atenção, dentre os diversos assuntos discutidos pela produção, ficou por conta das estratégias de notificação e também da técnica da marcação de fotos criadas para fazer com que os usuários ficassem mais interessados e mais tempo plugados nas redes sociais. Claro que as empresas acabam por criar estratégias que façam com que o público fique mais e mais tempo nelas, isso não é novidade para a grande maioria dos usuários.
O documentário não demora muito para entrar no que realmente importa, que é como as empresas acabam por usar essas estratégias de manipulação, no caso as notificações e outras estratégias, para roubar os dados dos usuários - via algoritmos - e assim poder direcionar conteúdo e também revender os dados para empresas terceiras
A principal discussão feita por O Dilema das Redes fica em relação ao uso dos dados dos usuários que são usados para gerar receita para as empresas, pois quanto mais se usa as redes mais propagandas são direcionadas especificamente para aquele usuário. É algo que já percebemos ao utilizar as redes, até porque é impossível usar alguma sem se deparar com um conteúdo tentando te vender algo que você acabou de procurar no Google ou que acabou de dizer em algum áudio do Whatsapp. É justamente capturando esses dados privados dos usuários que as empresas acabam gerando renda para si e ficando bilionárias. É algo extremamente assustador, até porque não são todos os usuários que tem ideia de que ao utilizar o sistema de áudio, via microfone, já faz com que as empresas captem seus dados.
Em dado momento, os entrevistados pelo documentário passaram a falar sobre os algoritmos, algo que chamou a atenção. Só de curtir, comentar ou parar de seguir alguém o algoritmo já sabe que estamos chateados ou tristes e isso não é algo muito bom, pois eles acabam por ter um mapeamento do que estamos fazendo e de como estamos reagindo a certas publicações.
A produção vai mais a fundo ao falar do uso dos algoritmos, criados para outra finalidade, mas que nas redes sociais acabaram tendo outro uso. Os programadores das redes sociais criaram algoritmos para manipular o Feed (local que os usuários tem acesso a atualização do seu grupo de amigos), apresentando o que ele deve ver ou não e transformando o público em um produto para a empresa. E vai mais a fundo quando mostra que com o uso dos algoritmos é possível não apenas direcionar as já mencionadas publicidades para cada usuário, mas também criar uma rede de interesse, em que é visto apenas aquilo que se quer e assim fazendo o usuário entrar em uma bolha de desinformação.
As tão populares Fake News (notícias falsas) têm o seu espaço no documentário e Orlowski dá uma grande importância para isso ao mostrar como os algoritmos disseminam desinformação em massa, até porque quando uma fake news surge é bem provável que muitas pessoas passem a compartilhar e acreditar que aquela notícia seja verdadeira, sem ao menos abrir a matéria para ler ou até mesmo checar a veracidade do fato. Não à toa o Facebook está criando um mecanismo que sugere ao usuário que abra a notícia antes de a compartilhar.
A verdade é que estamos ficando escravos das redes sociais para ficar informados, discutir e conhecer novas pessoas e antigamente não era assim. O uso excessivo das redes acaba fazendo com que muitas pessoas, principalmente crianças e adolescentes, sofram com doenças mentais, como depressão e ansiedade.
O documentário usa de modo inteligente estatísticas para tentar aprofundar esse debate ao mostrar que aumentou o número de suicídios nessa faixa etária e cita as redes sociais como um dos motivos.
Realmente, muitas pessoas acabam se tornando escravas das redes sociais, muitos simplesmente mudam seu jeito de agir ou de se comunicar simplesmente porque receberam poucos likes ou quase nada de comentários e isso é algo que o documentário consegue discutir de forma exemplar.
Algo que a produção deixa a desejar e que salta aos olhos é o cenário pessimista que pinta, deixando de realizar um debate mais significativo e aprofundado. O que mais se ouve são entrevistados de executivos ou ex-executivos de Instagram, Facebook e de outras redes falando sobre algo negativo em relação as redes sociais e não se ouve quase nada de positivo, demonizando assim o uso delas, tornando assim o documentário completamente imparcial.
Essa imparcialidade é nítida em vários momentos, quando fala do cenário alarmante das fake news, ao mostrar que o garoto que vive vendo vídeos acaba por ser influenciado pelas redes e acaba indo em uma manifestação, são questões que são forçadas ao máximo para causar uma reação de que tudo está errado, e não é bem isso, há muitos profissionais que enxergariam também algo positivo nesse cenário e que não foram ouvidos pela produção.
Como o próprio documentário diz, há sim questões positivas na criação das redes sociais, como o uso para discutir temas relevantes e encontrar pessoas que há muito não se viam, mas são poucos motivos positivos perto de tantos fatos negativos que foram apresentados. É uma produção que todos – usuários e não usuários das redes sociais – deveriam assistir devido a sua importância.
Alguns temas poderiam ter recebido um tratamento diferente, dando mais profundidade em assuntos como fake news e até mesmo a respeito da depressão nos jovens que usam as redes sociais.
O Dilema das Redes é um verdadeiro soco no estômago, provocando uma discussão de como as grandes corporações de tecnologia estão utilizando nossos dados e como usam estratégias, não apenas a fim de ganhar dinheiro, mas também com a ideia de manter os usuários viciados, algo que é realmente assustador.
O Dilema das Redes (The Social Dilemma, 2020 – EUA)
Direção: Jeff Orlowski
Roteiro: Jeff Orlowski, Davis Coombe, Vickie Curtis
Elenco: Tristan Harris, Jeff Seibert, Bailey Richardson, Joe Toscano, Sandy Parakilas, Guillaume Chaslot
Gênero: Documentário, Drama
Duração: 94 min
https://www.youtube.com/watch?v=uaaC57tcci0
Crítica | Esquadrão Trovão - Um dos piores filmes do ano
Hora ou outra a Netflix libera para o público, em sua plataforma de streaming, produções de gosto bastante duvidosos. Em meio a enxurrada de filmes e séries que estreiam por semana é comum que um ou outro acabe caindo na graça do público ou que acabe desagradando o mesmo.
No caso de Esquadrão Trovão, comédia dirigida por Bem Falcone (Alma da Festa), a ideia é bem básica e é muito utilizada por diversas produções. No caso, colocaram duas atrizes de sucesso como protagonistas, Melissa McCarthy e Octavia Spencer, que se tornam heroínas para lutar contra o mal. A receita tinha tudo para dar certo, mas na realidade o filme acaba se transformando em um grande transtorno para o espectador.
O objetivo de uma comédia é o de fazer as pessoas rirem, seja com piadas feitas pelos personagens ou de situações criadas ao longo da produção. Mas o que se vê em Esquadrão Trovão é justamente o contrário, o longa acaba atuando como um inimigo do humor de tão ruim e de tão mal planejadas que são as cenas cômicas.
Lydia (Melissa McCarthy) e Emily (Octavia Spencer) eram grandes amigas na época do colégio, até que uma briga entre as duas fez com que se separassem. Alguns anos depois, já na fase adulta, se reencontram com Emily sendo uma grande cientista e arquitetando um plano para realizar um experimento que a desse super força e a fizesse ficar invisível, enquanto que Lydia parou no tempo e não tem uma vida tão atraente assim.
Essa situação das duas terem brigado e de terem se tornado heroínas por acaso, pois não era isso que Emily esperava, sendo que o objetivo inicial era apenas o de lutar contra os vilões da cidade, é que faz com que o filme tente prender a atenção do espectador. Prender a atenção prende, mas só até o segundo ato quando a história vai se desenvolvendo e cai na mesmice de sempre das comédias pastelão.
Filmes e séries de super-heróis estão na moda, mas com pouca frequência vemos produções que tentem colocar como heroínas duas mulheres que são comuns, que podemos encontrar no dia a dia no metrô, e esse é o principal e único atrativo de Esquadrão Trovão, pois a ideia de usá-las para passar uma mensagem ao público acaba sendo um grande tiro no pé, até porque a história é carente de boas ideias que façam refletir sobre algum tema relevante.
Melissa McCarthy se tornou aquela atriz de um filme só, mesmo tendo feito produções diferentes das comédias que está habituada a fazer, como Rainhas do Crime e Poderia me Perdoar? E aqui novamente interpreta uma personagem caricata, desastrada e bobalhona como os de sempre. Obviamente que a atriz se sobressai, pois se sente confortável em trabalhar em longas desse estilo.
Já Octavia Spencer não parece tão habituada assim a sua personagem. A atriz que está acostumada a trabalhar em produções de gêneros diversos, acaba tendo neste filme o seu primeiro papel como heroína. Como cientista sua interpretação está ótima, mas como heroína falta algo a mais. Primeiro que suas deixas não tem graça e ao fazer dupla com McCarthy acaba ficando na sombra da já experiente atriz deste gênero. Percebe-se que Octavia não está confortável com a sua protagonista, e não é de menos, já que sua personagem é fraca.
Ao assistir a uma comédia com humor pastelão é comum que os personagens não sejam tão aproveitados como deveriam, e isso acontece com a dupla que mesmo tendo um objetivo claro – o de vencer os vilões – acaba acontecendo o que já se imaginava, com as personagens se tornando vazias e não tendo uma função específica em cena que não seja a de fazer o público rir.
Essa é a sexta produção em que Ben Falcone dirige e tem Melissa McCarthy no elenco. A parceria entre os dois vem de longa data e não ao acaso a atriz está tão bem em cena, tendo experiência em fazer comédias do gênero e por ter trabalhado já com o diretor faz com que McCarthy se sinta mais confiante em cena, coisa que não se presencia com a atuação de Octavia Spencer.
O que transforma esse longa em um projeto completamente sem graça são as piadas bastante constrangedoras, mas não são constrangedoras apenas pelas falas das personagens e pelas situações impostas pelo roteiro, mas também por causar uma vergonha alheia no espectador no jeito que tudo é conduzido.
Ao belo estilo besteirol americano o filme vai tentando causar risadas no público com piadas e situações extremamente forçadas que não fogem ao estilo do diretor nem ao de Melissa. Obviamente que há um público que curte esse tipo de produção, mas depois de assistir a vários longas com a atriz que são praticamente iguais o público acaba por se cansar de conferir sempre o mesmo conteúdo.
Esquadrão Trovão é mais uma obra que é produzida com o intuito de viralizar, tendo no elenco atores de nomes renomados e que tenta usar o tema dos super-heróis, que está em alta no momento, para tenta captar a atenção do espectador. O problema é que a experiência de assisti-lo é algo bastante desagradável.
Esquadrão Trovão (Thunder Force, 2021 – EUA)
Direção: Ben Falcone
Roteiro: Ben Falcone
Elenco: Melissa McCarthy, Octavia Spencer, Jason Bateman, Bobby Cannavale, Pom Klementieff, Taylor Mosby
Gênero: Ação, Aventura, Comédia
Duração: 106 min
https://www.youtube.com/watch?v=-2K4wYaLOnM&ab_channel=NetflixBrasil
Doutor Estranho iria aparecer em WandaVision, de acordo com Kevin Feige
Havia muita expectativa por parte dos fãs, enquanto WandaVision estava sendo exibido, da participação de alguns personagens, como Mefisto e Doutor Estranho, que é interpretado no MCU por Benedict Cumberbatch. Ao término da série nenhum dos personagens acabou aparecendo e assim frustrando os fãs.
Em uma entrevista recente que foi concedida à Rolling Stone americana, Kevin Feige, presidente da Marvel, falou sobre os planos que inicialmente introduziam o Doutor Estranho na série, mas que depois acabaram por cortar sua participação na produção.
“Algumas pessoas podem dizer: ‘Ah, mas teria sido tão legal ver o Doutor Estranho’. Mas isso teria tirado o brilho da Wanda. Não queríamos que o fim da série fosse comoditizado para o próximo filme e com um ‘aqui está o homem branco que vai te mostrar como os poderes funcionam’.”
Feige ainda contou que os comerciais que eram passados em alguns episódios de WandaVision tinham como intenção em um primeiro momento a de transmitir as mensagens do Doutor Estranho para Wanda.
Ainda foi revelado pelo presidente da Marvel que havia sido feito um acordo para que Cumberbatch pudesse aparecer. Porém, Doutor Estranho só irá aparecer em Doctor Strange in the Multiverse of Madness, e com a mudança de ideia o roteiro teve que ser reescrito.
WandaVision está disponível no serviço do Disney+.
Crítica | Bela Vingança - A Vendetta perfeita
Com Spoilers
É de conhecimento de todo cinéfilo que muitas produções audiovisuais costumam colocar com alguma frequência mulheres em alguma situação de risco, na maioria das vezes para representar abusos e agressões que sofrem no dia a dia. Em Bela Vingança (Emerald Fennell) há uma quebra no jeito que essa história é contada e apresentada.
Cassie (Carey Mulligan) é uma mulher que é mostrada, em um primeiro momento, como uma mulher dependente e que tem total noção do que está fazendo, no caso, dar lições em homens que imaginam que ela esteja sozinha em baladas e bares e que por supostamente estar bêbada acabam por tentar abusar dela.
Porém, tudo se mostra uma estratégia de Cassie para dar uma lição nos abusadores, e assim decide, em algumas situações, como irá agir em relação ao abuso que está sofrendo. Essa é a premissa inicial do longa, mas que muda bastante com o decorrer da narrativa e da trajetória da personagem;
Emerald Fennel (The Crown) que além de escrever o roteiro também dirigiu o longa, e mesmo não tendo muita experiência na direção, já que a maioria de seus trabalhos foram como atriz, acaba por se sair muito bem no trabalho. O resultado final, que pode ser visto na tela, é satisfatório e mostra que Emerald tem sim muito futuro como diretora. Ao apresentar a protagonista e os traumas do passado de Cassie acaba por fazer com que o espectador siga sua trajetória e também tentar descobrir o segredo que Cassie guarda para si, mas que em breve irá voltar para assombrá-la.
Roteiro Original
A direção de Emerald Fennel acaba ficando em segundo plano pelo bom trabalho feito com o roteiro, não à toa lhe concedeu o Oscar de Melhor Roteiro Original no ano de 2021, justamente por tratar de um tema atual e por dar uma abordagem a história que outros filmes geralmente não acabam por seguir. Produções como Doce Vingança e Vingança apresentam suas protagonistas sofrendo abuso sexual e fazem com que elas acabem por ir atrás de uma vingança particular contra os criminosos.
Em Bela Vingança ocorre algo diferente em relação a outras produções do gênero. No longa, Cassie já começa dando lições nos abusadores e depois que se descobre a respeito do acontecimento envolvendo sua amiga Nina, e sobre a protagonista ter largado a faculdade de medicina devido a esse trauma pessoal, que o filme realmente apresenta ao público o que realmente quer mostrar.
Cassie pensa em se vingar contra todos que praticaram o abuso contra Nina, e também contra aqueles que acobertaram a situação. O roteiro constrói a vingança de um jeito bastante inteligente, dando destaque para cada passo que a personagem irá dar. Mesmo carregando um drama pessoal o longa não emociona, e provavelmente não era essa a ideia, e sim a de mostrar como seria a vingança da protagonista.
Os plot twists
Como todo bom roteiro é comum que tenha os famosos plot twits, aquelas reviravoltas que acontecem em um ponto crucial de um filme e que servem para surpreender o espectador. Em Bela Vingança não há apenas um, mas dois plot twists. O primeiro acontece quando a personagem de Carey Mulligan é morta, algo que pega a todos de surpresa, pois por qual razão o roteiro iria matar sua protagonista?
Quando nos damos conta que fomos surpreendidos por tal acontecimento, pensando que a vingança pessoal de Cassie havia dado errado e que as pessoas que cometeram o crime contra a sua amiga Nina iriam sair impunes, e é aí que somos pegos de surpresa uma segunda vez com a explicação dos fatos.
Desta vez com um segundo plot twist, em que Cassie havia montado todo um plano para poder concluir sua vingança pessoal. Nesse plano incluía sua própria morte, como um sacrifício, para assim conseguir o que finalmente queria, que era o de prender os criminosos que causaram tanto mal para sua amiga e também para a própria protagonista. Na realidade, é um plot que não agrega muito ao filme, está ali apenas para surpreender e dar uma noção de que a personagem já estava morta por dentro, devido ao acontecimento envolvendo Nina.
Carey Mulligan em Ótima Atuação
Em uma de suas melhores atuações, Carey Mulligan (Vida Selvagens) entrega o que o público queria ver (não à toa foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz em 2021). Ao dar vida a Cassie, Mulligan se joga na personagem, dando uma maior leveza para cenas dramáticas e se transforma em uma femme fatale a tal ponto de realmente causar o sentimento no público de tensão.
Carey é bastante conhecida por ter feito muitos papéis dramáticos, alguns sem sal e outros que poderiam ser mais bem trabalhados. É muito provável que este papel a tenha dado novos direcionamentos em relação a escolha de personagens e que também serve para a própria indústria cinematográfica olha a atriz com outros olhos e ter a sabedoria de que ela pode sim fazer outros tipos de personagens.
Quanto ao filme Bela Vingança, fica o sentimento de que o trabalho no longa foi bem feito, com uma trama construída em torno da protagonista e pensando qual caminho a personagem iria tomar desde o início, diferente de outras produções que não sabem bem o que vão fazer com a história. É interessante ver que um filme sobre vingança e que discute os abusos que muitas mulheres sofrem acabou se tornando um dos grandes filmes lançados em 2021.
Bela Vingança (Promising Young Woman, 2020 – EUA)
Direção: Emerald Fennell
Roteiro: Emerald Fennell
Elenco: Carey Mulligan, Adam Brody, Bo Burnham, Christopher Mintz-Plasse, Connie Britton
Gênero: Crime, Drama, Thriller
Duração: 113 min
https://www.youtube.com/watch?v=3BhrTHTDtT8&ab_channel=UniversalPicturesBrasil
